O diretor Nill Amaral, coordenador da Companhia Teatral Ofit e responsável por encenações como “No Gosto Doce e Amargo das Coisas de que Somos Feitos” (2007), “A Serpente” (2010) e “Gota d’Água” (2012), é enfático quanto ao retorno de um dos seus espetáculos aos palcos.
“Costumo dizer que a reestreia é mais complicada do que a estreia, já que quando uma montagem chega à estreia a gente acha que ela já está ok, com tudo resolvido, mas é depois da estreia que percebemos muitos detalhes; quando reavaliamos e ensaiamos novamente, chegamos a novas possibilidades”, explica o diretor, que traz novamente ao circuito cultural da cidade a peça “Três Virgula Quatro Graus na Escala Richter” – hoje, amanhã e sexta-feira, às 20h, no Teatro Prosa (Sesc Horto – Rua Anhanduí, 200) –, com entrada franca. Inicialmente, a peça foi apresentada em fevereiro, em quatro sessões, também no Teatro Prosa.
O retorno faz parte da programação prevista como contrapartida do grupo ao recebimento do Prêmio Myriam Muniz (Funarte) para montagem e apresentações do espetáculo. A contrapartida ainda conta com a promoção de uma oficina para integrantes do programa Avanço do Jovem na Aprendizagem (AJA), que acontecerá na próxima semana.
Segundo Nill, o ponto inicial da proposta do espetáculo não foi alterado, mesmo com as mudanças feitas ao longo de sua concepção, como o de ter como base elementos retirados da convivência com internas do sistema prisional.
“Mesmo com as mudanças que tivemos de fazer, o eixo central foi sempre a família e as possíveis mudanças que podem ocorrer com o ser humano e os problemas que essa ação podem atrair”, explica.
ILUSÃO
O processo de construção do espetáculo sustentou-se por meio dos ensaios com atores e seus achados e as percepções do dramaturgo mineiro Éder Rodrigues, que criou o texto.
O resultado aproxima-se do público defendendo a linha do teatro pós-dramático, aquele que, antes de mais nada, evita o contato direto com realismo – ou pelo menos tenta isso.
O público é colocado diante de uma performance que não tem intenção de criar a ilusão de proximidade com uma possível realidade.
“Nessa proposta, a iluminação, a música e outros elementos cênicos ganham novas possibilidades”, aponta o diretor. Em cena, uma mãe, insatisfeita com seu cotidiano, contrata uma empresa especializada em despedidas.
O ato desencadeia transformações no relacionamento com seus três filhos. Como acontece, geralmente, no teatro pós-dramático, a bandeira do “começo, meio e fim” não é desfraldada. A fragmentação ganha espaço, e com isso a narrativa tem seu próprio código, longe do convencional. “A montagem trabalha em uma zona de fronteira, entre a representação e a apresentação, no limiar entre ator e personagem, explorando simultaneidades de ações, fragmentações e a não linearidade dramatúrgica”, aponta o diretor, no material de divulgação da peça.
O elenco conta com Nadja Mitidieiro, Luciana Kreutzer, Leandro Faria, Geraldo Saldanha, Camila Schneider e Aline Calixto.
B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação
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