Levando em consideração a inflação do preço dos alimentos da cesta básica e alta do gás liquefeito de petróleo (GLP), procuramos saber se ainda compensa cozinhar em casa ou se já vale a pena comprar comida pronta de restaurantes, o famoso marmitex. Para tanto, analisamos o cenário para a alimentação de 1 pessoa e para uma família com 4 integrantes.
Para o cálculo financeiro, partimos do pressuposto da ideia de compra de um marmitex de R$ 20,00, que daria para uma refeição.
Posteriormente, comparamos o custo de dois marmitex, um para o almoço e outro para o jantar com o custo atual da cesta básica, R$ R$ 707,00. Outro valor inserido na conta foi o preço do gás de cozinha, estimado pela média de R$ 100,00.
Conforme cálculo realizado pela supervisora técnica do Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) em MS, Andreia Ferreira, considerando o primeiro cenário, para alimentar 1 pessoa, calcula-se que, ao comprar dois marmitex por dia, ela teria um custo diário de R$ 40,00. Em 30 dias, seriam R$ 1.200,00.
“Se ela comprar um gás e usá-lo durante os 30 dias, em média R$ 100,00/mês, mais uma compra que fosse da cesta básica, que em junho custou R$ 707,00, gastaria R$ 807,00.
Em outro cenário, pensando na alimentação de uma família de 4 pessoas, a economista destaca que o custo do gás até poderia se manter para a família. Nesse caso, o custo dos alimentos é o que subiria.
“No mês de julho, uma cesta para uma família composta por 4 pessoas (sendo duas adultas e duas crianças), custaria R$ 2.121,00. Com os R$ 100,00 do gás, iríamos para R$ 2.221,00”, calcula.
Se fizermos a conta dos mesmos R$ 20,00 para cada pessoa, alimentando-se com almoço e jantar por marmitex, a conta fica cara. Partindo da base dos R$ 40,00 por dia multiplicado por 4, chegamos ao número de R$ 3,228,00 no mês.
“Nesses casos, a opção só pelo lado financeiro seria a de não comer fora”, destaca a economista.
Outras questões
Muitas vezes, outras questões devem ser levadas em consideração no momento da tomada de decisão, pois existem outros ganhos além do financeiro ao comer fora.
“Eu só chego em um restaurante, me sirvo e vou embora, não perco tempo na preparação do alimento, não preciso me preocupar em lavar louça”, exemplifica a economista.
Logo, no momento de fazer a conta do que compensa mais, é importante que cada pessoas analise sua situação econômica e o quanto de tempo de lazer gostaria de ter.
Ao decidir por comprar um alimento pronto, é possível administrar o tempo que seria destinado ao momento de cozinhar e lavar a louça, por exemplo, utilizando-o em tempo de qualidade com a família e de descanso.
Portanto, nem tudo precisa ser calculado partindo dos pressupostos financeiros, o que vale é analisar sua realidade e tomar a decisão consciente do que compensa mais para a qualidade vida em um contexto geral.
Botijão de gás
Como já noticiado pelo Correio do Estado, em agosto, consumidores têm buscado alternativas para economizar o gás de cozinha. No Estado, o valor do botijão de 13kg subiu 56,44% no intervalo de dois anos.
Mesmo com as reduções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) reduziu os preços de combustíveis e da energia elétrica, mas não surtiu em mudanças no valor do gás de cozinha no Estado.
Desse modo, parte da população tem buscado formas de economizar, recorrendo a aparelhos elétricos, por exemplo.
Cesta básica e trabalho
Conforme último levantamento do Dieese, de junho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 26 minutos, maior do que o registrado em maio, de 120 horas e 52 minutos.
Em junho do ano passado, a jornada necessária ficou em 111 horas e 30 minutos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média 59,68% do rendimento para adquirir os produtos da cesta.




