Investimentos como CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto estão extremamente atrativos, especialmente os indexados ao CDI ou à taxa Selic
Com a tendência de elevação progressiva da taxa básica de juros, a Selic, prevista para fechar 2025 em 14%, segundo o Boletim Focus do Banco Central, a renda fixa retoma seu lugar de preferência dos investidores brasileiros. Conforme os analistas consultados pelo Correio do Estado, o movimento reflete tanto as condições macroeconômicas quanto a busca por maior segurança em um ambiente de alta volatilidade.
“A renda fixa é o destaque para 2025. Com a taxa Selic subindo, os ativos atrelados ao CDI podem render mais de 1% ao mês, chegando a 14% ao ano, sendo uma opção segura e rentável no mercado atual”, explica Wagner Bertoldo, economista e especialista em investimentos.
Essa atratividade, aliada à segurança desses produtos, tem conquistado tanto investidores iniciantes quanto experientes.
Entre as principais opções estão os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), as Letras de Crédito Imobiliário e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCIs e LCAs) e os títulos do Tesouro Direto indexados à Selic ou à inflação (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA).
“Esses produtos são altamente seguros e oferecem retorno atrativo, especialmente considerando a isenção de Imposto de Renda em alguns casos, como nas LCIs e nas LCAs”, destaca Bertoldo.
Para quem busca proteger o poder de compra, os títulos indexados ao IPCA aparecem como uma escolha estratégica.
“Títulos como o Tesouro IPCA+ podem garantir rendimentos reais significativos, combinando a variação inflacionária com um prêmio que hoje varia entre 7% e 7,5%”, explica Bertoldo. Esses papéis se destacam em um ambiente de inflação prevista para se manter em torno de 4% ao ano.
Os fundos imobiliários de papéis também ganham relevância. “Esses fundos, baseados em recebíveis atrelados à Selic, acompanham a alta da taxa de juros, oferecendo retorno acima de 1% ao mês”, esclarece o economista.
Para quem busca proteger o poder de compra, os títulos IPCA+ aparecem como solução robusta, oferecendo a inflação acumulada mais um prêmio que pode chegar a 7% ao ano.
A dominância fiscal é um dos principais fatores que influenciam esse cenário, como explica Ronie Carvalho, sócio da Alta Vista Investimentos.
“Vivemos um momento em que o desequilíbrio fiscal dita os rumos da economia. Isso pressiona a inflação e obriga o Banco Central a adotar políticas de juros elevados para manter a meta inflacionária. Isso impacta diretamente a taxa de juros e torna a renda fixa ainda mais atraente”, comenta.
Essa conjuntura não apenas favorece os investimentos em renda fixa, mas também reduz a atratividade de aplicações mais arriscadas, como a renda variável.
“Quando o prêmio de risco da renda fixa sobe, o investidor não precisa correr grandes riscos para obter bons retornos. Isso faz com que os ativos de maior risco percam apelo”, complementa Carvalho.
Embora a renda fixa lidere a preferência, oportunidades em ativos de risco, como ações e fundos imobiliários de tijolos, também surgem com preços atrativos em função da desvalorização recente.
“Muitos desses ativos sofreram perdas expressivas, mas, para quem tem uma visão de longo prazo e um perfil adequado, pode ser o momento certo para investir”, aconselha Carvalho.
DIVERSIFICAÇÃO
A diversificação, no entanto, segue como uma regra de ouro para qualquer carteira.
“É importante que o investidor distribua seus recursos entre diferentes classes de ativos. Isso protege contra oscilações de mercado e garante maior estabilidade ao portfólio”, ressalta Carvalho.
Ele também alerta sobre os riscos de alocação excessiva em ativos prefixados, que podem perder valor em caso de novas altas nos juros.
Outro ponto levantado pelo analista é a possibilidade de investir no exterior, aproveitando a valorização do dólar, que recentemente ultrapassou a marca de R$ 6,15.
“Ativos internacionais oferecem diversificação e exposição a mercados com características distintas do brasileiro. Isso pode trazer benefícios tanto em termos de retorno quanto de proteção cambial”, aponta Carvalho.
Este ano promete ser marcado pelo retorno triunfal da renda fixa, impulsionado por taxas de juros elevadas e um cenário macroeconômico desafiador. Contudo, a estratégia de investimento deve ser equilibrada.
“O investidor precisa avaliar seu perfil de risco e diversificar sua carteira. O segredo é combinar ativos de renda fixa, renda variável e internacionais, aproveitando as oportunidades de cada segmento sem comprometer a segurança do portfólio”, conclui Bertoldo.
Ainda de acordo com os analistas de investimentos, com o cenário desafiador, contar com uma boa assessoria é fundamental. Identificar os melhores ativos, tanto na renda fixa quanto em outros mercados, exige conhecimento técnico e uma análise cuidadosa do perfil de risco e dos objetivos de cada investidor.
Os analistas ainda apontam que o impacto do cenário fiscal e a política monetária devem continuar moldando as decisões de investimento este ano.
Enquanto o Brasil enfrenta suas próprias peculiaridades econômicas, investidores experientes aproveitam as oportunidades oferecidas por ciclos de mercado, reforçando a importância de uma estratégia bem fundamentada e diversificada.
Dicas para 2025 - Lista das melhores opções investimentos
- Fundos de previdência: destinados ao planejamento de aposentadoria privada, esses fundos oferecem benefícios fiscais e diversificação. Podem incluir uma combinação de renda fixa e variável, dependendo do perfil do investidor e do plano escolhido;
- Fundos de renda fixa: esses fundos incluem diversos títulos, como Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs. Eles oferecem diversificação e são geridos por profissionais, o que pode ser vantajoso para quem prefere delegar a gestão dos investimentos;
- Certificados de Recebíveis Imobiliários/Agrícolas: CRIs e CRAs são títulos de renda fixa lastreados em recebíveis do setor imobiliário e agrícola. Oferecem rendimentos atrativos e, muitas vezes, isenção de Imposto de Renda. No entanto, são mais arriscados que CDBs e LCIs/LCAs, pois não têm garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC);
- Letras de Crédito Imobiliário/Agrícola: LCIs e LCAs são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que atrai investidores que querem maximizar seus rendimentos. Elas também têm a proteção do FGC até R$ 250 mil, por CPF e por instituição financeira;
- Certificados de Depósito Bancário: investir em CDBs significa emprestar dinheiro para bancos. Os rendimentos podem ser prefixados, pós-fixados ou atrelados à inflação. É uma boa opção para iniciantes ou investidores conservadores;
- Tesouro Direto: os títulos do Tesouro Direto são seguros e acessíveis para qualquer pessoa. Ao investir neles, você está emprestando dinheiro ao governo. Existem três principais tipos de títulos: prefixado, Selic e IPCA+.
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