O setor de turismo, hotelaria e gastronomia de Campo Grande já começa a projetar o impacto da Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS) para a economia local. A Capital será sede deste evento internacional, que acontecerá em 2026, conforme anunciado pelo governo federal.
O evento reunirá governos, cientistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e sociedade civil de todo o mundo para discutir os desafios urgentes de conservação que acometem as milhares de espécies de animais silvestres que cruzam fronteiras internacionais. A conferência vai impactar a economia local.
“Há uma boa expectativa [em relação à COP15], uma vez que a previsão é de atrair entre 4 mil e 5 mil pessoas durante os seis dias de evento. Acreditamos que a estrutura atual comporta a demanda”, expressa Juliano Wertheimer, presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Mato Grosso do Sul (Sindha-MS).
Conforme o presidente, dados do Observatório de Turismo e da Prefeitura de Campo Grande demonstram que a Capital conta com mais de 8 mil leitos e mais de 2,5 mil bares e restaurantes.
“Analisando dados oficiais, o sindicato observa que o fluxo de turismo é, em sua maior parte, interno”, explica.
“A partir desta observação, conclui-se que o setor seria ainda mais estimulado se ocorressem eventos de repercussão nacional e internacional, atraindo, além do público doméstico, que tem um ticket médio mais baixo, turistas nacionais e internacionais, promovendo uma grande expansão no número de estabelecimentos de alimentação fora do lar e de hospedagem”, comenta.
Ainda de acordo com o Sindha-MS, os eventos foram apenas 0,31% dos motivos das viagens com destino a Mato Grosso do Sul no ano passado.
“Há um grande potencial de atração de público para os eventos culturais e, especialmente, para os corporativos, porém, ainda é necessário que se façam investimentos nesse segmento”, acrescenta o presidente do sindicato.
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, destacou a importância do evento e celebrou a escolha.
“Temos orgulho de sediar um evento dessa magnitude, que coloca nossa cidade no centro das discussões sobre conservação ambiental. Nossa missão será garantir que esse encontro deixe um legado positivo para as políticas ambientais locais e globais”, pontua a chefe do Executivo municipal.
POTENCIAL
O potencial evidente também é a avaliação de Bruno Wendlling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur). Em entrevista ao Correio do Estado, o gestor comentou sobre o que Campo Grande tem a oferecer no ramo do turismo de negócios.
“Temos voos que conectam as capitais que têm esse tipo de público que vem para negócios e eventos. Uma estrutura de gastronomia que pode atender. Logística, segurança, o fato de não ter trânsito. A facilidade de conectar com Bonito e com o Pantanal, para quem quer ter mais tempo, que a gente chama de ‘bleisure’, que é business [negócios] e leisure [lazer]. Então, eu entendo que Campo Grande está bem posicionada”, detalha.
Em nível estadual, dados do sindicato apontam que Mato Grosso do Sul conta com aproximadamente 25 mil estabelecimentos do setor de alimentação fora do lar, como são considerados bares e restaurantes. No setor de hospedagem, incluindo hotéis, pousadas, motéis, campings e outros, são 1.580 à disposição dos viajantes.
“Os setores de gastronomia e hotelaria do Estado estão diretamente ligados ao turismo de lazer, com alguns bolsões de expansão ligados à chegada de novas indústrias, em municípios como Ribas do Rio Pardo e Inocência”, acrescenta ainda o presidente do Sindha-MS.
Além da Capital, municípios como Bonito, Três Lagoas e Dourados também são destinos para negócios.
“Bonito também tem um ótimo centro de convenções, tanto que os últimos dois eventos internacionais do setor que nós recebemos no Estado foram em Bonito. Também tem um ótimo centro de convenções, uma rede hoteleira de mais de 7 mil leitos. Tem Dourados também, que pode receber eventos de pequeno porte. Três Lagoas tem uma rede hoteleira também, tem muitos negócios lá. Não tantos eventos, mas negócios, por conta das empresas que estão instaladas naquela região”, comenta ainda Bruno Wendlling.
A COP
A COP15 é um evento multilateral considerado essencial para a proteção da fauna migratória global e reunirá governos, cientistas, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil.
Conforme divulgado pelo governo do Estado, o principal objetivo é debater desafios urgentes da conservação das espécies migratórias e seus habitats, que enfrentam ameaças crescentes em razão da atividade humana e das mudanças climáticas.
Na ocasião do anúncio da Capital como cidade-sede, Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, explicou que o evento deve atrair participantes de 130 países.


