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SUPLEMENTAÇÃO

Tomar creatina faz sentido para quem não treina pesado?

Além de melhorar o desempenho físico, a creatina é estudada por possíveis efeitos na memória, no controle do diabetes e na recuperação de lesões cerebrais, mas especialistas alertam que as evidências ainda são limitadas

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A creatina tem sido há muito tempo um suplemento popular entre atletas e fisiculturistas, que dizem que ela fornece as explosões rápidas de energia necessárias para treinos de alta intensidade e ajuda a construir músculos.

Mas, nas redes sociais, as alegações sobre a creatina vão além da sala de musculação, com alguns usuários dizendo que ela pode melhorar a memória, ajudar na recuperação após concussões ou outros traumas na cabeça e até mesmo controlar o açúcar no sangue em pessoas com diabetes tipo 2.

Algo disso é verdade? A creatina é um composto que fígado, rins e pâncreas produzem naturalmente, mas também pode ser obtida por meio de alguns produtos de origem animal, como carne vermelha e peixe.

Depois de ser absorvida na corrente sanguínea e transferida para os músculos, ela é convertida em outro composto, chamado creatina fosfato, que os músculos usam para gerar energia, especialmente durante atividades de alta intensidade, como corridas de velocidade e levantamento de peso, segundo Roger Fielding, cientista sênior do Centro Jean Mayer de Pesquisa em Nutrição Humana sobre Envelhecimento, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na Universidade Tufts.

Como normalmente o corpo produz creatina suficiente para sobreviver, as autoridades federais de saúde não fazem recomendações sobre quanto se deve consumir, e ela não é considerada um nutriente essencial, aponta Jose Antonio, professor de Ciência do Exercício na Universidade Nova Southeastern, na Flórida.

A maioria dos corpos requer cerca de 2 gramas de creatina por dia para realizar suas funções básicas. Se você come carne, provavelmente obtém uma boa parte disso – cerca de 1 g a 2 g por dia – da sua dieta. Mas seus órgãos também compensam.

Eles sintetizam cerca de 1 g a 2 g por conta própria, de acordo com Jose Antonio, exceto em pessoas com certos distúrbios genéticos raros que afetam sua capacidade de produzir creatina ou movê-la pelo corpo.

A CREATINA MELHORA O DESEMPENHO ATLÉTICO?

“A maioria dos estudos sobre suplementos de creatina, que normalmente contêm uma forma do composto chamada creatina mono-hidratada, avaliou seus efeitos no desempenho atlético e no crescimento muscular”, diz Jose Antonio.

Para pessoas que desejam usar creatina para melhorias nessas áreas, os especialistas geralmente recomendam tomar cerca de 3 g a 5 g por dia na forma de suplementos.

Em pessoas saudáveis, os suplementos de creatina têm se mostrado amplamente seguros, explica David S. Seres, professor de Medicina no Instituto de Nutrição Humana do Centro Médico da Universidade Columbia, em Nova York.

Ensaios clínicos e outros estudos descobriram que atletas que tomam suplementos de creatina podem gerar 5% a 15% mais força durante explosões curtas e repetidas de atividade, em comparação com pessoas que não tomam o suplemento. “Este efeito de melhoria de desempenho está bem documentado”, afirma Fielding.

A creatina também mostrou ajudar a construir músculos entre pessoas que fazem treinamento de força regularmente. Em uma análise e revisão de 2022 de 35 ensaios clínicos envolvendo quase 1.200 adultos, os pesquisadores descobriram que pessoas que tomaram suplementos de creatina durante o treinamento de resistência aumentaram sua massa corporal magra (ou o peso de tudo em seu corpo, exceto gordura) em uma média de mais de 2 quilos. Os ensaios envolveram diferentes dosagens de creatina por diferentes períodos de tempo, de uma semana a quatro meses.

Mas essas melhorias são grandes o suficiente para serem perceptíveis ou significativas para a saúde ou o desempenho no exercício? Essa é a questão-chave, segundo Seres.

“Para atletas competitivos, um pouco mais de músculo ou um desempenho ligeiramente melhor durante, por exemplo, uma corrida de velocidade, pode ser a diferença entre ganhar e perder”, explica Fielding. Mas para atletas recreativos, essas diferenças podem não importar tanto.

Um pequeno aumento na massa muscular pode, no entanto, ser significativo para pessoas que têm baixa massa muscular ou baixa força muscular, como adultos mais velhos ou aqueles com sarcopenia, uma condição caracterizada pela perda de massa muscular e força relacionada à idade.

Vegetarianos e veganos também podem se beneficiar mais da suplementação com creatina do que pessoas que comem carne, acrescenta Fielding, porque eles não consomem as fontes de proteína animal que são naturalmente ricas no composto.

Embora seus corpos possam produzir o suficiente para sobreviver, eles podem não obter a quantidade associada a benefícios adicionais musculares e de desempenho, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar isso.

A CREATINA AJUDA COM MEMÓRIA, DIABETES OU OUTROS ASPECTOS DA SAÚDE?

“Os cientistas começaram a avaliar as maneiras potenciais pelas quais a suplementação com creatina pode beneficiar pessoas fora do âmbito esportivo, mas a pesquisa até agora é limitada e os resultados são mistos”, aponta Fielding.

Em uma análise de 2024 de 16 ensaios clínicos envolvendo cerca de 500 adultos – alguns dos quais eram saudáveis e alguns dos quais tinham condições como doença de Parkinson ou esquizofrenia –, os pesquisadores descobriram que várias doses de suplementos de creatina melhoraram a memória e o tempo de atenção das pessoas, mas não sua função cerebral geral, incluindo controle de impulsos, planejamento e tempo de resposta.

Embora mais pesquisas sejam necessárias, Jose Antonio destaca que, se você quiser tentar usar creatina para benefícios cognitivos, os dados limitados que temos sugerem que pelo menos 10 g por dia pode ser um bom ponto de partida.

Alguns estudos também sugeriram que a creatina pode ajudar a controlar o açúcar no sangue entre pessoas com diabetes tipo 2. E os pesquisadores estão avaliando se aqueles com lesões cerebrais traumáticas (como concussões), condições neuromusculares (como distrofia muscular) ou insuficiência cardíaca podem se beneficiar da suplementação com creatina, mas mais pesquisas são necessárias em todas essas áreas.

Fielding afirma que pessoas com doença renal devem consultar um médico antes de tomar suplementos de creatina, porque o nutriente é processado pelos rins e poderia sobrecarregá-los ainda mais.

Na verdade, o especialista ressalta que, se você tem alguma condição médica séria, pode valer a pena uma consulta rápida com um médico.

“É sempre melhor ser seguro ao tomar qualquer coisa nova, tanto um suplemento quanto outra coisa”, afirma.

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B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

Bailarina, atriz e criadora do método Dança Integral, Keila Fuke transforma o movimento em linguagem de escuta, autocuidado e reinvenção feminina

21/12/2025 20h00

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos Foto: Divulgação

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Keila Fuke fala de dança como quem fala de família. Não no sentido de abrigo confortável apenas, mas de território vivo - onde moram memória, desejo, silêncio e prazer. Quando ela diz que o corpo é templo, não soa místico. Soa prático. Soa vivido.

“A dança é uma arte que se expressa pelo corpo, e o corpo é nossa casa, templo sagrado e cheio de emoções, histórias e prazer”, diz. Para ela, quando uma mulher escuta e sente o próprio corpo, algo essencial se reorganiza: “ela realmente se conecta com sua essência primária, seus desejos, e consegue ir para a vida de forma mais consciente”.

Há mais de três décadas, Keila dança, atua, coreografa e cria. Sua formação artística começou ainda na infância e se expandiu por diferentes linguagens (dança, teatro, musical e direção), construindo uma trajetória consistente nos palcos brasileiros. Nos grandes musicais, viveu a intensidade da cena em produções como “Miss Saigon”, “Sweet Charity”, “A Bela e a Fera”, “Victor ou Victoria” e “Zorro” (experiências que aprofundaram sua relação com a disciplina, a entrega e a presença).

Foi também no teatro que sua trajetória profissional ganhou contorno definitivo. Keila estreou ao lado de Marília Pêra, em “Elas por Ela”, num encontro que deixaria marcas profundas em sua forma de compreender a arte. A convivência com Marília reforçou a noção de que o palco exige verdade, escuta e disponibilidade (valores que atravessam seu trabalho até hoje).

Mas só quem escuta com atenção percebe que sua trajetória não foi guiada apenas pela busca da forma perfeita ou do espetáculo bem acabado - e sim por uma pergunta insistente: o que o corpo ainda tem a dizer quando a vida muda de ritmo? Essa pergunta atravessa tudo o que ela faz hoje.

Ao falar sobre movimento, Keila não separa o gesto do afeto, nem a técnica da emoção. “A dança revela a comunicação entre o mundo interno e o externo. O gesto se torna linguagem, o movimento vira verdade.” Talvez seja exatamente por isso que tantas mulheres chegam às suas vivências depois de períodos de exaustão: ali não se pede performance, mas presença.

Existe algo de radicalmente gentil na forma como Keila olha para o corpo feminino. Especialmente aquele que atravessa a maturidade. A menopausa, tema ainda cercado de silêncio, aparece em sua fala como travessia, não como falha. “Todas as mulheres irão passar por esse portal ao entrar na maturidade”, afirma. “Não para corrigir o corpo, mas para reconhecê-lo.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos         B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Foi desse entendimento que nasceu o método Dança Integral, desenvolvido a partir da integração entre sua experiência artística e seus estudos terapêuticos. Ao longo dos anos, Keila aprofundou-se em yoga, meditação, tantra, bioenergética e consciência sistêmica, incorporando esses saberes à dança. “É um trabalho que convida a mulher a ativar e integrar seus corpos (físico, mental e emocional) devolvendo consciência, presença e escuta.”

Na prática, o movimento deixa de ser esforço e passa a ser aliado. O corpo volta a circular energia, as emoções encontram expressão e a mente desacelera. “No movimento consciente, o corpo lembra que não nasceu para ser corrigido, mas habitado.” Quando isso acontece, o corpo deixa de ser campo de conflito e volta a ser morada.

A ancestralidade japonesa que Keila carrega atravessa profundamente esse olhar. Mestiça de origens japonesa, italiana, alemã e libanesa, ela se reconhece como uma mulher amarela e traz dessa herança a disciplina entendida como cuidado. O respeito ao tempo, ao silêncio e ao gesto essencial molda sua relação com o movimento, a prática e o feminino. Espiritualmente, o corpo é templo, o movimento é ritual e a repetição, um caminho de aperfeiçoamento interno.

Ao mesmo tempo, Keila é mistura. Emoção, calor e invenção brasileira convivem com rigor e silêncio. “Vivo entre tradição e vanguarda, entre raiz e criação”, diz. É dessa fusão que nasce um trabalho que não se fixa nem na forma nem no conceito, mas no estado de presença.

Essa escuta sensível também se manifesta fora das salas de dança. Há 17 anos, Keila atua na Fundação Lia Maria Aguiar, em Campos do Jordão, onde integra a formação artística de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ali, ela participa da criação de um núcleo de teatro musical que utiliza a arte como ferramenta de educação, inclusão e fortalecimento da autoestima. “Com eles, aprendo que sensibilidade não é fragilidade, é potência.”

B+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anosB+: Keila Fuke transforma a dança em escuta do corpo, cura emocional e reinvenção aos 59 anos - Divulgação

Falar de reinvenção aos 59 anos, para Keila, não tem a ver com começar do zero. Tem a ver com fidelidade. “Se reinventar é um gesto de fidelidade à vida.” Ela fala de saúde emocional, de vulnerabilidade, mas também de prazer, curiosidade e desejo. “Depois dos 50, algo se organiza internamente: ganhamos coragem para comunicar quem somos e ocupar nosso lugar sem pedir permissão.”

Existe algo profundamente político nesse corpo que segue dançando sem pedir licença ao tempo. Que reivindica delicadeza sem abrir mão de força. “Dançar, assim, é um ato político e espiritual”, diz. “É a mulher dizendo ao próprio corpo: eu te vejo, eu te respeito, eu te celebro.”

Quando Keila afirma que cada passo é uma oração, a frase ganha densidade. “Hoje, a oração que guia meus passos é a gratidão em movimento.” Gratidão por estar viva, criando, aprendendo e colocando o talento a serviço da vida. “Que minha arte continue sendo ponte - entre corpo, alma e coração.”

Talvez seja isso que faz de Keila Fuke uma presença tão inspiradora: não apenas o que ela construiu nos palcos, mas a forma como permanece. Em movimento. Em escuta. Em verdade.

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Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Médicos alertam sobre riscos da exposição solar e sobre a importância da proteção solar eficaz

21/12/2025 19h00

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira!

Saúde B+: Você sabia que bronzeado saudável não existe? Confira! Foto: Divulgação

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Infelizmente … aquele bronze dourado e saudável não existe! Esse, que é o desejo de muitas pessoas, pode representar um real perigo para a saúde da pele. “Classificamos os tipos de pele de I a VI, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV), sendo chamado fototipo I aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva - cor natural da pele - é definida geneticamente. A cor facultativa - bronzeado - é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

O chamado "bronzeado dourado" é observado nas peles mais claras e para ocorrer, ocasiona danos no DNA das células.  “As  consequências serão vistas anos mais tarde, em forma de fotoenvelhecimento, manchas ou lesões cutâneas malignas.O ideal é respeitar seu tipo de pele e sua sensibilidade ao sol. Nunca queimar a ponto de “descascar”. Importante: evite se expor ao sol entre 10 e 16h”, detalha a dermatologista. 

Dra. Ana Paula alerta ainda sobre os riscos de bronzeamento artificial, através das câmaras de bronzeamento: “esse é ainda mais prejudicial para a pele do que a exposição ao sol. A radiação é entregue de forma concentrada e direta, sem nenhum tipo de filtro ou proteção”.  

A médica ressalta que filtro solar não é uma permissão para a exposição ao sol. “Ele é um grande aliado, desde que sejam seguidas as orientações de horário, evitar exposição exagerada e usar complementos como bonés, óculos etc”, reforça Dra. Ana Paula Fucci.  

- Proteção solar eficaz 

A rotina de proteção solar é muito importante em qualquer época do ano, sobretudo agora no verão.  “Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca Dr. Franklin Veríssimo, Especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP. 

Dr. Franklin destaca três aspectos importantes para uma proteção solar eficaz:

1- “Use filtro com FPS 30 ou maior;  e para as crianças ou pessoas que possuem pele mais sensível, FPS de no mínimo 50;

2- Use proteção adicional ao filtro solar, como chapéus, viseiras, óculos escuros. Recomendo evitar a exposição solar entre 10 e 16h;

3.  Use roupas leves, claras e chapéu e óculos de proteção UV, principalmente se for praticar caminhadas e atividades físicas ao ar livre.  Quem costuma ficar muito tempo no sol tem que redobrar os cuidados e investir em roupas com proteção ultravioleta”, conclui o médico.  

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