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Próxima novela da Globo,'Bom Sucesso' fala sobre a morte para falar sobre a vida

Próxima novela da Globo,'Bom Sucesso' fala sobre a morte para falar sobre a vida

ESTADÃO CONTEÚDO

30/06/2019 - 09h46
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O que você faria se soubesse que está com os dias contados?

Uma costureira faz um exame qualquer, por uma questão trabalhista, e ao receber o resultado descobre que tem apenas seis meses de vida. Mãe de três filhos, ela surta: joga uma pedra na vidraça da loja em que trabalha, rasga o vestido de uma cliente, canta sofrência no trem, liga para seu primeiro amor e diz que sempre o amou, desabafa no botequim e vai para a cama com um desconhecido. E poucos dias depois, claro, descobre que seu exame havia sido trocado com o de outra pessoa. Assim começa Bom Sucesso, a próxima novela das 19h, da Globo, com estreia prevista para 29 de julho.

Aliviada e com a vida destruída, ela tem a exata noção de que viveu mais nesse breve período do que antes; sabe também que nunca se sentiu tão livre. Ela então decide procurar a pessoa que vai morrer em seu lugar, achando que ele poderá entender o que ela sentiu, e está sentindo, e o encontro entre Paloma (Grazi Massafera) e o carrancudo Alberto (Antônio Fagundes) é a trama principal da novela. Quem conta isso tudo é Rosane Svartman, autora de Bom Sucesso ao lado de Paulo Halm.

E aqui entra a literatura. Vivendo em realidades muito diferentes - ela é pobre e ele, rico -, os dois são apaixonados por livros. Os filhos dela têm nome de personagens importantes da literatura: Alice (do País das Maravilhas), Gabriela (Cravo e Canela) e Peter (Pan). Ele foi um vendedor de enciclopédias porta a porta que virou um editor de sucesso publicando as mesmas enciclopédias, livros acadêmicos e também clássicos literários em edição de luxo. A morte os aproximou e, cercados por livros, eles vão nutrir uma amizade improvável.

"Ela vai ensiná-lo a viver o resto do tempo que ele tem de uma forma não sofredora e sem desespero e vai mostrar a beleza das coisas simples, da vida simples. E ele vai instrumentalizá-la para que ela possa conhecer um mundo muito maior do que aquele que ela tinha", explica Paulo Halm. 

Antônio Fagundes comenta que antes de seu personagem Alberto conhecer Paloma, ele está amargo - e não só pela sentença de morte. Era mal-humorado, irascível - e só amolecia um pouco com a netinha. "O encontro desses dois acaba sendo um hino à vida. Ele vai perdendo a amargura e descobrindo uma nova forma de se encaminhar para a morte, que é certa", diz o ator ao jornal O Estado de S. Paulo - e estende um livro à reportagem. 

Trata-se de A Morte É Um Dia Que Vale a Pena Viver (Sextante), de Ana Claudia Quintana Arantes, que Fagundes e os autores conheceram quando já tinham o argumento da novela, mas que, contam, tem sido de grande ajuda para pensar questões que rodeiam a morte, como os cuidados paliativos. "Alberto está vivendo até o último segundo dele, e o livro fala disso muito bem", diz Fagundes que, de tão encantado, comprou 20 exemplares e os tem distribuído por aí. 

"O que é bonito, e que a novela traz para cima, é realmente esse hino à vida. Vai morrer? Sim, todos nós vamos morrer. A diferença é que talvez o Alberto saiba um pouquinho mais do que os outros - e mesmo assim pode ser que qualquer um morra antes dele", diz Fagundes. 

Para o ator, o que Bom Sucesso traz de novo é justamente esse modo diferente de encarar a morte. "Ela vai tirar o mal-estar que a morte pode provocar. Nós nos recusamos a falar dela, e quanto mais cedo começarmos é melhor."

Eles passeiam, desfilam na Sapucaí, trocam experiência, conversam. Ele dá livros para ela ler que vão dialogando com o momento que ela está vivendo. E ao ler, ela é transportada para os cenários da história. Enquanto isso, o mundo vai se complicando ao redor da dupla. 

O primeiro amor de Paloma volta dos Estados Unidos, onde joga basquete, quando sabe que ela vai morrer. O cara com quem ela passa a noite é ninguém menos do que o filho do Alberto. E há os problemas cotidianos: ela está desempregada; uma das filhas quer jogar basquete profissionalmente, mas os times femininos são escassos; a outra quer estudar Letras e namora um menino que já se formou e não trabalha (mas gosta de slam) e o caçula quer ser youtuber. Eles vivem em Bom Sucesso, e a escola pública local será outro núcleo da novela - com uma atriz transgênero, Gabrielle Joie, escalada para viver uma das estudantes.

Do lado de Alberto, como se já não bastasse todo o problema de saúde, a família tenta reerguer a tradicional editora Prado Monteiro. Depois de se consolidar no mercado e viver seu auge, a empresa vive uma grave crise - fruto, principalmente da postura radical de seu fundador. No mundo inteiro, os grupos editoriais foram criando selos para comportar um catálogo heterogêneo que incluísse, por exemplo, um clássico em edição de luxo, a biografia de uma celebridade e um livro derivado de algum canal de sucesso no YouTube. Alberto nunca aceitou isso e sua filha, Nana (Fabiula Nascimento), vem tentando administrar a casa, apesar de seu marido, interpretado por Armando Babaioff, torcer contra. Com a doença, ele recorre também a Marcos (Romulo Estrela), seu filho que rompeu com tudo porque o pai nunca considerou suas ideias, foi morar em Búzios e volta agora - com a mesma paixão de Alberto pelos livros, mas com ideias mais arejadas.

Foi na Bienal do Livro do Rio, em 2017, que esse personagem editor começou a surgir na cabeça de Rosane Svartman. Naquela edição, ela foi curadora da Arena Jovem (e será de novo agora) e se encantou com este universo. "Eu nunca tinha visto 700 mil pessoas procurando livros - e também selfies e celebridades." Conheceu editores, acompanhou conversas sobre a crise do mercado editorial, sobre o baixo índice de leitura no Brasil. Viu gente querendo contar histórias e editar livros. E colocou isso tudo em sua novela.

"É um momento importante para que isso aconteça", diz Fagundes. "Estamos vendo quase um desmanche da cultura - tudo fechando ou pegando fogo, as verbas cada vez mais reduzidas - e a gente tendo cada vez menos essa postura de cidadão que a cultura proporciona. Colocar isso numa novela, para uma faixa etária mais baixa, é reafirmar a força da literatura, da cultura, para a formação do País", completa o ator.

Doença, vida, morte, como sobreviver a tempos difíceis. Esse é o tema da novela, que serve, também, para discutir outras coisas. "Este é um momento muito delicado, de transições tecnológicas, políticas e sociais. Temos de entender que ele pode ir para qualquer lado, para onde a gente quiser. Como a morte. Se você quiser, a morte pode ser extremamente dolorosa. Mas, se fizer um pequeno esforço, ela pode ser digna, uma coisa boa de ser vivida Estamos nessa encruzilhada. Estamos vivendo um momento em que as coisas podem mudar para melhor ou para pior. Vai depender da nossa vontade. E a nossa vontade passa por isso que a novela propõe que é um diálogo. Um diálogo entre diversas forças sociais, tipos de pensamentos e de esperanças", diz Fagundes. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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