Por Ana Cláudia Paixão
Em terra de lendas, ser uma lenda, é difícil e o casal Paul Newman e Joanne Woodward significava “tudo” em Hollywood: lindos, talentosos, apaixonados, premiados, adorados, engajados e unidos.
Os mais de 50 anos de casamento contribuiu para formar uma marca imbatível até hoje na meca do cinema,a de longevidade.
Por isso, o documentário dirigido por Ethan Hawke, The Last Movie Stars tem relevância maior. Seria tudo verdade nos bastidores?
Gostam de dizer que “Hollywood adora uma história de amor”, mas todos nós gostamos. Quando o casal é de estrelas – lindas e bem-sucedidas – é o conto de fadas em mundo real.
De Spencer Tracy e Katharine Hepburn, Humphrey Bogart e Lauren Bacall, ou depois Elizabeth Taylor e Richard Burton, casais que se apaixonam nas telas e que nós testemunhamos o momento em que isso acontece. Nesse patamar, a união inabalável (aparentemente) de Paul Newman e Joanne Woodward se destacava: desde que surgiram, jovens e apaixonados, mantiveram um casamento firme até a morte dele, em 2008. Uma lenda entre as lendas.
Como Ethan Hawke entra no cenário? Como criança estudou com a filha caçula do casal e, em 2020, foi questionado por ela se gostaria de olhar um material inédito de seu pai.
É que nos anos 1980s, Paul Newman chegou a trabalhar em uma biografia, mas, mudou de ideia e queimou TODAS as entrevistas feitas, para não deixar material dando sopa para terceiros. O que ele esqueceu? De queimar as transcrições, o material que é a base do documentário da HBO Max.
Seria fácil usar fotos e vídeos e incluir uma narração tradicional, mas o ator pensou fora da caixa. Fez um mini evento com amigos (todos famosos) e atores brilhantes “deram vozes” às transcrições, modernizando a narrativa enquanto se mantiveram fiéis aos entrevistados. Maravilhoso
Era de se esperar que, vindo da família e de fãs que houvesse um corte editorializado, mas o documentário não é protegido de verdades.
Ao contrário, é honesto sobre a competitividade entre os dois, sobre as frustrações de ambos com o sucesso e até a formação da família.Muitos acreditavam no casamento “perfeito” no sentido de que não havia crises, ou dificuldades.
E a perfeição estava mesmo nos mesmos dramas domésticos que muitos vivem. Embora duradouro, o casamento teve seus altos e baixos.
Dividido em seis episódios, relembramos toda trajetória de Paul e de Joanne.
Cada um explora uma década diferente na vida das estrelas, incluindo quando ambos atingiram o auge do estrelato nos anos 60, assim como quando Joanne – inicialmente a mais respeitada dos dois, com um Oscar e muitos elogios – começou a perder os papéis de relevância quando envelhecia, na mesma proporção em que Paul passou a ser o mais famoso dos dois.
Não se isenta do drama trágico da perda do primogênito de Paul, Scott, morto em 1978, um assunto quase tabu enquanto o ator estava vivo, assim como ele lutou por um Oscar, mas só o ganhou bem mais tarde em sua vida.
Paul morreu em 2008, depois de lutar em segredo contra um câncer e Joanne, que ainda está viva aos 92 anos, mas lidando com Alzheimer. Revisitar a história dos dois com tamanha liberdade e transparência é emocionante e inspirador. Só reforça a lenda. Vale conferir.




