Correio Rural

CULTURA DO MILHO

Saiba como combater as pragas
iniciais do milho safrinha

Cultura de outono-inverno já está sofrendo com problemas climáticos

MAURÍCIO HUGO

02/05/2016 - 20h16
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Na edição passada do caderno Correio Rural, abordamos em matéria na página 6 deste suplemento o desenvolvimento do milho no Estado.

A safrinha enfrenta problemas e já há o registro de alguma perda de produtividade em muitas lavouras, especialmente por conta da falta de chuvas.

Mas o foco da reportagem foi a incidência das chamadas “pragas iniciais” do milho. O assunto foi dividido em pragas subterrâneas, pragas de superfície e pragas de plântulas, abordada pelo  pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Crébio José Avila, especialista no assunto.

Agora, nesta edição, vamos abordar  o manejo das pragas em cada uma das situações, com explicações do mesmo pesquisador.

COMBATE ÀS SUBTERRÂNEAS
Começamos com o manejo das pragas que atacam as raízes do milho (subterrâneas). Para que o combate seja efetivo é necessário o monitoramento preciso das pragas antes mesmo da instalação da lavoura, uma vez que todas as táticas de controle são preventivas.

Tanto para o manejo de corós como do percevejo castanho, é de fundamental importância a realização de amostragens no solo, visando avaliar as espécies presentes, o seu nível populacional e os estádios de desenvolvimento predominante desses insetos.

Dentre as técnicas que podem ser utilizadas para o controle de corós e percevejos-castanhos (as pragas de maior incidência) destacam-se: manipulação da época de semeadura, preparado do solo com implementos adequados e aplicação de inseticidas nas sementes ou em pulverização no sulco de semeadura.

Como os corós adultos apresentam, normalmente,m forte atração pela luz, o uso de armadilhas luminosas durante o período de emergência dos insetos do solo, podem capturar um número expressivo de adultos durante a noite e, assim, contribuir para reduzir a sua infestação nos cultivos subsequentes.

A aplicação de inseticidas nas sementes e no sulco de semeadura do milho constitui alternativa promissora para o manejo de corós no milho, especialmente em sistemas conservacionistas, como o plantio direto. Já no caso do percevejo-castanho, inseticidas aplicados nas sementes não se tem mostrado uma tática eficiente.

Todavia a pulverização no sulco de plantio com inseticidas químicos, especialmente quando o percevejo está localizado próximo da superfície do solo, pode proporcionar um bom controle da praga, dependendo do produto e da dose empregada.

COMBATE ÀS PRAGAS DA PARTE AÉREA

Dentre essas estão a cigarrinha, as lagartas e a broca da cana, entre outras. O controle da cigarrinha das pastagens, segundo o pesquisador, pode ser realizado com o tratamento das sementes com inseticidas, quando o insetor ocorrer nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura ou através de pulverizações sobre as plantas em ocorrência mais tardia.

O controle de lagartas que atacam a parte aérea do milho é normalmente realizado com aplicações de inseticidas em pulverizações sobre as plantas.

Além dos inseticidas organofosforados, os piretroides, fisiológicos e as diamidas, proporcionam um bom controle desse grupo de pragas, dependendo da dose empregada do produto.

O controle da broca-da-cana normalmente não é feito. Em áreas próximas a canaviais e sujeitas ao frequente ataque, o uso de variedades de porte baixo minimiza o problema. Em situações de altíssimas infestações, o uso dos mesmos lagarticidas reguladores de crescimento de insetos, como sugeridos para o controle da lagarta-do-cartucho, minimiza os possíveis danos.

MANEJO DAS QUE ATACAM AS PLÂNTULAS DE MILHO

Dentre esses tipos de pragas estão a lagarta-elasmo, de grande incidência, a lagarta-rosca, o percevejo-barriga-verde, lesmas e caracóis.

No manejo da lagarta-elasmo, tem sido comprovado que chuvas bem distribuídas, durante os primeiros 30 dias de desenvolvimento da cultura, praticamente eliminam a infestação desse inseto nas lavouras.

No sistema plantio direto, que propicia melhor conservação de umidade do solo, essa praga tem ocorrido em menor intensidade quando comparado ao sistema convencional.

A pulverização de inseticidas na parte aérea do milho tem proporcionado baixa eficiência  de controle da lagarta-elasmo (50%), em razão da posição em que a praga fica alojada na planta. Já o tratamento das sementes do milho com inseticidas sistêmicos tem-se mostrado uma tática eficiente para o controle da lagarta-elasmo.

Já para o controle da lagarta-rosca, sugere-se realizar aplicações de inseticidas em alto volume, sendo as pulverizações dirigidas ao colo das plantas, de preferência ao entardecer, utilizando-se os mesmos produtos recomendados para o controle da lagarta-elasmo.

O controle do percevejo-barriga-verde pode ser realizado preventivamente, empregando-se inseticidas via semente ou em pulverização  sobre a cultura.

Trabalhos conduzidos na Embrapa Agropecuária Oeste evidenciaram que o nível de dano para o controle do percevejo barrriga-verde no milho safrinha é inferior a 1,0 inseto para cada cinco plantas de milho na lavoura. Os inseticidas recomendados, em pulverização, para o complexo do percevejo fitófago da soja são normalmente eficientes no controle do percevejo-barriga-verde, no milho. 

Antes de realizar a semeadura do milho, recomenda-se fazer uma inspeção na área em que a lavoura será implantada visando constatar a presença de ninfas e de adultos do percevejo, para avaliar a necessidade ou não de se tratar as sementes ou até mesmo de efetuar uma pulverização com inseticida logo apos a emergência do milho.

ATENÇÃO AO PERÍODO

O período de maior cuidado com o percevejo é durante a fase inicial de desenvolvimento da planta, quando o milho é mais suscetível ao ataque do inseto, ou seja, da emergência da planta ao surgimento da quarta folha aberta (V4), que corresponde a idade entre 15-20 dias após a emergência das plantas.

Para o controle de lesmas e caracóis, produtos à base de metaldeído são sugeridos, mas além de terem um preço elevado, apresentam baixa praticabilidade para uso em extensas áreas.

A dessecação prévia da cobertura infestada com lesmas e/ou caracóis constitui uma medida auxiliar para reduzir a sobrevivência dessas pragas, uma vez que tal operação reduz a umidade e o teor de água na superfície do solo, além de extinguir a fonte de alimento.

A dessecação prévia da cobertura infestada com lesmas e/ou caracóis constitui uma medida auxiliar para reduzir a sobrevivência dessas pragas, uma vez que tal operação reduz a umidade e o teor de água na superfície do solo, além de extinguir a fonte de alimento.

Trabalhos preliminares conduzidos pela cooperativa COAMO, em Campo Mourão, PR, evidenciaram que a mistura de abamectina + leite integral, colocadas em quirelas de milho constituiu uma isca eficiente no controle de caramujos.

Todavia, convém salientar que não existe, até o momento, registro de produtos para o controle de caracóis e lesmas na cultura do milho.

Em adição, sugere-se que as aplicações de inseticidas ou iscas nas lavouras de milho para o controle de lesmas e caramujos sejam realizadas durante a noite, período em que essas pragas apresentam maior atividade devido às condições favoráveis de umidade e de temperatura e, dessa forma, maior vulnerabilidade à ação dos produtos químicos.

Para o controle de tripes, os inseticidas sistêmicos aplicados nas sementes dão boa proteção inicial contra o ataque dessa praga no milho.

Da mesma forma, pulverizações das plantas, utilizando-se inseticidas de “choque” podem controlar eficientemente o tripes, especialmente quando se adiciona óleo mineral na calda inseticida. Para o controle da cigarrinha do milho, o tratamento de sementes pode proteger as plantas na fase inicial da cultura.