Economia

Pãozinho

Comerciante diminui margem de lucro sobre o pão para não perder cliente na Capital

Com os aumentos recorrentes do trigo, alternativa é "escalonar" preços para não perder clientela

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Os aumentos dos insumos para a produção do "pãozinho", principalmente sobre os valores do trigo, matéria-prima do alimento, são sentidos pelos comerciantes do Brasil e da Capital.  Em Campo Grande, a alternativa encontrada pelos comerciantes neste período foi "diminuir os lucros" para não perder a clientela.

Para o comerciante Acemar Cordova, dono e administrador de uma panificadora da Capital há 24 anos, a alternativa foi “reduzir os ganhos”. Ao Correio do Estado, o comerciante disse que busca “ganhar na compra”, para não repassar os aumentos ao consumidor. 

“Se repassarmos ao consumidor de forma direta, perdemos a clientela. Ao realizar os pedidos, temos comprado cerca de 100 sacos de trigo, ao invés dos 60, justamente para trabalhar com essa reserva de insumo, analisar o mercado e os aumentos para pedir novamente”, disse Cordova. 

O comerciante disse realizar pedidos semanais cerca de duas vezes por semana, comprando todos os insumos para a produção diária de 2 mil pães. “Química, fermento, trigo, com pedidos de cerca de 60 sacos de 25kg de farinha de trigo a cada sete dias”, disse Acemar Cordova. 

Entre a pandemia e o período atual, Cordova chegou a realizar empréstimos bancários para equalizar as compras e não demitir nenhum dos onze funcionários de seu estabelecimento. 

Em Campo Grande, hoje (06), os preços do pão francês estão entre R$15,99 e R$18,99, nos estabelecimentos pesquisados. 

Ao jornal, os comerciantes relataram que revender o pão está mais vantajoso do que produzir. Há dois meses, o kg do "pãozinho" já era comercializado a mais de R$19 em Campo Grande.

Um levantamento da consultoria MLB, constatou um aumento de 130% no valor do trigo entre janeiro de 2020 e abril deste ano. 

As estimativas para 2022 indicam que o país deve importar 7 milhões de toneladas de trigo ao longo do ano. Caso a projeção se confirme, o número representará um aumento de 73,46% em relação a 2021.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em 24 de setembro do ano passado, o trigo era comercializado a R$ 1.591,46 a tonelada. 

Em fevereiro, com a eclosão da guerra no leste europeu  entre Ucrânia e Rússia, polos exportadores de trigo, o cereal subiu para a R$ 1.719,61, e atingiu o pico de R$ 1.909,91, no mês seguinte, registrando variação de 10% em um mês.

Marcelo Barbosa, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação de Mato Grosso do Sul (Sindepan-MS), disse ao Correio do Estado como cada panificadora e comércio agem em momentos como estes. 

“Cada empresa tem sua tabela de custo, algumas empresas repassam nem todos os aumentos, embalagens, gorduras, insumos. Fazem os ajustes necessários e os aplicam da melhor forma possível”, pontuou Barbosa.

Segundo o presidente do sindicato,  nenhuma empresa/órgão pode interferir nos valores praticados pelos comerciantes. 

“Grande parte costuma repassar o aumento ao consumidor de forma escalonada. Repassa um pouco em um mês, um pouco em outro mês, porque se repassam proporcionalmente aos aumentos sentidos, as vendas caem repentinamente, o que consequentemente prejudica os negócios”, relatou Barbosa. 

Para além dos insumos básicos como o trigo, embalagens, fretes, entregas, para ele, essas questões influenciam diretamente no bolso do comerciante. 

“Os repasses ao consumidor são coordenados de acordo com as necessidades individuais de cada comerciante, partindo de seus gastos e fluxo de caixa. Padeiros e profissionais do setor  buscam repassar o mínimo possível ao consumidor final”, finalizou o diretor. 

Desde o início do conflito entre Ucrânia e Rússia, a alta do preço do pão francês no Brasil varia entre 12% e 20% nas padarias e mercados, variando de uma capital para outra. 

Os países envolvidos no conflito eram respectivamente o quinto e o primeiro no ranking de exportadores mundiais de trigo, e atendiam a  29% do mercado global. Aqui, o país importa mais de 60% de sua demanda interna.

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CAMPO GRANDE (MS)

Expogrande 2026 será realizada de 9 a 19 de abril

Serão 11 dias de shows, leilões, exposições, atrações e comida típica

20/12/2025 09h45

Exposição de animais na Expogrande

Exposição de animais na Expogrande Gerson Oliveira

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86ª edição da Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande (Expogrande) ocorrerá de 9 a 19 de abril de 2026, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, localizado na rua Américo Carlos da Costa, número 320, vila Carvalho, em Campo Grande.

De acordo com publicação da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), serão 11 dias de shows, leilões, exposições de animais, música e comida típica.

Atrações musicais, estimativa de público e arrecadação/movimentação financeira ainda não foram repassados pela associação.

Polícia Militar (PMMS) e Guarda Civil Metropolitana (GCM) vão marcar presença para realizar a segurança do evento.

Promovida pela Acrissul, a Expogrande é considerada a maior feira agropecuária do Estado e já recebeu o título de 2ª maior feira agropecuária do Brasil, ficando atrás apenas da ExpoZebu, realizada em Uberaba (MG).

A Expogrande 2025 ocorreu de 3 a 13 de abril, com shows de Hugo & Guilherme, Matuê, Matogrosso & Mathias, Chitãozinho & Xororó, Jorge & Mateus e Vh & Alexandre.

No ano passado, o evento recebeu 125 mil pessoas e movimentou R$ 640,7 milhões.

SALDO POSITIVO

Exportação de carne dispara em MS mesmo sob tarifaço

Entre julho e novembro deste ano, o Estado exportou 165,4 mil toneladas, alta de 13%

20/12/2025 08h40

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países Gerson Oliveira/Correio do Estado

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As exportações de carne bovina seguem em ritmo de crescimento no fim deste ano. Em Mato Grosso do Sul, entre os meses de julho e novembro, o Estado embarcou 165,4 mil toneladas de carne, volume 13% maior que o de todo o primeiro semestre, quando foram embarcadas 145,9 mil toneladas.

Os dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) apontam que o volume também é 18% superior ao resultado do segundo semestre de 2024, quando foram contabilizadas 140,4 mil toneladas destinadas à exportação.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), em relação ao volume financeiro movimentado, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países.

São US$ 516 milhões a mais que o US$ 1,2 bilhão comercializado nos 12 meses do ano passado.

As vendas de carne bovina aumentaram mesmo com o tarifaço da gestão de Donald Trump, que começou a valer em abril com taxa de 10% e que foi reajustado em mais 40% em agosto. As tarifas foram retiradas em 21 de novembro, e o resultado poderá ter reflexo apenas neste mês.

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros paísesEstado registrou aumento das vendas ao mercado internacional - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

A tendência de aumento e resiliência ainda deve permanecer, conforme avaliação da consultora de economia da Famasul, Eliamar Oliveira.

“Mesmo que dezembro tradicionalmente registre leve desaceleração em relação a novembro, a projeção aponta para um fechamento forte, com expectativa de superar 90 mil toneladas no quarto trimestre, repetindo o desempenho do trimestre anterior, que alcançou 94,6 mil toneladas. Esse comportamento confirma a consistência da demanda internacional pela carne produzida no Estado e reforça a importância da pecuária sul-mato-grossense nas exportações do agro brasileiro”, expressa.

Eliamar pontua que a intensificação do confinamento reflete o avanço de sistemas produtivos mais eficientes. São técnicas que reduzem o ciclo de engorda e permitem maior regularidade no abastecimento da indústria, de acordo com a consultora.

“Entre julho e novembro, o abate total em MS cresceu 6%, em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o abate de animais jovens, entre 13 e 24 meses, aumentou 7%, evidenciando o efeito direto dessas tecnologias na previsibilidade da oferta, especialmente no segundo semestre”, contextualiza.

“O uso ampliado de instrumentos de gestão de risco, como travas de preços, contribui para mitigar a volatilidade do mercado, garantir maior segurança sobre a rentabilidade e dar equilíbrio financeiro ao produtor, mesmo em cenários de custos elevados”, completa Eliamar.

MERCADO INTERNO

O relatório Agro Mensal do Itaú BBA aponta que, mesmo com as exportações aquecidas em outubro, o forte crescimento dos abates ampliou a disponibilidade interna de carne, acima do normal para a época.

Ainda assim, o boi gordo apresentou reação no início de outubro e avançou cerca de 5,6% até meados de novembro, movimento acompanhado por uma valorização ainda maior da carcaça casada, que subiu 7,9% no período.

Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), comenta que, neste fim de ano, o grande fator que tem impedido uma queda nos preços da arroba é justamente o aumento das exportações.

“Se não fosse esse desempenho mais forte no mercado internacional, a pressão seria nitidamente de baixa, porque o ritmo de abates segue elevado e o mercado interno não tem mostrado força suficiente para absorver toda essa oferta. As exportações, portanto, têm cumprido um papel essencial de sustentação da estabilidade atual”, detalha.

Bumlai ainda afirma que houve uma expectativa não realizada de valorização da arroba. “Por outro lado, é verdade que muitos produtores esperavam uma arroba mais valorizada para este fim de ano, algo que não se concretizou. O mercado está firme, porém, sem espaço para altas expressivas enquanto o consumo doméstico não reagir”, observa.

Eliamar corrobora que o desempenho robusto das exportações, ao mesmo tempo em que a produção apresentou crescimento moderado, acarretou menor disponibilidade interna de carne bovina ao longo do ano.

“Como resultado, a oferta doméstica permaneceu mais ajustada, o que se refletiu em valorização dos preços no mercado interno. No atacado paulista, o preço médio dos cortes bovinos ficou cerca de 26% acima do observado no mesmo período do ano anterior”.

FUTURO

Para 2026, os especialistas concordam que o cenário tem forte tendência positiva. O Itaú BBA fala em uma entrada no fim do ano com fundamentos sólidos: oferta elevada, exportações robustas e um mercado interno que, embora pressionado, deve operar com maior equilíbrio com o avanço das chuvas e a melhora das pastagens.

“Com a esperada redução gradual da oferta, fruto da virada do ciclo pecuário, e se houver melhora no consumo interno, aí, sim, teremos condições mais claras para uma recuperação de preços. A combinação de exportações fortes e mercado doméstico mais aquecido deve permitir um início de ano melhor para o produtor. Hoje, estamos em um momento de sustentação, em 2026, podemos entrar em um momento de valorização”, considera Bumlai.

A consultora da Famasul ainda ressalta que a expectativa para o mercado no encerramento deste ano é de manutenção do bom ritmo de exportações, o que ajuda a absorver parte da oferta. 

“No início de 2026, a combinação de pastagens mais estruturadas, oferta gradualmente mais ajustada e demanda externa consistente cria condições para um cenário de preços mais firmes. A tendência é de transição para um período de maior sustentação da arroba, acompanhando o início de um ciclo de oferta mais curta e um ambiente internacional ainda favorável à carne bovina brasileira”, conclui Eliamar.

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