Recomeçar depois de uma grande perda é sempre difícil. O “Vai Que Cola” estreou sua nona temporada no começo de novembro, a primeira inteiramente produzida depois da morte de Paulo Gustavo.
O ator, que perdeu a batalha contra a covid-19 aos 42 anos, em 4 de maio deste ano, até ficou de fora nos sexto e sétimo anos e, antes, no quinto, fez apenas uma participação no seriado.
No entanto, enquanto estava vivo, sabia-se que Valdomiro, seu icônico personagem na produção, poderia ir e vir como seu intérprete bem entendesse.
Agora, a situação é outra. Para não esquecer o legado deixado pelo niteroiense e com a trama ambientada novamente no Méier, na Zona Norte carioca, o estabelecimento em que os personagens circulam passa a se chamar Pensão do Valdo. Uma bela homenagem, mas que não se resumiu a isso.
O primeiro episódio desta nona temporada foi marcante. Em flashbacks, os moradores da pensão relembraram momentos especiais da passagem de Paulo Gustavo pelo “Vai que Cola”.
As cenas foram escolhidas a dedo, garantindo um misto de emoção e muitas gargalhadas a quem assistiu.
E valorizaram a versatilidade do humorista na hora de interpretar diversos papéis no mesmo programa, como a Bicha Bichérrima e a Angel.
Um prato cheio para deixar Marcus Majella, Cacau Protásio, Catarina Abdalla, Samantha Schmütz, Marcelo Médici e Luís Lobianco mexidos, visivelmente emocionados.
A perda de Paulo Gustavo certamente fragilizou a equipe, que tratou de buscar participações interessantes para o formato.
O ex-“Big Brother Brasil” Gil do Vigor, por exemplo, se entrosou com uma facilidade impressionante com Majella, que surgiu bem mais magro na pele do hilário Ferdinando.
Nany People, Jeniffer Nascimento e Nando Rodrigues são outros nomes que se juntam ao elenco, porém de forma recorrente.
Apesar do relaxamento com medidas de isolamento social, em função da vacinação e, consequentemente, da diminuição de casos e de mortes por covid-19 no país, a plateia ainda está representada em telões. Mesmo porque o programa já foi gravado antecipadamente, ou seja, quando os números ainda não eram tão baixos.
O texto, como de costume, aposta em alguns clichês que, graças ao elenco afinado, acabam prendendo a atenção.
A essência, na verdade, é a mesma: fazer rir sem a pretensão de provocar grandes reflexões ou crítica social. Nem mesmo a pandemia do novo coronavírus e a morte de Paulo Gustavo mudaram isso.
Na história, aliás, Valdomiro está fugido, depois de dar um golpe que livrou o grupo da prisão, após uma temporada no Leblon.
Ou seja, pelo menos no “Vai Que Cola”, Paulo Gustavo se manterá vivo e, provavelmente, volta e meia sendo citado pelos colegas.



