Correio B

CULTURA

Saiba como a arte kadiwéu de Mato Grosso do Sul está ganhando o mundo

Mulheres indígenas se unem em associação e mostram o poder da arte que atravessa séculos

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“Eu produzo desde quando me conheci como gente, com a minha mãe”, conta Adriele Vergilio de Almeida, 22 anos. Indígena da etnia kadiwéu, ela aprendeu desde cedo os traços finos e cheios de expressão, capazes de se destacar em qualquer parte do mundo, como bem analisou a pesquisa da antropóloga Viviane Luiza da Silva.  

À frente de uma longa investigação sobre a etnia, Viviane resgata a história da cerâmica – que ela estima ter 1.500 peças espalhadas pelo mundo – e colabora para o desenvolvimento do projeto de pesquisa sobre “Cerâmica e o Fomento da Comunidade e Cultura Kadiwéu no Mato Grosso do Sul”, desenvolvido na aldeia Alves de Barros, em Porto Murtinho. 

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Este último é realizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade de Manitoba, do Canadá.  

O projeto tem o objetivo de estudar, fomentar e divulgar a cerâmica kadiwéu, avaliando seus aspectos artísticos associados aos fatores culturais e socioambientais, bem como as consequências de sua inserção no mercado nacional e internacional, sempre com ênfase no empoderamento das mulheres indígenas.

Para isso foi criada a Associação das Mulheres Artistas Kadiwéu (Amak), que justamente resgata essa história da cerâmica e valoriza a produção local. Com um site prestes a ser lançado, que possibilitará a venda da cerâmica para todo o País, as mulheres finalmente terão controle de todo o processo de produção, do barro à entrega.

“A ideia sempre foi identificar os pontos em que nós podemos atuar com a comunidade, de dentro para fora, não de fora para dentro. É uma demanda que a comunidade já tinha e sinalizava que queria muito trabalhar”, explica Viviane. 

Segundo a pesquisadora, o sonho de fundar a associação vivia no imaginário das mulheres desde 2004. “Mas apenas em 2015 conseguimos colocar em prática”, explica.

É interessante porque essas mulheres sempre me falaram que não eram artesãs, e sim artistas. Elas defendem que a arte Kadiwéu vem de muitos anos, até antes de 1500, quando Cabral chegou em terras brasileiras”, frisa.  

Para Adriele, que é filha de dona Creuza, presidente da Associação, o nascimento da organização e do site é uma vitória para toda a comunidade. 

“Olha, é um projeto que vai nos ajudar muito. Nós aqui da aldeia Alves de Barros digamos que somos meio isolados. É uma oportunidade muito grande da gente poder mostrar nossa arte Brasil afora”, acredita.  

Com uma filhinha de um ano de idade, ela já sonha em mostrar como realizar os desenhos que atravessam séculos. 

“Eu tenho 22 [anos] e pretendo ensinar a nossa arte para minha filha de um aninho, para que ela valorize a nossa cultura, que ela se sinta orgulhosa disso”, pontua.  

Além do site, estão previstos, ainda para 2020, a revitalização do Espaço Cultural da Aldeia Alves de Barros e a construção de um local apropriado para abrigar um museu e uma loja dos produtos das oleiras e outros artesãos, criando um novo complexo no local. 

“Essa iniciativa é muito importante para nosso Estado, pois, além de difundir parte da nossa cultura material e imaterial, também ajuda no sustento da comunidade, ao capacitar essas artistas [sob os aspectos econômico, jurídico e técnico] e oferecer uma estrutura para produção e venda dos seus produtos”, explica o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.  

O próximo passo do projeto prevê a inserção de novas etnias ceramistas, além do fomento ao turismo, conforme explica Viviane, que continua com as pesquisas como pós-doutoranda em Antropologia na Universidade de Manitoba. 

“Pretendemos agregar os kinikinau e os terena no projeto de geração de renda e iniciar um trabalho de etnoturismo na aldeia Alves de Barros, com capacitação para recepção dos turistas, atendendo a uma vontade dos próprios moradores da aldeia”, frisa Viviane.  

Trajetória  

Desde o século 18, quando se tem notícia das primeiras cerâmicas kadiwéu, a técnica artística pouco mudou. Uma argila cinza escura é cavada de um buraco no Pantanal, a uma distância considerável da aldeia, e carregada para casa, onde é misturada com cacos de panela amassados para dar mais rigidez à pasta. 

Dessa mistura, pratos, potes, vasos e outros recipientes são construídos, sem roda de oleiro, acrescentando ao fundo feito de um pedaço de argila uma série de anéis de argila, que são alisados com as mãos e com uma velha colher de metal (anteriormente uma concha). As estatuetas são moldadas a mão. 

A característica mais marcante da cerâmica kadiwéu é a decoração, com linhas gravadas no barro ainda úmido com um cordão de caraguatá, que fornecem os contornos para as pinturas posteriores.

Depois de secar os produtos resultantes à sombra ou, para acelerar o processo, perto do fogo ou ao sol, eles são cozidos em fornalha aberta a temperaturas relativamente baixas. 

Após a queima, quando a louça ainda está quente, esfrega-se na borda e partes da superfície resina de pau-santo, que deve ser obtido com os pigmentos usados para pintura em árduas viagens à Serra de Bodoquena, e mais recentemente também de aroeira-salso. 

Nas peças espalhadas pelo mundo há poucas mudanças. Entre as mais antigas, por exemplo, está uma tigela de 1790, da coleção Alexandre Rodrigues Ferreira, localizada no Museu Mayense da Real Academia das Ciências, em Lisboa. As cores são mais sóbrias do que as que vemos hoje, mas os traços são, com certeza, kadiwéu.  

“Nessa pesquisa identifiquei 900 objetos, que estão em museus na Europa, como Itália, Portugal, Suíça e Alemanha, e nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard. Estimo que sejam, em média, 1.500 objetos. Uma forma que eu encontrei de devolver de certa forma esses objetos para a comunidade foi criando um banco digital dessas obras”, pontua Viviane. 

O banco de imagens, a criação da associação e, posteriormente, a criação de uma rádio na aldeia fazem parte do Acordo de Cooperação Mútua para fomentar o intercâmbio cultural entre a Universidade de Manitoba, a UFMS e a Fundect, assinado em 2015.  

Serviço – As peças da associação podem ser adquiridas na Casa do Artesão, na Avenida Calógeras, nº 2.050.

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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GASTRONOMIA

Confira 10 sugestões, entre pratos principais e sobremesas, para o fim do ano

Apesar da comoção religiosa e da expectativa dos presentes, a ceia permanece como o grande momento do Natal para a maioria das pessoas; confira 10 sugestões, entre pratos principais e sobremesas, que podem abrilhantar o seu banquet

20/12/2025 10h00

A ceia é uma tradição que se fortalece a cada ano, pois combina sabores diferentes do menu usual ao encontro com quem se gosta

A ceia é uma tradição que se fortalece a cada ano, pois combina sabores diferentes do menu usual ao encontro com quem se gosta Divulgação

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Tem as orações, tem as cantatas, tem os presentes, tem os figurinos. Mas, para a maioria das pessoas, o que importa mesmo na celebração do Natal é a comilanç…, quer dizer, a ceia.

O cardápio vem repleto de itens tradicionais, que muitas vezes degustamos somente nesta época, fazendo do encontro à mesa um momento bastante singular, pois, além de saborearmos um monte de delícias, a ideia é que se faça isso ao lado de quem se gosta.

Preparar cada receita para a celebração pode ser mais prático do que parece. O importante é planejar, para evitar o corre-corre de última hora, gastar menos e não ser apanhado por imprevistos, como a falta de gás, alguma especiaria ou mesmo de um item básico como o sal.

Você pode inovar, sim. Mas manter a tradição – peru assado, arroz à grega, salpicão, farofa – não é nenhum pecado. Sobremesa também não pode faltar. Dê uma olhada nas sugestões do Correio B e confira também a receita de um biscoito natalino maravilhoso.

ARROZ

Um dos pratos para ceia de Natal é o arroz, também conhecido como arroz com passas. Nessa receita está liberado adicionar mais ingredientes para deixar o arroz o mais colorido possível.

Dica: Misture ervilhas, cenoura, cheiro-verde e faça a receita completa para sua ceia nota 10.

FAROFA

Sendo essencial para acompanhar o peru, a farofa está sempre presente em meio às comidas de Natal. Algumas pessoas preferem uma farofa mais leve, com amêndoas e frutas secas.

No entanto, muitos cozinheiros também gostam de incorporar pedaços de bacon ou miúdos do próprio peru (ou de frango) nessa mistura. As duas estão valendo. Ambas ficam deliciosas.

CHESTER

O peru é importante, sim, no Natal, mas o chester é concorrente há tempos. Ele é um tipo de frango que tem o peito e as coxas mais carnudas, não é muito gorduroso e perfeito para alimentar toda a família. As chamadas aves natalinas têm o mesmo sabor.

SALPICÃO

A maionese é a base do salpicão, enquanto vários outros alimentos, como milho, frango desfiado e batata palha, são misturados. Além de ser uma receita muito saborosa, ela pode ser servida fria e dar aquele toque leve e refrescante no paladar.

TENDER

O tender é um tipo de presunto geralmente servido espetado por cravos. Trata-se de uma ótima opção para quem quer comidas da Natal mais práticas, já que é simples de assar e fica ótimo quando acompanhado de pratos básicos, como arroz e farofa. 

RABANADA

Também conhecida como fatia dourada, fatia de ovo ou fatia de parida, a rabanada é um doce feito de pão de trigo em robustas fatias molhadas em leite, vinho ou calda de açúcar. Aliás, elas também são passadas nos ovos e podem ser fritas ou assadas e finalizadas com açúcar e canela.

PAVÊ

O pavê de chocolate, além de ser uma opção maravilhosa para adoçar a mesa de Natal, ainda é uma opção de fácil preparo. Alterne as camadas do doce entre o creme de chocolate e biscoitos e cubra com pedaços de chocolate ou morangos.

FRUTAS

Além de servirem de acompanhamento nos pratos principais, as frutas são uma ótima pedida como sobremesa na mesa e ainda funcionam como decoração. Uvas, maçãs, melancia, pêssegos e melão estão entre as mais populares para a ceia.

TRONCO

Tipicamente natalino e pouco conhecido no Brasil, o tronco natalino possui formato parecido com um tronco de árvore. Trata-se de um rocambole recheado com creme de nozes e coberto com ganache.

BISCOITOS

Da tradição alemã para o mundo, os biscoitos de Natal com baunilha e cobertura de limão são mais uma tentação imperdível no cardápio deste período. E muitas famílias servem a iguaria ao longo de todo o mês de dezembro, especialmente, nos domingos de advento (que antecedem a noite da ceia).

RECEITA Biscoito de Natal

A ceia é uma tradição que se fortalece a cada ano, pois combina sabores diferentes do menu usual ao encontro com quem se gosta

Ingredientes

500 g de farinha de trigo;
150 g de manteiga em ponto de pasta;
250 g de açúcar;
3 ovos;
1 colher (chá) de fermento químico em pó;
1/2 colher (chá) de essência de baunilha.

Cobertura

1 unidade de clara de ovo;
1 colher (sopa) de suco de limão;
150 g de açúcar de confeiteiro;
Corantes alimentícios.

Modo de Preparo

Misture a farinha de trigo peneirada e o fermento em um recipiente;
Adicione o açúcar e misture;
Acrescente a manteiga, misturando com as mãos até que se forme uma espécie de farofa;
Adicione os ovos, porém, um de cada vez, amassando a mistura até que a massa vá soltando das suas mãos;
Acrescente mais farinha se notar que é necessário;
Acrescente a essência de baunilha, continuando a misturar;
Depois de finalizar a mistura, enfarinhe uma superfície lisa, abrindo a massa com um rolo;
Na hora de recortar a massa, use o formato desejado e pode aproveitar a criatividade para deixá-los nas formas mais natalinas;
Coloque-os no forno, em temperatura média de 180ºC até dourar.

Cobertura

Bata a clara na batedeira até que ela fique firme;
Em seguida, insira o suco de limão, batendo com as claras para misturar;
Siga adicionando o açúcar de confeiteiro e bata bem. Se achar necessário, pode colocar mais açúcar na receita;
Divida a mistura em alguns potes e adicione gotas de corantes para proporcionar cores diferentes;
Por fim, é só colocar a cobertura em um daqueles saquinhos de confeitar e decorar os biscoitos de forma criativa.

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