O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira (7) que há incertezas significativas sobre o impacto da calamidade no Rio Grande do Sul (RS) na atividade econômica do país, especialmente no segundo trimestre. Em seu discurso no evento da Monte Bravo Corretora, em São Paulo, Campos Neto enfatizou a oscilação nas expectativas de crescimento e os custos de reconstrução.
Campos Neto mencionou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul representa 6,5% do PIB brasileiro, e as recentes adversidades climáticas na região têm gerado grandes incertezas sobre o impacto econômico. "Temos visto uma grande oscilação em termos de expectativa, não só no custo de reconstrução, mas também no impacto sobre o crescimento. Estamos nos aprofundando nisso para entender melhor como esses elementos de curto prazo se desenrolarão a médio prazo", afirmou.
O Banco Central revisou a expectativa de crescimento do PIB brasileiro para 1,9% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Essa revisão leva em conta os efeitos adversos das anomalias climáticas, que têm se tornado cada vez mais frequentes e intensas. Campos Neto observou que eventos climáticos, especialmente enchentes, são os que mais aumentam em frequência e impacto.
Durante o evento, Campos Neto também discutiu os desafios inflacionários enfrentados globalmente durante a pandemia. Ele ressaltou que, enquanto a inflação em países desenvolvidos foi impulsionada principalmente por energia e alimentos, no Brasil e outros mercados emergentes, os alimentos tiveram um impacto maior na inflação. "O aprendizado foi entender que, a partir de um certo nível de difusão, a inflação se torna muito mais permanente", disse ele, referindo-se à experiência dos países desenvolvidos.
O presidente do Banco Central observou que os recentes aumentos nos preços dos alimentos estão fortemente ligados a questões climáticas. "Os eventos climáticos acontecem com maior frequência e intensidade, afetando diretamente os preços dos alimentos", explicou Campos Neto.