Por Ana Claudia Paixão
As muitas mudanças na minha vida pessoal em 2021 me colocaram em uma semana nostálgica. Para piorar, setembro me remete sempre à 2001, quando ainda estava em Nova York. Então me lembrei da noite que fui ver o lançamento do filme Moulin Rouge, no Cinema Paris, dias depois de sua pré-estreia.
Para quem não acompanhava o trabalho do diretor Baz Luhrman, que explodiu com o divertido Vem Dançar Comigo e tinha inovado ao modernizar Romeu+Julieta, um musical com canções pops, estrelado por Nicole Kidman e Ewan McGregor era, no mínimo, uma incógnita.
Afinal, os dois principais não eram conhecidos por seus dotes vocais e havia uma grande expectativa de que fossem um fracasso cantando.
Do momento que o filme começou, com suas cores exuberantes, figurinos dignos de museu e um ritmo acelerado de edição, a plateia saiu das gargalhadas, passou para os aplausos e chegou ao fim às lágrimas.
Todas as emoções em uma noite, com a certeza que estávamos testemunhando o nascer de um clássico.
Ninguém sentou para ver Moulin Rouge sabendo o que ia aparecer na tela, mas o musical – hoje em cartaz na Broadway - foi responsável pelo revival do gênero no cinema, abrindo as portas não apenas para clássicos como Chicago e Mamma Mia, para citar apenas dois, mas também para O Rei do Show e La la Land.
E mal acredito que foi há 20 anos!
Hoje sabemos que Nicole Kidman é uma atriz com potencial vasto, mas na época, ela ainda não estava nesse patamar.
Em 2001 ela ainda era vista como “a ex-mulher de Tom Cruise”, mas, depois da cortesã Satine, duvido que alguém ainda a associe ao ex, como faziam antes.
Este é o filme onde ela está mais bonita, mais entregue, destemida, trágica e divertida. Com Moulin Rouge, Nicole Kidman virou uma estrela.
Baz Lurhman considerou originalmente a trabalhar com Catherine Zeta-Jones e Heath Ledger, mas fechou com Nicole e Ewan McGregor.
Se em Vem Dançar Comigo, tinha abordado as competições de dança de salão, com Romeu+Julieta atualizou o clássico de Shakespeare, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes no papel dos jovens amantes infelizes, e, com Moulin Rouge, transportou o universo operístico (onde começou), unindo La Bohème e La Traviatta nas telas, com mashups de músicas modernas e arranjos de Craig Armstrong.
Com figurinos vencedores do Oscar, o filme foi um sucesso absoluto, desde que abriu o Festival de Cannes, em 2001.
A única canção original do filme, Come What May, não pôde ser indicada ao Oscar porque foi originalmente escrita para Romeu+Julieta, mas, desde então, Nicole passou a ser respeitada também como cantora.
Poucos anos depois, veio a conhecer o atual marido, o cantor country Keith Urban e recentemente, ela voltou a cantar nos créditos de abertura da série The Undoing, da HBO Max.
Atualmente, Nicole Kidman lidera o elenco da bizarra Nine Perfect Strangers, da Amazon Prime Video.
Moulin Rouge, no entanto, continua como uma das melhores atuações de sua carreira. No vigésimo ano de aniversário do musical, em plena pandemia, não houve comemoração. Para reassistir, tem que assinar o Starplus.
Eu não resisti e vi tudo de novo. Recomendo!




