Com o preço da gasolina em ascensão, a busca por gás natural veicular (GNV) tem aumentado em Mato Grosso do Sul. Prova disso é que de janeiro a agosto deste ano o consumo aumentou 26,58%, conforme dados da Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGás).
Em janeiro, foram vendidos 271.016 m³ e, em agosto, esse número passou para 343.047 m³. A projeção é de que chegue a 356.500 m³ até dezembro.
Ainda de acordo com a MSGás, enquanto um veículo consome, em média, um litro de gasolina para rodar 10 km e um litro de etanol para rodar 7 km, com o GNV é possível fazer 14 km com um metro cúbico, o que representa rendimento 40% maior do que a gasolina e o dobro do álcool.
Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), em Campo Grande há 3.978 veículos adaptados ao GNV. O interior do Estado contabiliza 1.022.
Na visão do economista Michel Constantino, os consumidores encontraram no gás natural veicular uma nova alternativa, diante dos aumentos no preço da gasolina.
“Com a pandemia, os preços foram impactados por fatores exógenos internacionais, e a falta de oferta de produtos e serviços provocou um aumento generalizado nos combustíveis, que forçaram as pessoas a mudar o comportamento de substituição entre as alternativas disponíveis”, ressaltou.
“Na prática, com o aumento da gasolina, os consumidores procuram o etanol e o gás GNV. A demanda por GNV sobe, porém, há uma limitação da oferta do produto e também há investimentos no veículo que devem ser realizadas”, completou.
Ainda segundo Constantino, no futuro, o aumento da demanda vai fazer com que as conversões sejam vistas como um investimento complementar no veículo.
“Como a oferta de GNV no mundo, e principalmente no Brasil, é limitada, o aumento da demanda vai pressionar os preços no futuro, e isso já aconteceu no passado, fazendo com que essa tecnologia seja vista como investimento complementar, para se ter três possibilidades de combustíveis no mesmo veículo”, pontuou.
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INSTALAÇÃO
Segundo informações da companhia de gás, a instalação de um kit gás de quinta geração custa em torno de R$ 6 mil.
Na Le Gás, de acordo com o proprietário Lemoel Oliveira, de janeiro a setembro, as mudanças aumentaram 100%.
“Os clientes sempre alegam alta do combustível, por isso está tendo muita conversão e procura”, explicou.
Ainda de acordo com Lemoel, todos os dias são feitas em média duas conversões.
Na empresa Sertec não tem sido diferente. O atendente Mário Lima ressalta que todos os dias recebe cerca de 50 ligações relacionadas à conversão.
“A conversão está tendo uma procura muito alta, acredito que essa volta das atividades pós-pandemia e a alta do combustível fizeram a procura pelo GNV aumentar. Toda semana fazemos uma ou duas conversões”, ressaltou.
A motorista de aplicativo Jéssica Córdoba optou por esse investimento há 4 anos e conta que os gastos com combustível caíram pela metade.
“Eu trabalho com aplicativo e se não fosse o GNV eu já teria desistido. Antes da mudança eu gastava R$ 120 por dia, depois eu passei a gastar R$ 60”, disse.
DIFERENÇA DE PREÇO
Conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do dia 5 de setembro ao dia 2 de outubro, o preço médio do metro cúbico do gás natural veicular teve leve aumento de 0,22%.
Com isso, o combustível saiu de R$ 4,35 para R$ 4,36.
Em contrapartida, neste mesmo período, o custo médio da gasolina comum teve alta de 0,67% no custo médio, saindo de R$ 5,89 para R$ 5,93.
O preço mínimo encontrado pela ANP saiu de R$ 5,79 no dia 5 de setembro para R$ 5,75 no dia 2 de outubro (0,69%).
Na mesma época, o maior preço saiu de R$ 5,99 para R$ 6,08 (1,50%). Em se tratando do etanol hidratado, o valor médio teve aumento de 1,52%, passando de R$ 4,60 para R$ 4,67.
O valor mínimo teve alta de 2,02% (de R$ 4,45 para R$ 4,54) e o preço máximo teve variação de 1,46%, saindo de R$ 4,79 para R$ 4,86.
FOMENTO AO GNV
No dia 16 de setembro, o governador Reinaldo Azambuja se reuniu com representantes de motoristas de aplicativos e com os diretores-presidentes da MSGás, Rui Pires dos Santos, e do Detran-MS, Rudel Trindade, para encontrar uma forma de incentivar e fomentar o uso do GNV no Estado.
Durante as tratativas, Azambuja disse que estudaria propostas para promover e difundir o uso do gás natural veicular, com o objetivo de criar uma política estadual de apoio aos profissionais do transporte de passageiros.
Na ocasião, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, o titular da Secretaria de Estado de Governo (Segov), Flávio César, e o diretor-presidente da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Janine Bruno, também participaram da reunião.




