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BIENAL DE ARTES

Após adiamento por causa da pandemia, Bienal de SP é aberta ao público

Verso do poeta Thiago de Mello dá título à 34ª edição da mostra

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Inicialmente prevista para o ano passado e adiada por causa da pandemia de covid-19, a 34º Bienal de Artes de São Paulo começa neste sábado (4) no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. 

A entrada é gratuita, mas o visitante precisa apresentar comprovante, impresso ou online, de que tomou pelo menos uma dose da vacina contra a doença.

A Bienal fica aberta até 5 de dezembro. Aos domingos, terças, quartas e sextas-feiras, a visitação é das 10h às 19h; aos sábados e às quintas-feiras, das 10h às 21h. 

É necessário chegar ao menos meia hora antes do fechamento.

Para esta edição, a curadoria da mostra escolheu o título Faz escuro mas eu canto, um verso do poema Madrugada Camponesa, publicado em 1965 pelo poeta amazonense Thiago de Mello. 

Últimas notícias

Segundo os curadores, o tema apresenta o campo da arte como resistência, transformação e ruptura frente a urgência dos problemas do mundo atual.

“O breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia aos lutos e reclusões gerados pela pandemia, além das crises políticas, sociais, ambientais e econômicas que estavam em curso e ora se aprofundam”, diz o texto assinado pelos cinco curadores: Jacopo Crivelli Visconti, Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi, Ruth Estévez.

Mais de mil trabalhos de 91 artistas integram a mostra. Além dos trabalhos expostos no prédio da Bienal, outros serão apresentados em instituições parceiras, havendo também intervenções temporárias fora do pavilhão, no Parque Ibirapuera. 

"Assim como o que se vê dentro do Pavilhão reverbera exposições que se relacionam com diferentes contextos urbanos, diversas obras da mostra convivem com o cotidiano do parque, ora integrando-se à sua paisagem, ora refletindo o seu papel como espaço icônico e simbólico", diz o curador adjunto Paulo Miyada.

Uma das obras externas no parque é uma instalação de grandes dimensões em formato de serpente, colocada perto da fonte do lago, feita pelo artista, escritor e produtor cultural indígena da etnia Makuxi, Jaider Esbell (1979, Normandia, Roraima). 

No xamanismo indígena, a cobra é considerada um “animal de poder” e está presente como força de cura, regeneração e transformação.

Figuram entre as instituições parceiras desta bienal a Casa do Povo, no Bom Retiro, o Centro Cultural Banco do Brasil, no centro, e o Centro Cultural São Paulo, na região da Liberdade.

Os curadores destacam também a seleção equilibrada dos participantes entre artistas homens e mulheres, além dos 4% que se identificam como não binários, ou seja, não se enquadram em nenhum dos dois gêneros. 

Dentre os participantes, nove são indígenas de povos originários de diversas partes do mundo. Há ainda uma programação pública com apresentações musicais, performances e encontros com artistas.

Aniversário

A Bienal deste ano é também uma celebração dos 70 anos da mostra, cuja primeira edição foi em 1951.

"Ao longo dos últimos 70 anos, as bienais de São Paulo adaptaram-se aos tempos, e foram justamente a capacidade de mudança e a abertura ao novo que asseguraram que a mostra mantivesse a relevância artística e cultural. A 34ª Bienal de São Paulo, de alguma forma, simboliza isso: em tempos desafiadores, encontramos maneiras de nos mantermos fiéis à proposta desta edição sem, no entanto, ficarmos presos em ideias e projetos que haviam perdido sua pertinência no novo contexto global”, disse José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

Enunciados

A leitura das obras é guiada por 14 enunciados, objetos que apresentam pontos de vista e reflexões. Fazem parte desse conjunto três objetos do acervo do Museu Nacional, atingido por um incêndio no Rio de Janeiro em setembro de 2018.

Um dos objetos é uma rocha, que, devido à alta temperatura do fogo na ocasião, superando os 450 graus Celsius, foi transformada em ametista e citrino – tipo de quartzo. 

“Ao absorver indelevelmente o calor, a rocha tornou-se um indício, e sua cor, uma testemunha do que aconteceu. Transformou-se, mas é a mesma rocha. Continua sendo a mesma rocha porque soube transformar-se”, explica o texto da curadoria.

Também está presente o meteorito Santa Luzia, descoberto em 1921, que saiu completamente ileso do incêndio e uma boneca doada por um indígena da aldeia Karajá de Hawaló, na Ilha do Bananal, Tocantins. 

O item foi enviado ao museu para ajudar na recomposição do acervo da instituição. 

“Começar de novo pode ser também uma oportunidade de reiterar as parcelas dos pactos que fortalecem as partes envolvidas, criticando o que subjuga o saber de um povo à violência exploratória de outro”, acrescenta o material curatorial.

Mais informações sobre a mostra podem ser encontradas no site da 34ª Bienal.

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LITERATURA

Brilhando no improviso

Poeta, declamador, ator, mestre de cerimônias e palestrante, Ruberval Cunha completa 35 anos de carreira e anuncia livro para 2025; criador do improviso guaicuru, o artista campo-grandense impressiona pela capacidade de fazer rimas com profundidade

31/12/2024 10h30

"É um comunicador incrível, um mago das palavras" é assim que a escritora Raquel Naveira define o artista Ruberval Cunha Arquivo pessoal

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Ariano Suassuna (1927-2014), Adélia Prado, Affonso Romano de Sant’Anna, Thiago de Mello (1926-2022) e Manoel de Barros (1916-2014) estão entre os grandes nomes da literatura brasileira que já se impressionaram com a verve lírica de Ruberval Cunha. A lista é longa e pra lá de célebre, incluindo Arnaldo Antunes, Fabrício Carpinejar, Gabriel O Pensador, Waly Salomão (1943-2003) e diversos outros. Mas o público que se encanta com a arte desse campo-grandense que completou 35 anos de carreira em 2024 é bem mais vasto e vai além da fronteira de Mato Grosso do Sul.

Sem exagero, todos parecem se encantar com o seu talento para dizer versos criados sempre de improviso, no calor do momento, sobre qualquer tema, muitas vezes a partir de palavras escolhidas pela própria plateia. Poeta, declamador, ator, mestre de cerimônias e palestrante, Ruberval é o criador do chamado improviso guaicuru. Com sua vestimenta de pantaneiro, chapéu na cabeça, berrante em punho e maquiagem no rosto, é o próprio poeta quem mais parece se emocionar com aquilo que diz.

Seu carisma e talento são penetrantes. Bonito de se ver seus olhos de criança quase sempre marejando aos fazer rimas imediatas sobre qualquer tema com profundidade e lirismo. Foi assim, por exemplo, no Festival da Juventude, realizado em abril de 2024, na Capital, e na Feira Literária de Bonito, em julho daquele mesmo ano, onde a presença febril e cativante do artista, circulando pela Praça da Liberdade, fazia cada encontro soar como um momento mágico.

Ruberval se aproximava de pequenos grupos, de duas ou três pessoas, ou até mesmo de alguém sozinho e entabulava um papo. Nem sempre começava já declamando – perguntava algo, queria saber da vida de seu interlocutor. Casais, crianças, idosos. Mirando no semblante de todos, um a um, ele seguia fazendo o que mais sabe na vida: entreter com poesia.

É um menestrel que agrada e arrebata sem demora, do riso à lágrima com igual intensidade, de modo que vê-lo de longe brilhando com o seu improviso é também um espetáculo à parte.

GRILOS E VIOLINOS

A história desse artista único tem mais graça na sua própria prosa, forjada desde menino, com vulto especial nas muitas férias que passou no Pantanal.

Na época a luz de lamparina era comum, pois fazendas não tinham energia elétrica. “Nessa época, o Pantanal tinha fases bem definidas, e na fase da cheia a água chegava bem perto da sede, permitindo vislumbrar da janela da sala centenas de aves e um pôr do sol deslumbrante”, recorda-se.

“Minha tia era multi-instrumentista e tinha um baú de instrumentos na sede, embora o seu favorito fosse o violino. Não raro, quando criança, dormi ao som de grilos e violinos. A vivência rural inspirou muitos poemas com temática de natureza e do Pantanal”, conta o artista, o qual, em paralelo à carreira com os versos, acumula 26 anos de trabalho como servidor público. Quando atuou na Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim, esteve à frente de projetos como Todas as Letras, Vem Ler o Mundo e Vestibuler.

Também atuou no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) – onde foi um dos criadores do grupo Teatran –, ministrou oficinas literárias pela Prefeitura de Campo Grande e presidiu a União Brasileira de Escritores de Mato Grosso do Sul (UBE-MS).

“Meu primeiro concurso ganhei na Escola [Estadual] Maria Constança [Barros Machado], e considero esse o meu início de carreira, embora eu rabisque meus versos desde criança. Esse período [1989] coincide com o nascimento da extinta Associação de Novos Escritores, então presidida pelo professor Reginaldo Araújo, onde iniciei a minha trajetória cultural como poeta e declamador”, diz Ruberval.

“PALAVRAS ME REINVENTAM”

Formado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o artista se descobriu improvisador a partir de um desafio.

“Quando Rachid Salomão lançou o opúsculo [livreto] ‘Da Lama para a Glória’, alguém me confundiu e afirmou para ele que eu era repentista. Rachid me convidou para um evento escolar, e eu insistia que não era repentista, porém, aceitei o convite para um desafio com 30 alunos. Cheguei na escola e a coordenadora perguntou se era eu o desafiante do Repentista do Oeste”, narra o poeta.

“Afirmei que sim duas vezes já perguntando pela sala de aula. Rachid chegou, e ela [coordenadora] nos levou ao fundo da escola, onde tinha entre 600 e 800 pessoas. Sem nunca ter feito isso, fiquei me desafiando com ele por cerca de 45 minutos. Posso dizer que o improviso me descobriu e que a incompetência 
de não saber tocar e cantar me levou a criar um tipo diferente de repente: o improviso guaicuru, nome dado posteriormente pelo amigo e acadêmico Rubenio Marcelo”, conta.

“As palavras do público e o tema do evento costumam ser o norte para o improviso. As palavras me reinventam sendo costuradas sem normalmente possuírem um fecho prévio. Tudo ao redor, incluindo as emoções, as pessoas, as palavras ou os acontecimentos, é motivo de inspiração e poesia”, frisa ele, que ainda cita Manoel de Barros, Castro Alves (1847-1871) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) como suas principais referências na escrita poética.

“Em termos de improviso, criei uma modalidade nova, mas que não existiria sem o Rachid Salomão. Como contador de histórias, as referências principais são Francisco Gregório e o Grupo Gwaya”, enumera.

“O figurino, a maquiagem, o berrante e os acessórios surgiram em virtude da minha incompetência em tocar instrumentos e cantar seguindo o estilo gauchesco ou nordestino. Assim, usei elementos teatrais e da tradição local com os quais eu tinha contato e com condições de fazer uso. O discurso poético, o figurino e os demais elementos fundidos acabaram se tornando a identidade do trabalho”, diz Ruberval.

CULTURA PANTANEIRA

“Acredito que o mais difícil não seja improvisar sobre um tema, e sim manter um grau de qualidade no trabalho de maneira a alcançar um equilíbrio entre a técnica e o encantamento. Acredito que a junção de temas muitos técnicos com públicos de faixa etária muito variada é o que impõe maior dificuldade”, avalia o poeta, antes de passar em revista a cultura pantaneira que lhe deu régua e compasso.

“A cultura pantaneira, assim nominada, ganhou novas facetas e tem ampliado seus horizontes. A cultura pantaneira raiz, do meu ponto de vista e fazendo um recorte do tempo presente, tem um espaço menor na música, com representantes já consolidados. Todavia, tem ampliado espaço na culinária e na escrita tradicional, especialmente por meio de livros históricos. Acredito que filmes e romances de maior fôlego ainda devam surgir no cenário. A reedição da novela ‘Pantanal’ em um passado recente impulsionou a venda de berrantes e obras de autores regionais, em especial a de Manoel de Barros”, afirma.

LIVRO

Ruberval encerra a conversa fazendo uma retrospectiva pessoal de 2024 e projetando a publicação de um livro para 2025. “[O ano de] 2024 foi marcante para mim, em especial pelos 35 anos de carreira. Foram apresentações na UFMS, na UEMS [Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul] , eventos dentro e fora do Estado e reconhecimento da Assembleia Legislativa com a Comenda de Mérito Legislativo, [além do] título de cidadão [honorário] em Corguinho”, conta.

“Porém, faltou o lançamento do livro em que as pessoas que me auxiliaram durante a jornada receberiam uma homenagem. Ele vem no ano que vem [2025] se Deus assim permitir, [com o título de] ‘Poemas (A)Guardados e Outros Nascimentos’. Tenho outros projetos além dessa publicação”, promete o craque da oratória. Aguardemos.

Revelações Autorais

(...)
Acordei outros pertencimentos.
Infinito é estrada no horizonte.
O tempo deu corda nos olhos.
Pedaços de um título
experimentam esquecimentos.
Nobreza maior
é quando o escritor
tem moradia nas palavras.

Ruberval Cunha
(Trecho de poema inédito)

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Numerologia

Portal energético 1/1: O que esperar?

Veja como aproveitar a oportunidade para manifestar suas intenções

31/12/2024 09h45

Reprodução / IA

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O primeiro dia do ano não é apenas uma data comemorativa, mas também um portal energético poderoso conhecido como 1/1. O momento especial marca o início de um novo ciclo e traz consigo vibrações únicas que podem impulsionar mudanças significativas em nossas vidas.

O portal energético 1/1 oferece uma oportunidade única de começar o ano com o pé direito, alinhado com energias poderosas de renovação e iniciativa. Ao aproveitar conscientemente este momento, você pode estabelecer uma base sólida para conquistas e crescimento pessoal ao longo do ano.

Número 1

Na numerologia, o número 1 representa novos começos, iniciativa e liderança. É um símbolo de coragem, ambição e assertividade. O portal 1/1 amplifica essas energias, criando um ambiente propício para iniciar novos projetos, estabelecer metas ousadas, desenvolver autoconfiança e exercitar a independência.

Para tirar o máximo proveito deste momento energético especial, considere as seguintes práticas:

  1. Defina Intenções Claras: Aproveite o dia para refletir sobre seus objetivos e escrever suas metas para o ano.
  2. Meditação: Conecte-se com sua intuição através da meditação, buscando clareza sobre seus desejos.
  3. Ação Concreta: Dê o primeiro passo em direção a um novo projeto ou mudança desejada.
  4. Renovação Energética: Realize uma limpeza energética em sua casa, como uma defumação com mirra ou acender uma vela violeta.

Manifestação

O portal 1/1 é considerado um momento ideal para manifestar seus desejos e alinhar-se com seu propósito de vida. É uma oportunidade de cocriar sua realidade, aproveitando a energia de iniciativa e determinação que permeia este dia.

Embora o portal 1/1 seja extremamente positivo, é importante estar atento a alguns aspectos:

  • Evite atitudes baseadas em arrogância ou egoísmo
  • Controle impulsos autoritários
  • Mantenha-se aberto à colaboração, mesmo buscando independência

Lembre-se: o poder deste portal não se limita apenas ao dia 1º de janeiro. Você pode canalizar essa energia sempre que o relógio marcar 01:01, criando mini-rituais de manifestação e foco ao longo do ano.

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