“Duas toneladas para a semana que vem? Certo. Pode deixar”, conversa o produtor rural Antônio Sérgio Chiquito, 51 anos, ao celular enquanto caminha em sua chácara de cinco hectares em Campo Grande. Esse e outros telefonemas, que entremearam a entrevista, ajudam a dimensionar o ritmo do negócio de Chiquito. Ele trabalha com vermicompostagem, técnica de transformar resíduo orgânico em húmus, utilizando minhocas. Com alta demanda de consumo, a produção média mensal é de 20 toneladas e o faturamento médio é de R$ 10 mil por mês. Além do retorno financeiro, há ganhos para o meio ambiente – no processo, há reaproveitamento do rúmen bovino, evitando o descarte incorreto desse material – e para a atividade agrícola – o húmus melhora as propriedades do solo, combate fungos, entre outros impulsionadores da qualidade dos alimentos.
“É capim que ficou no bucho do boi, que não sofreu digestão”, define Chiquito apontando para alguns montes de conteúdo ruminal, depositado por caminhões de um frigorífico de Campo Grande. São cerca de 30 toneladas do resíduo por mês. O produtor explica que caso seja lançado na natureza, esse material provoca graves impactos ambientais. “Chega a contaminar o lençol freático”, disse. O resíduo é deixado de dois a três meses no local para ser estabilizado. “É preciso esse tempo para ficar em ponto de uso”, justificou o produtor.
(*) A reportagem, de Osvaldo Júnior, está na edição de hoje do jornal Correio do Estado.


