Economia

Impacto

Equiparação de boi vivo à carcaça para crédito de PIS e Cofins pode beneficiar frigoríficos de MS

Primeira Turma do STJ foi responsável pela decisão que põe fim a uma longa briga

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A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu uma decisão significativa para o setor agropecuário e frigorífico do País, ao equiparar a comercialização de bois vivos à de carcaças no cálculo do crédito presumido do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Com essa decisão, os produtores rurais e as empresas frigoríficas de Mato Grosso do Sul poderão obter crédito presumido de 60% sobre o valor do boi vivo, mesmo que esse não seja um produto finalizado.
Habitualmente, a legislação brasileira permite que os produtores rurais se beneficiem de créditos presumidos de PIS e Cofins na venda de produtos in natura.

No entanto, havia controvérsias sobre o que constitui in natura, especialmente no contexto da comercialização de gado.

Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo explica que a medida aprovada é positiva para os frigoríficos, pois aumenta o volume de crédito presumido que pode ser ressarcido com o pagamento de PIS e Cofins ao produzir mercadorias para a alimentação humana.

“Da mesma forma, a decisão também contribui para dirimir as estranhezas jurídicas de nosso ordenamento, afinal, não há porque diferenciar os subsídios dados aos frigoríficos na aquisição de animais vivos ou na forma de carcaça. Essa diferenciação serviria apenas para desestimular as aquisições de animais vivos por parte dos frigoríficos em prol das carcaças, o que poderia inclusive estimular abates clandestinos”, argumenta Melo.

O economista ainda detalha que, em ambos os casos, de qualquer forma, o abate será feito, então a legislação precisava estimular que isso fosse realizado pelos próprios frigoríficos.

“Com isso, espera-se um controle sanitário mais eficiente, uma melhora na qualidade do produto final oferecido e uma redução dos abates clandestino, além de reduzir o custo da operação em alguns ramos da cadeia da carne. Por esses fatores, essa decisão é positiva para todo o setor produtivo 
da carne”, avalia o economista.

Nesse sentido, o presidente do Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul (Sicadems), Sérgio Capuci, reitera que a decisão coloca um fim para um problema que atrapalhava toda a cadeia produtiva da carne.

“Isso trará benefícios por meio da concessão do crédito não só para os frigoríficos, mas para toda a cadeia produtiva da carne no País”, frisa.

PROCESSO

Advogado tributarista, Daniel Pasqualotto esclarece que a atividade dos frigoríficos é pegar o animal e abater – ou em algumas situações esse animal já vem abatido.

A partir desse processo, as carnes são porcionadas e mandadas para os açougues, e só então revendedores comercializam aos consumidores finais.

“Para o PIS e a Cofins, que são esses tributos que o STJ decidiu que, quando o frigorífico pagar, ele terá direito aos créditos. Ou seja, se ele tem, por exemplo, R$ 10 para pagar de PIS e Cofins, ele pode descontar os créditos que ele tem em cima desse valor”, explica Pasqualotto.

O tributarista ressalta que, nesse caso, a discussão toda ocorre por conta de uma lei que determina um crédito presumido, ação que não considera valores de compra e venda para efeito de cálculos de tributos.

“A Receita Federal do Brasil [RFB] entende que 60% do meu custo eu posso creditar. Ou seja, nesse caso específico, se eu comprei um boi vivo por R$ 1 mil para depois abater, a Receita está entendendo que 
eu posso tomar um crédito de R$ 600, sendo assim 60% do valor da minha aquisição”, detalha.

Pasqualotto pontua ainda que o que acontece é que a lei dá esse crédito presumido para animais vivos – no caso de frigoríficos, por exemplo, para a compra de bois e vacas. “Quando eu compro um animal vivo, a lei está dizendo que o crédito presumido é de 60%, e essa mesma lei tem um outro dispositivo dizendo que quando são carnes e miudezas comestíveis, o crédito presumido é de 35%”, adiciona.

Diante desse contexto, a decisão do STJ foi tomada em resposta a um recurso especial apresentado por uma empresa agropecuária que questionava a recusa de crédito presumido para a venda de bois vivos.

A empresa argumentava que a venda de bois vivos deveria ser tratada da mesma forma que a venda de carcaças, uma vez que ambos os produtos são essenciais e praticamente equivalentes para o setor de carne.

“Fazer uma diferenciação, então, quando na verdade é a mesma coisa. Dessa forma, com a decisão, ao equiparar, não importa se o animal venha vivo ou morto, no fim do dia é a mesma situação. Então, o crédito é de 60%”, afirma o advogado ao Correio do Estado.

A classificação dos produtos é feita com base na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que distingue animais vivos de carnes e miudezas comestíveis.

A decisão da Primeira Turma do STJ – relatada pelo ministro Benedito Gonçalves e acompanhada pela ministra Regina Helena Costa – considera contraditório conceder um crédito de 60% quando o frigorífico adquire boi já abatido e, ao mesmo tempo, aplicar uma alíquota de 35% quando a aquisição é de boi vivo com a finalidade de abate.

Portanto, para o Tribunal, a aquisição de gado vivo para abate e transformação em carcaça não desqualifica o frigorífico do direito de obter o crédito presumido por meio do PIS/Pasep e da Cofins com a alíquota de 60%, conforme estipulado no artigo 8º, parágrafo 3º, inciso I, da Lei 10.924/2004.

O entendimento do colegiado foi estabelecido ao examinar a controvérsia sobre a aplicação das alíquotas de 35% ou 60% para o crédito presumido das empresas que produzem mercadorias de origem animal.

ALÍQUOTA

No entendimento da Primeira Turma do STJ, o dimensionamento do crédito presumido não é tão expressivo quanto o valor numérico poderia indicar.

Por exemplo, se a contribuição a título de Cofins for de 7,6%, a aplicação da alíquota de 60% resultaria em uma redução de contribuição para 4,56%.

Segundo o colegiado, a interpretação do Fisco em relação ao enquadramento da alíquota de 35% para compra de boi vivo estava baseada em uma diretriz da RFB já revogada (Instrução Normativa nº 660/2006).

Por outro lado, a Primeira Turma do STJ tem precedentes, no sentido de que o contribuinte produtor de mercadoria de origem animal pode deduzir crédito presumido sobre os bens adquiridos de pessoa física ou de cooperativa, e não em razão dos alimentos que produz (Recurso Especial nº 1.440.268/2014).

No acórdão, os ministros salientaram que, segundo a Súmula nº 157 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), no âmbito da produção agroindustrial, sobretudo no caso dos frigoríficos, o crédito presumido previsto pelo artigo 8º da Lei nº 10.925/2004 é de 60%, e não de 35%.

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Loterias

Resultado da + Milionária de hoje, concurso 200, quinta-feira (21/11)

A + Milionária tem dois sorteios semanais, às quartas e sábados, sempre às 20h; foi excepcionalmente antecipada devido ao feriado de Nossa Senhora Aparecida, veja quais os números sorteados no último concurso

21/11/2024 19h03

Confira o resultado da +Milionária

Confira o resultado da +Milionária Foto: Divulgação

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A Caixa Econômica Federal realiza o sorteio do concurso 200 da + Milionária na noite desta segunda-feira, 21 de novembro, de 2024, a partir das 20h (de Brasília). A extração dos números ocorre no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 24 milhões.

Confira o resultado da + Milionária de hoje!Os números da + Milionária 200 são:

  • 10 - 07 - 22 - 39 - 05 - 28

  • Trevos sorteados: 3 - 5 

O sorteio da + Milionária é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal ofical da Caixa no Youtube.

Próximo sorteio: + Milionária 201

Como a + Milionária tem dois sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre no sábado, 23 de novembro, a partir das 20 horas, pelo concurso 201. O valor da premiação vai depender se no sorteio atual o prêmio será acumulado ou não.

Para participar dos sorteios da + Milionária é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

A aposta mínima custa R$ 6,00 para um jogo simples, em que o apostador pode escolher de 6 a 12 números dentre as 50 dezenas disponíveis, e fatura prêmio se acertar de 4 a 6 números.

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Reação do Agro

"Absurdo", diz governador de MS sobre veto do Carrefour à carne do Mercosul

Eduardo Riedel condena decisão da multinacional francesa e defende a imagem do agronegócio sul-mato-grossense no cenário internacional

21/11/2024 17h23

Eduardo Riedel criticou decisão do Carrefour

Eduardo Riedel criticou decisão do Carrefour Bruno Rezende/Divulgação

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, condenou a decisão da matriz do Carrefour, na França, de banir a importação de carnes de países do Mercosul. “Esse é o tipo de coisa que a gente quer combater, esses absurdos comerciais que transportam a relação para algo negativo”, disse o governador.

O comentário foi feito durante o lançamento de uma parceria com a Nuffield, uma organização internacional voltada ao fomento de estudos em outros países. O convênio será firmado por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).

A Nuffield tem como foco a agricultura sustentável e promoverá o programa em parceria com a Fundect, a Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) e a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O objetivo é fortalecer práticas de agricultura sustentável no Estado. Segundo a organização, a agricultura é a base de um futuro sustentável, e iniciativas como essa ajudam indivíduos a adquirir confiança, conhecimento e a construir redes que aprimoram suas habilidades de liderança. O programa permitirá aos participantes conhecerem as práticas mais inovadoras e modernas em empresas e propriedades rurais de referência global.

“Eu acredito que o Nuffield não é só uma oportunidade de ver e aprender lá fora, mas também de colocar um pouco de Mato Grosso do Sul no mapa do mundo”, afirmou o governador. Ele destacou que, recentemente, recebeu uma comitiva internacional de observadores, que puderam verificar como os agricultores do Estado trabalham. “Eles levaram de volta a percepção muito positiva da nossa atividade, que muitas vezes é diferente da ideia pré-concebida que se tem lá fora”, completou Riedel.

Foi nesse contexto que o governador criticou a decisão do Carrefour de proibir a compra de carne do Mercosul. “Esse tipo de coisa que a gente quer combater. Esses absurdos comerciais que trazem algo negativo para essa relação”, reforçou.

Entenda o caso

Na quarta-feira, dia 20, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciou que a empresa deixará de comercializar carnes provenientes de países do Mercosul, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Em uma carta destinada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA), e compartilhada em suas redes sociais, Bompard explicou que a decisão foi motivada pela insatisfação dos agricultores franceses. Eles protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

 

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