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"Tive contato com o cinema e a TV para depois ter contato com o teatro".

A atriz Isabella Santoni, que se consagrou como a Karina de ‘Malhação Sonhos’ novela da TV Globo, assume o desafio de se reinventar aos olhos do público

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Por Denise Neves – Colaboradora B+ - RJ

Edição – Flávia Viana

Isabella é muito mais do que uma mulher lindíssima. A atriz, que vive agora a personagem Viviane na série ‘Dom’, vem provando, que pode interpretar papéis completamente diferentes em sua carreira. 

Fora das câmeras, Santoni também concilia o trabalho na atuação com a sua marca de roupas ‘Nia’. No começo de 2021 descobriu uma endometriose, pois seus cuidados com a saúde são sempre prioridade.

Em ‘Dom’, a atriz interpreta uma patricinha cheia de atitude que se envolve no mundo do crime com o usuário de drogas Pedro Dom, vivido pelo ator Gabriel Leone.

“Com a Viviane eu aprendi a dizer ‘não’. Ela me ensinou a colocar limites na minha vida, que é uma coisa que ela não tem, o que é muito curioso”, diz. 

A trama é baseada em fatos reais e pode ser assistida na plataforma da Amazon Prime Video.

A atriz, que grava agora a 2ª temporada da série, se aventura ao interpretar Viviane, que possui um estereótipo completamente diferente de Karina em ‘Malhação Sonhos’, personagem que foi a virada de chave em sua carreira e que levou Isabella para outro patamar e ela caiu automaticamente nas graças do público. 

“Se a Karina e a Viviane se encontrassem na rua, elas nem se cumprimentariam”, brinca.

Além da atuação, Isa possui uma forte relação com o mundo da moda. Aos 15 anos, a atriz começou a trabalhar como modelo em paralelo aos cursos de teatro que já fazia desde criança. 

E há cerca de um ano, inaugurou a sua primeira marca, a ‘Nia’, especializada em roupas de praia.

Hoje, aos 26, Santoni se divide entre o trabalho, os estudos, os cuidados com a sua saúde, além de seu relacionamento com o surfista Caio Vaz, com quem mora junto na cidade maravilhosa. 

A atriz busca ainda conciliar toda a sua rotina de multitarefas com o tratamento da sua endometriose, descoberta no início do ano.

“Ela se manifesta através das cólicas, e nós mulheres somos acostumadas a achar que é normal, que é só tomar um remédio etc. (...) Por causa do tratamento, eu tomo anticoncepcional direto, sem pausar durante a menstruação." 

"Eu ainda estou me adaptando a isso, mas é a orientação médica que eu preciso seguir atualmente”, explica.

Como uma boa taurina, Isabella se declara uma amante da comida e conta que a reeducação alimentar tem sido uma das partes mais difíceis do seu tratamento: 

“Eu não posso consumir nada muito industrializado, nem leite e queijo, que são alimentos que eu amo. E bebida alcoólica eu tive que diminuir muito também”, explica.

Em entrevista exclusiva ao Correio B+ dessa semana, a última Capa do ano, Isa revelou curiosidades sobre sua rotina e falou sobre a sua carreira que vai desde a atuação ao empreendedorismo, e prova que é uma mulher linda, forte e cheia de talento.

Confira abaixo a entrevista completa:

CE: Como começou a sua história com o teatro?

IS: “Eu comecei no teatro mais por incentivo da escola. Então desde cedo eu tive contato com a arte, com trabalhos manuais... 

Eu tinha por volta de uns 9 anos de idade, e no começo, para mim, era uma brincadeira, eu não tinha pretensão de ser atriz nessa época. 

Na adolescência, naquela fase do Ensino Médio que a gente começa a se questionar sobre o que quer ser, que eu decidi que eu queria ser atriz. 

Em seguida, comecei a me inscrever em algumas agências de modelo para fazer portfólio e em uma delas foi quando eu consegui o meu primeiro direcionamento profissional, quando me indicaram para um curso profissionalizante no qual eu fiquei dois anos e meio estudando. 

Depois eu entrei na faculdade, mas não consegui terminar porque eu comecei a trabalhar no meu primeiro projeto audiovisual aos 18 anos, que foi em um curta-metragem independente chamado ‘Visceral’.”

CE: Apesar de estudar teatro desde criança, você só foi fazer o seu primeiro espetáculo profissional já adulta. Como foi isso?

IS: “Eu fiz a minha primeira peça de teatro, a ‘Cinco Júlias’, depois de ‘Ligações Perigosas’, o que é bem curioso. Profissionalmente, primeiro eu tive contato com o cinema e a TV, para depois ter contato com o teatro, e geralmente é o contrário. 

Eu lembro que nessa época eu tinha muita vontade de ingressar no teatro, mas não tinha tido a oportunidade antes... 

Depois de ‘Cinco Júlias’, eu também fiz ‘Léo e Bia’, ao mesmo tempo que eu fazia as gravações da novela ‘A Lei do Amor’. Hoje, eu olho para trás e não faria essa loucura com a maturidade que eu tenho.”

 

CE: A Karina de ‘Malhação Sonhos’ foi a personagem que proporcionou uma virada de chave na sua carreira, fazendo com que você passasse a ser de fato reconhecida pelo público. Como era a repercussão nas ruas?

IS: “Até hoje eu recebo o carinho das pessoas pela Karina. Por mais que eu interprete outras personagens, as pessoas gostam e comentam, mas o carinho que elas têm pela Karina é algo que perdurou por sete anos que se completaram agora. As pessoas ainda me chamam de ‘esquentadinha’ na rua (risos).”

CE: Como surgiu a oportunidade de fazer a Karina em ‘Malhação Sonhos’?

IS: “Eu fiz teste. A ‘Malhação Sonhos’ foi a minha quarta tentativa de entrar para a Malhação. 

Desde que eu comecei a estudar profissionalmente, eu comecei a fazer teste e nunca tinha passado, e quando eu passei, foi muito especial porque a Karina me deu a oportunidade de estrear na TV fazendo uma personagem muito maravilhosa.”

CE: Após ter sido reprovada em três testes para a Malhação, você chegou a pensar em desistir em algum momento?

IS: “Claro, em vários momentos. Um ano antes de eu passar no teste para a ‘Malhação Sonhos’ eu já estava me sentindo preparada e confiante no meu trabalho, mas não tinha passado, e eu pensava: 

Caramba, eu tô há anos estudando, abrindo mão de várias coisas e não consigo...’. E nessa hora ter o apoio da minha mãe foi muito importante, ela falava: ‘Calma, Bela, você vai conseguir’. 

Às vezes a gente mesmo desiste da gente, e ter alguém que relembre à gente o nosso potencial, faz toda a diferença ali na hora para não desistirmos de vez.” 

CE: A sua primeira peça foi ‘Cinco Júlias’, logo depois da sua participação na série ‘Ligações Perigosas’. Você, que começou primeiro no audiovisual e depois foi para o teatro... Como foi essa experiência?

IS: “Foi um desafio gigante. Era um musical, então tinha dança, era um espetáculo longo... E é tudo muito novo. A maneira de se expressar no palco é diferente da maneira de se expressar nas câmeras. 

Tem toda uma disciplina de exercícios e cuidados com o corpo e a voz, que é o nosso principal instrumento de trabalho. Eu lembro que na estreia eu fiquei muito nervosa e só pensava ‘não vai dar certo, não vai dar certo...’ e deu.”

CE: E o que você acha mais difícil, trabalhar no audiovisual ou no teatro?

IS: “Para mim, o mais difícil é conseguir entregar um personagem, independentemente de ser teatro ou TV.”

CE: Sobre a Viviane interpretada por você na série ‘Dom’, qual a sua leitura sobre ela?

IS: “Ela é muito impulsiva. Ela faz o que ela quer, na hora que ela quer. Ela é muito diferente de todos os personagens que eu já fiz... Se a Karina e a Viviane se encontrassem na rua, elas nem se cumprimentariam (risos). 

A Viviane me fez olhar muito para as minhas vontades, como ela é uma mulher que faz o que ela quer e está nem aí para o que vão pensar dela etc, eu comecei a me questionar: 

‘Eu realmente faço tudo o que eu quero? O quê que eu estou deixando de fazer? O quê que é prioridade na minha vida?’, ela me bagunçou mesmo por dentro.”

CE: Tem algo que a Isabella aprendeu ao interpretar a Viviane?

IS: “Com a Viviane eu aprendi a dizer ‘não’. Ela me ensinou a colocar limites na minha vida, que é uma coisa que ela não tem, o que é muito curioso.”

CE: Quanto a onda dos streamings que vem acontecendo na indústria cinematográfica, o que você pensa sobre?

IS: “Eu acho incrível, não só para nós profissionais do audiovisual como para a nossa cultura. 

Os streamings possuem histórias profundas com personagens bem construídos, um pouco diferente das novelas por conta do público que é mais diferente e do formato também, por terem uma abordagem mais cotidiana. 

E para o mercado audiovisual é maravilhoso, para o cinema brasileiro, por exemplo, que tem um potencial gigantesco e não era tão bem aproveitado e agora está sendo.”

CE: Você e o Caio Vaz namoram há quanto tempo?

IS: “Há quatro anos.”

CE: Você pretende casar? Ter filhos?

IS: “A gente passou a morar junto desde o início da pandemia e a experiência de compartilhar a vida com ele tem sido bem interessante. Eu não pretendo ter filhos agora, mas penso em congelar os meus óvulos para que, se um dia eu quiser, eu tenha a possibilidade.”

CE: Você descobriu ter endometriose no começo do ano. Como você lida com isso?

IS: “Eu quero cada vez mais falar sobre isso porque tem muitas mulheres que têm e não sabem. Eu, por exemplo, me cuido a beça, faço vários exames e acabei descobrindo a doença. 

Inclusive, ela se manifesta através das cólicas, e nós mulheres somos acostumadas a achar que é normal, que é só tomar um remédio etc, e não é bem assim.”

CE: Como é o tratamento?

IS: “Então, o tratamento é não menstruar, o que é muito louco porque eu acho que a menstruação é um processo natural da mulher. 

Eu não gosto de tomar hormônio, mas, por causa do tratamento, eu tomo anticoncepcional direto, sem pausar durante a menstruação. Eu ainda estou me adaptando a isso, mas é a orientação médica que eu preciso seguir atualmente.”

CE: Você tem uma marca de roupas chamada ‘Nia’. Pode contar um pouco sobre esse seu lado empreendedora?

IS: “Eu tenho a empresa há um ano, mas eu já tinha o desejo de ter há muito tempo. Eu gosto de criar algo, de empreender, de inventar, de inovar etc. 

Há uns três anos eu comecei a estudar sobre negócios, e eu queria criar algo que tivesse conexão comigo e com a minha vida, e aí eu decidi ter uma marca de moda praia. 

Eu criei a ‘Nia’ com o propósito de libertar nós mulheres dos padrões para que a gente se sinta confortável de estar na praia, que é um lugar onde estamos muito expostas, e somos sempre tão questionadas sobre o nosso corpo, sobre a nossa aparência... 

E eu quero que a ‘Nia’ fortaleça nós mulheres na nossa confiança, e que a gente se sinta bela e confortável mesmo na praia.”

CE: Você tem vontade investir em algum outro negócio além da área da moda?

IS: “Tenho, a minha cabeça é um turbilhão de ideias (risos). Mas eu ainda estou aprendendo a lidar com a ‘Nia’, dá muito trabalho ter uma empresa e tocar. 

E eu ainda estou aprendendo a como gerir uma marca sem ter que parar o meu ofício, porque eu não quero parar de atuar nunca.”

CE: E quanto a sua rotina, como é o seu dia a dia?

IS: “Toda semana eu tenho ensaios virtuais, aulas de inglês on-line, faço exercícios físicos também, inclusive, esse ano eu me conectei com a yoga, então ao menos uma vez na semana eu busco fazer. 

E a endometriose me fez olhar para a minha alimentação, por ser uma doença que você tem que eliminar os alimentos inflamatórios da sua vida. 

Então, eu não posso consumir nada muito industrializado, nem leite e queijo, que são alimentos que eu amo, e bebida alcoólica eu tive que diminuir muito também.”

CE: O que tira a Isabella do sério?

IS: “Ficar sem comer (risos).”

CE: Qual projeto profissional que você tem o sonho de realizar?

IS: “Eu quero muito fazer mais cinema.”

CE: Como que você imagina a Isabella daqui há 10 anos?

IS: “Nossa... Eu não consigo imaginar. Eu espero que eu seja uma mulher equilibrada e que eu leve a vida com mais tranquilidade.”

CE: E sobre 2022, quais são os seus novos projetos? Pode adiantar algo para a gente?

IS: “Por enquanto, não posso adiantar nada. Posso dizer que começo o ano com pé direito, gravando a 2ª temporada de ‘Dom’ e vou permanecer focada na ‘Nia’, com alguns planos para crescer a marca, talvez com alguma loja física, ainda não sei...”

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OSCAR 2026

Wagner Moura tem 91,34% de chance de vencer o Oscar, aponta ranking

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

21/12/2025 23h00

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62% Divulgação

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As expectativas brasileiras para o Oscar 2026 crescem antes mesmo do anúncio oficial dos indicados, previsto para 22 de janeiro. Wagner Moura aparece entre os nomes mais fortes da disputa pelo prêmio de melhor ator, segundo um novo levantamento do site especializado Gold Derby.

De acordo com a projeção, o ator brasileiro tem 91,34% de chance de vitória, porcentual que o coloca na terceira posição entre os 15 nomes mais bem colocados na categoria. A lista reúne artistas que já figuram entre os pré-indicados e aqueles acompanhados de perto durante a temporada de premiações.

A liderança do ranking é de Leonardo DiCaprio, com 95,08% de probabilidade, seguido por Timothée Chalamet, com 93,62%. Wagner aparece logo atrás, à frente de nomes como Michael B. Jordan e Ethan Hawke.

As estimativas do Gold Derby são elaboradas a partir da combinação de previsões de especialistas de grandes veículos internacionais, editores do próprio site que acompanham a temporada de premiações e um grupo de usuários com alto índice de acerto em edições anteriores do Oscar.

O Agente Secreto está entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional e de Melhor Escalação de Elenco, em lista divulgada no último dia 16, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

A cerimônia do Oscar 2026 está marcada para 15 de março, com transmissão da TNT e da HBO Max, e terá novamente Conan O’Brien como apresentador. A edição também deve ampliar a presença brasileira na premiação: produções nacionais como O Agente Secreto já figuram em listas de pré-indicados da Academia, em categorias como Melhor Filme Internacional e Melhor Escalação de Elenco.

Ranking do Gold Derby para o Oscar 2026 de melhor ator:

1. Leonardo DiCaprio (95,08%)

2. Timothée Chalamet (93,62%)

3. Wagner Moura (91,34%)

4. Michael B. Jordan (83,35%)

5. Ethan Hawke (73,46%)

6. Joel Edgerton (25,24%)

7. Jesse Plemons (7,09%)

8. George Clooney (4,25%)

9. Jeremy Allen White (4,06%)

10. Dwayne Johnson (2,64%)

11. Lee Byung Hun (2,52%)

12. Oscar Isaac (0,83%)

13. Daniel Day-Lewis (0,39%)

14. Brendan Fraser (0,31%)

15. Tonatiuh (0,24%)
 

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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