Todos os dias é possível acompanhar o quanto a cotação do dólar varia em nosso país. No dia 14 de maio do ano passado, o dólar bateu R$ 5,97, maior valor na história. Menos de um mês depois, despencou para R$ 4,85. Ontem (11), o dólar comercial fechou cotado a R$ 5,69 e acumula alta de 8,7% ao longo do ano, mas, afinal, como esse valor impacta na economia de Mato Grosso do Sul?
Alimentos e combustíveis estão entre os segmentos mais impactados pela elevação do dólar nos últimos meses, sendo refletido pela inflação no país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula valorização de 5,2% no país em 12 meses.
A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, explica que a valorização da moeda norte-americana contribui para manter a elevação de diversos insumos para toda a população.
“Tivemos a valorização do dólar frente ao real diante do dinamismo que tivemos no Brasil, isso faz com que tenhamos o encarecimento de diversos insumos, gasolina, alimentação, que são importados, tudo isso influencia na conta final que é repassada para o consumidor e para a economia do país, assim como de Mato Grosso do Sul”, pontuou a economista.
O consultor de empresas e especialista em mercado exterior, Aldo Barrigosse, explica que quando o real se desvaloriza muito em relação ao dólar, como é o caso atualmente, há vantagens e desvantagens. As exportações saem ganhando, o dólar mais alto tem favorecido produtores na hora de vender a safra.
Segundo Barrigosse, o bom desempenho das exportações sul-mato-grossenses está diretamente relacionado à desvalorização do real diante do dólar, o que torna o produto nacional mais barato nos mercados internacionais.
“Para quem exporta externamente e vende lá fora a alta do dólar é extremamente favorável, pois a empresa brasileira acaba recebendo mais. Produtos como celulose, soja, carne bovina, milho, carne de frango e açúcar, têm alta demanda no cenário internacional, e o atual valor da moeda, só favorece esses segmentos exportadores”, analisou.
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Conforme o levantamento divulgado pela Secretaria do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Mato Grosso do Sul fechou 2020 com alta de 11,32% nas exportações em relação ao ano anterior. O estado ocupa a 12° colocação no ranking dos estados que mais exportam.
Em 2020, as exportações somaram US$ 5,808 bilhões, enquanto em 2019 foram vendidos US$ 5,217 bilhões em produtos.
Dourados ultrapassou Campo Grande e em 2020 assumiu a segunda posição entre os municípios que mais exportam em Mato Grosso do Sul. Dados da Balança Comercial compilados pela Semagro, apontam que o município passou a representar 11,9% de tudo o que o Estado envia ao exterior.
Conforme balanço das exportações de 2020, em Mato Grosso do Sul, 10 municípios respondem por 83,5% de tudo o que é enviado para outros países. Três Lagoas lidera o ranking com participação de 41,8% devido à celulose, seguido por Dourados com 11,9%, Campo Grande com 9,12, Corumbá com 4,84% e Chapadão do Sul com 3,86%.
O economista destaca que a alta do dólar preocupa na hora de comprar defensivos, sementes e produtos de outros setores que são exportados, como exemplo do feijão, ameixa, entre outros, pois acabam chegando mais caro para o consumidor devido ao valor da moeda americana.
“Já para os setores que importam, por exemplo, saúde, eletrônicos, entre outros, acabam se prejudicando o valor do dólar, pois esses produtos acabam ficando mais caros, e chegam consequentemente com valores acima para o consumidor também”.
Aldo Barrigosse, reitera que outro ponto importante ligado a desvalorização do real e aumento do dólar, é o impacto que isso causa na inflação. No acumulado dos últimos doze meses a inflação de Campo Grande tem o índice de 8,24%, sendo a segunda maior do país e acima da média nacional.
“A alta do dólar impacta diretamente na inflação, por exemplo, em casa, nós consumimos o óleo de soja, a soja valorizou muito nos últimos anos, a China é o destino de 79% da produção de soja exportada pelo Estado, e com isso acaba faltando produtos para abastecer o mercado local. Tudo isso acaba subindo o preço no mercado e impactando no bolso do consumidor”, explicou o consultor.


