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Primeira dupla sertaneja feminina do Estado busca volta às glórias do passado

Primeira dupla sertaneja feminina do Estado busca volta às glórias do passado

EDUARDO FREGATTO

15/03/2016 - 15h30
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A dupla sertaneja Beth e Betinha está perto de completar 60 anos de história. O primeiro disco foi lançado há 57 anos. Era apenas o início de uma trajetória de sucesso e grande contribuição para a cultura sul-mato-grossense.

Atualmente, Josabeth (a Beth) tem 80 anos e Leonor Aparecida (a Betinha), 74. De Rio Brilhante, filhas de Manoel Brandão, uruguaio de Rivera, maestro e professor de música, as irmãs iniciaram a carreira artística cedo, aos 8 e 14 anos, por influência do pai e dos irmãos instrumentistas. 

Mesmo com pouca idade, Beth no violão e Betinha no acordeão já cantavam em rádios no Paraguai. A partir de 1955, elas se apresentavam em cinemas, praças e salões paroquiais em várias cidades do Estado e, em 1959, veio a gravação do primeiro compacto.

Entre composições e versões, acumulam mais de 200 músicas, oriundas de sete discos solo, além de participações em várias coletâneas com outros artistas e canções apresentadas apenas em shows ao vivo.

“Nós fazemos o sertanejo de fronteira, o chamamé”, descreve, orgulhosa, Betinha. “Dupla feminina cantando esse tipo de música, somos só nós”, defende.

No auge do sucesso, dividiram palco com Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico, Sérgio Reis e outros.

Um dos períodos mais marcantes da carreira foi quando excursionavam no circo do Nhô Pai (autor do clássico “Beijinho Doce”) e Nhô Filho. Percorreram diversos estados brasileiros e eram fenômeno por onde passavam.

Os tempos de glória ainda estão frescos na memória das irmãs, que hoje precisam lutar por oportunidades de subir ao palco, mesmo com todo o legado e história que carregam.

AFASTAMENTO

Após quase 60 anos de contribuição para a música sul-mato-grossense, Beth e Betinha hoje levam uma vida mais tranquila, sem grandes shows, gravações ou repercussão na mídia.

O afastamento do cenário cultural não foi uma escolha da dupla. “Não temos muitos shows para fazer”, lamentam.

A partir dos anos 2000, as propostas de trabalho foram se tornando cada vez mais raras e, segundo relatam, pagamentos de cachê passaram a atrasar.

“Hoje, cantamos vez ou outra em algum evento de órgão público, aniversários, e é só isso”, diz Betinha. “O poder público esqueceu da gente. Ficamos no barco do esquecimento. Não temos aposentadoria, vivemos de benefício do governo (o Loas, um salário mínimo concedido a pessoas idosas). Depois de tanto trabalho para a Fundação de Cultura, esperávamos pelo menos alguma recompensa”.

Morando de aluguel, elas admitem que ganharam muito dinheiro na época de maior sucesso, mas gastavam com a mesma velocidade. “Éramos jovens, não é?”.

A sinceridade de Betinha talvez seja uma de suas características mais marcantes. Com humor afiado e sem censura, ela revela inúmeras histórias polêmicas de sua trajetória – como quando brigou com um servidor público que se recusava a atendê-la na Fundação de Cultura do Estado.

Os contos são sempre interrompidos pela ponderada Beth, que constantemente pede cautela para a irmã. “Betinha, você não pode falar isso, não vai dar para publicar no jornal”, repetiu, por diversas vezes.

Este equilíbrio entre as irmãs – uma impulsiva de temperamento agitado e outra que parece pensar três vezes antes de falar – talvez seja um dos segredos do sucesso da dupla, que mesmo em um período de preconceito conseguiu se estabelecer como um dupla sertaneja tão ou mais relevante que seus companheiros homens. Além disso, permaneceram em evidência por mais de 50 anos e, apesar da atual escassez de trabalho, são ícones da música sertaneja.

“QUE GRACINHA”

Para Beth e Betinha, o envelhecimento parece ter sido um processo natural. Elas continuam cientes de que são artistas competentes, ainda que o público tenha outra perspectiva em relação à passagem do tempo.

“Quando a gente tinha 20 anos, a plateia nem prestava atenção na música, só olhava para nós. Com 30 anos, começaram a reparar que nós cantávamos bem. Agora, ‘que gracinha’ é o que nos dizem”, brinca Betinha.

Apesar do bom humor, ela sabe que o elogio denota uma falta de seriedade na percepção das pessoas que as assistem.

“Mas a gente vai ser levada a sério por quem?”, responde a irmã mais nova, demonstrando decepção com a falta de um grande público.

Gravar novas canções também não é opção viável. “Precisamos de padrinho ou muito dinheiro para alugar um estúdio. Gravar por gravar não adianta. Não temos mais idade de colocar um disco debaixo do braço e sair de porta em porta divulgando”, resume Betinha.

ESPERANÇA

Mesmo diante das dificuldades, as irmãs relembram com afeto o período de auge. “A polícia tinha que tirar a gente do palco escoltadas, por causa do assédio”, recorda Betinha. “Nós nunca levamos vaia. No final das contas, a gente guarda o que foi bom”, complementa Beth.

E ainda há espaço para esperança em relação ao futuro da dupla. Afinal, como elas mesmas definem, “artista é igual esperança de pobre”.

Elas também apostam suas fichas nos filhos e netos que escolheram seguir o mesmo caminho. O filho de Beth, Marcio, segue carreira na dupla Marcio Santos e Claudiney. Uma de suas músicas é uma composição cedida pela mãe, “O Brilho do Teu Olhar”. Já o neto de Betinha, Davyd, canta na dupla Davyd e Weverton.

“Eles têm muito orgulho da gente”, contam as mães e avós, satisfeitas. Betinha tem quatro filhos e Beth três, além de netos e bisnetos.

Os filhos são fruto do casamento que tiveram com Rodrigo e Rodriguinho, uma dupla sertaneja que conheceram quando excursionavam no circo. Após 12 anos de convivência, os dois maridos foram embora, juntos. Eles nunca mais fizeram contato e Betinha é taxativa quando diz que nunca quis saber do ex-marido. “Se eles abandonaram filhos, por que vou querer saber deles?”, indaga.

NO PALCO

Ontem, Beth e Betinha estavam se preparando para cantar em uma homenagem à cantora Delinha.

Para elas, o palco ainda é o lugar mais feliz do mundo. “O que nos interessa é o público. O palco é a nossa casa, nossa vida”, conclui Beth, demonstrando que falta de trabalho jamais diminuirá o amor da dupla pela música.

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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