Economia

GIGANTE DA CELULOSE

Fim da novela: Justiça de SP vai decidir disputa por controle da Eldorado; entenda

Ministra não reconheceu decisões da Justiça de MS e impôs derrota a Mário Celso Lopes

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O empresário Mário Celso Lopes sofreu um forte revés em sua tentativa de voltar a ser acionista da Eldorado Brasil Celuose S.A. e, assim, tirar a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista do controle da gigante do setor de celulose com fábrica em Três Lagoas. A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), elegeu a 2ª Vara Empresarial de Conflitos de Arbitragem da Comarca de São Paulo (SP) para julgar a ação que Mário Celso, por meio de sua empresa, a MCL, ajuizou na 4ª Vara Cível de Três Lagoas.  

Com a decisão da ministra do STJ, perdem efeito as decisões do desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Nélio Stabile que em agravo julgado em novembro do ano passado, determinou que Mário Celso Lopes, por meio da MCL, tivesse 8,28% de participação, e também perde efeito a decisão mais recente, que determinava que a Eldorado Brasil Celulose suspendesse assembleia geral ordinária dos acionistas agendada para esta quinta-feira (30) e que estipulava multa de R$ 60 milhões em caso de descumprimento. A reunião, diga-se de passagem, ocorreu normalmente.  

Nanci Andrighi lembrou que a Eldorado não é parte dos processos envolvendo a disputa societária. “Nesse aspecto, é importe frisar que tal empresa sequer participa nos litígios judiciais descritos até aqui, que originaram esse conflito de competência. Além disso, esse tipo de assembleia é utilizado para deliberações importantes sobre a vida e administração de qualquer sociedade”, argumentou.

Se a tendência de julgamento da comarca paulista for mantida, Mário Celso Lopes ficará sujeito a graves consequências financeiras em caso de derrota. É que ele atribuiu a causa o valor de R$ 300 milhões, e estaria, pelo menos, sujeito a pagar os honorários de sucumbência, que podem atingir até 20% deste valor. Coincidentemente, os mesmos R$ 60 milhões que a J&F estava sujeita a pagar, caso desobedecesse o desembargador de Mato Grosso do Sul.  

Em medida cautelar antecedente, ajuizada pela J&F contra a MCL (Depois que o Tribunal de Justiça de MS deu a MCL 8,28% da Eldorado), a justiça paulista concedeu liminar favorável à empresa dos irmãos Batista, e declarou a inexistência de qualquer participação acionária da MCL na indústria de celulose. 

ENTENDA

Mário Celso Lopes chegou a ser sócio da Eldorado por meio de outra empresa, a MJ Participações. Em 2011, por meio da MCL, o empresário recebeu R$ 300 milhões da J&F para por fim a um litígio pelo não cumprimento da cláusula de não diluição de uma participação de 8,28% de participação no capital da Eldorado. “Após a aquisição da participação societária, é ausente de dúvida que a J&F passou a deter todo o patrimônio da MJ, inclusive toda sua participação societária na  Eldorado. Por essa operação, a J&F desembolsou um valor de R$ 300 milhões. Fato que foi confirmado pelo Sr. Mário Celso Lopes, em depoimento perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em 2019”, destacou a ministra do STJ.  

No fim do ano passado, oito anos depois da operação, Mário Celso ajuizou ação de nulidade na comarca de Três Lagoas. O juiz de primeira instância, preferiu não concedeu liminar, e iria esperar a defesa do grupo J&F, mas os advogados de Mário Celso interpuseram agravo no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e, em poucos dias, o desembargador Nelio Stabile concedeu liminar à empresa de Mário Celso, lhe concedendo o que ele pedia: 8,28% de participação na Eldorado.  

Desde então, a J&F tentou por várias vezes a reconsideração da decisão, e suspender os efeitos da liminar de Stabile, sempre sem sucesso. Na Justiça paulista, porém, ocorreu o oposto.  

Na semana passada, a medida que a assembleia geral de acionistas se aproximava, e a MCL de Mário Celso sequer havia sido convidada, os advogados do empresário, primeiramente, pediram reconsideração ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas sem êxito. Restou acionar a corte sul-mato-grossense, quando o desembargador Stabile reforçou sua decisão anterior, determinou a suspensão da assembleia de acionistas, impôs multa milionária e, por fim, remeteu o caso ao STJ. 

FORO COMPETENTE

O Superior Tribunal de Justiça não tardou a escolher qual o tribunal competente para julgar este litígio e, quatro dias após a decisão de Stabile, observou várias pistas contratuais que levavam a discussão para o estado de São Paulo. “A única relação contratual entre MCL e a J&F ocorre no contrato de compra e venda de participação societária, por meio da qual a J&F adquiriu a integralidade do capital social da MJ, então integralmente detida pela MCL. Nesse acordo, consta uma cláusula de eleição de foto, estabelecendo o Foro de Pinheiros, da Comarca de São Paulo/SP”, lembrou a ministra do STJ.

Mas ela foi além, e ainda lembrou que Nelio Stabile não demonstrou qualquer ilegalidade da cláusula que estabelece a comarca de São Paulo como o foro competente para o julgamento, e também lembrou que no acordo de acionistas entre J&F e MJ, há ainda uma cláusula compromissória para a solução de controvérsias entre as partes, e que empurraria o litígio para um juízo arbitra. “Isso afasta ainda mais a competência da Justiça de Mato Grosso do Sul”, arrematou Nanci Andrighi.  

Ao decidir de plano (diretamente) a ministra ainda lembrou que a decisão da Justiça de Mato Grosso do Sul violou súmular do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre conflito de competência. “Resta patente a violação da Súmula 335/STF (...) apesar de ficar evidenciada também uma série de outras inconsistências com a decisão do Juízo Suscitante, o que permite um julgamento de plano nestes autos”, finalizou.  

O advogado de Mário Celso, Lucas Mochi, informou que a estratégia para os próximos passos na defesa de seu cliente ainda estão sendo planejados.  

Mário Celso foi denunciado em setembro do ano passado por gestão fraudulenta de fundos de pensão. Ele foi alvo da Operação Greenfield da Polícia Federal, e até chegou a ser preso temporariamente. Os fundos Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) eram acionistas da Florestal S.A., empresa que tinha participação de 25% no capital da Eldorado, justamente em sociedade com a MJ, de Mário Celso, e a J&F. Cada um, tinha 8,28% da empresa, incorporada na transação agora contestada na Justiça. 

BILIONÁRIO INDONÉSIO QUER CONTROLE  

Atualmente, a J&F detém 50,59% do capital total da Eldorado. Os outros 49,40% da empresa é detida pelo CA Investiment (Brazil) S.A., uma sociedade do grupo Paper Excellence, holding com sede na Holanda, controlada pelo bilionário indonésio Jackson Widjaja.

Em dezembro do ano passado, o Tribunal Arbitral da Chamber Of Commerce (ICC), que faz a mediação da disputa entre a Paper Excellence e a J&F (da família de Joesley e Wesley Batista), determinou que a empresa do indonésio depositasse as garantias que deu aos irmãos Batista, donos da J&F.  

Conforme informado pela revista Exame, em medida cautelar – ou seja, que tem como objetivo assegurar que uma decisão futura possa ser cumprida –, o tribunal arbitral da ICC determinou em junho que a Paper Excellence deposite em garantia os R$ 11,2 bilhões que usaria para pagar pela participação da J&F na Eldorado. Ao mesmo tempo, ordenou que a J&F também entregue em garantia as ações correspondentes à sua fatia de 50,6%.

Em setembro de 2017, a J&F Investimentos, empresa de participações dos Batista, concordou em vender a Eldorado para a Paper Excellence em etapas. Mas, em 2018, depois que a holandesa finalizou a compra de uma fatia de 49,4%, a J&F se recusou a entregar o restante, alegando quebra dos termos do acordo.

O processo arbitral é protegido por sigilo, e a decisão só foi tornada pública porque os dois lados cumpriram a ordem. Recentemente, a CA Investiment precisou vender R$ 1 bilhão em debêntures no mercado financeiro, para integralizar o depósito exigido. Até a resolução da disputa, que deve ocorrer no próximo ano, os investidores que compraram esses títulos serão mantidos informados de suas transações.  

Em agosto de 2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) posou ao lado de Jackson Widjaja, com um cheque fictício R$ 31 bilhões. O valor, representaria a promessa de investimento caso ele conseguisse o controle. Dois meses depois, quase que o controle da Eldorado passou ao bilionário da Indonésia: a decisão do Tribunal de Mato Grosso do Sul tirava da J&F os 8,28% concedidos a Mário Celso e, assim, a Paper Excellence se tornaria majoritária na empresa, que no ano passado teve faturamento de R$ 4,3 bilhões, e lucro líquido de R$ 541 milhões. A única unidade industrial da Eldorado está localizada em Três Lagoas, distante 326 quilômetros de Campo Grande.  

MATO GROSSO DO SUL

Orçamento estadual para 2026 ultrapassa R$ 27 bilhões

O projeto foi divulgado nesta terça-feira no Diário Oficial do Estado e estima valor 3% maior que o do ano de 2025

16/12/2025 17h00

Governadoria Estadual

Governadoria Estadual FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O Governo do Estado divulgou nesta terça-feira (16) no Diário Oficial do Estado (DOE) o Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2026. 

O documento, sancionado pelo governador Eduardo Riedel, prevê uma receita total de R$ 27,19 bilhões, um crescimento de 3% com relação ao deste ano de 2025, quando foi R$ 26,4 bilhões. 

O texto, que foi elaborado com base nas diretrizes da Lei de Responsabilidade Fiscal, na Lei Federal 4.320/1964 e no Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, prevê a manutenção de investimentos, equilíbrio fiscal e continuidade dos serviços públicos, além de estimar a arrecadação fixa e a despesa do Estado para o exercício financeiro do próximo ano. 

A receita total prevista da Lei Orçamentária Estadual é distribuída entre: 

  • Receitas Correntes: R$ 24,07 bilhões
  • Receitas de Capital: R$ 587,7 milhões
  • Receitas Intraorçamentárias: R$ 2,53 bilhões

A maior parte vem da receita tributária, vinda de impostos como o ICMS, IPVA e contribuições, estimando um valor de arrecadação de R$ 22.305.289.500.

O projeto também define os limites orçamentários para os demais poderes estaduais. 

  • Assembleia Legislativa: R$ 567,57 milhões
  • Tribunal de Justiça: R$ 1,46 bilhão
  • Tribunal de Contas: R$ 444,09 milhões
  • Ministério Público: R$ 767,51 milhões
  • Defensoria Pública: R$ 377,31 milhões

Não estão previstos novos aportes do Estado em sociedades de economia mista. Porém, os orçamentos próprios das estatais somam R$870,62 milhões, distribuídos entre: 

  • Companhia de Gás do Estado de Mato Grosso do Sul (MSGás): R$173,3 milhões
  • Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul S.A (Sanesul): R$691,9 milhões
  • Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa): R$5,4 milhões

Segundo o Governo, aproximadamente R$ 3,44 bilhões serão destinados a investimentos diretos em 2026, valor que mantém Mato Grosso do Sul entre os estados com maior proporção de investimento sobre a receita corrente. 

"A queda nas importações de gás natural da Bolívia, que reduziu significativamente o recolhimento do ICMS, e os impactos da quebra de safra impuseram desafios adicionais à receita estadual. Ainda assim, o Governo do Estado manteve o compromisso com o investimento produtivo e com o atendimento à população, adotando medidas de ajuste fiscal e reduzindo em até 25% o custeio da máquina pública", afirmou o órgão. 

Além disso, Eduardo Riedel manteve a decisão de não elevar a alíquota modal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mantendo o imposto em 17%, a menor do País. 

Isso mantém os preços de diversos produtos acessíveis, aliviando o custo de vida, especialmente para famílias de menor renda. 

“O resultado dessa estratégia é um orçamento equilibrado e coerente com o cenário econômico, que mantém a capacidade de investimento sem aumentar impostos. O Estado preserva o equilíbrio fiscal junto e segue sendo referência nacional em gestão responsável e planejamento estratégico”. 

Despesas

Segundo o orçamento, a despesa total do Governo Estadual por funções é estimado no mesmo valor da receita, R$27,19 bilhões, divididos da seguinte forma: 

Despesas correntes: R$23,29 bilhões

  • pessoal e encargos: R$12,98 bilhões
  • custeio e manutenção dos serviços: R$6,37 bilhões
  • juros e encargos da dívida: R$317,6 milhões

Despesas de Capital: R$3,78 bilhões

  • Investimentos: R$3,43 bilhões
  • Amortização da dívida: R$298 milhões

Reserva de Contingência: R$112,9 milhões

A proposta reserva R$84 milhões para emendas obrigatórias dos deputados estaduais, assegurando a participação do Legislativo na destinação de recursos para áreas como a saúde, infraestrutura e assistência social. 

Veja o documento completo aqui.

LOA

Câmara de Campo Grande aprova orçamento de quase R$7 bilhões para 2026

O valor representa um aumento de 1,49% com relação ao orçamento do ano de 2025

16/12/2025 15h30

Câmara Municipal de Campo Grande

Câmara Municipal de Campo Grande FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou nesta terça-feira o Projeto de Lei 12.049/25 que estima a receita e fixa o orçamento financeiro para o ano de 2026 na Capital. 

O documento prevê que o valor disponível para o próximo ano seja de R$ 6,974 bilhões, um aumento de 1,49% no comparativo ao do ano de 2025, que foi de R$ 6,871 bilhões. 

No relatório final da Lei Orçamentária Anual (LOA), foram inseridas 731 emendas dos vereadores, todas aprovadas em sessões, e contemplam investimentos na saúde, com destaque para o Hospital Municipal, recursos para contratação de mais profissionais da área, casa de parto humanizado, além da área de bem-estar animal com Hospital Veterinário.

Há ainda emendas para investimentos em asfalto, ampliação de ciclovias e drenagem e contenção de enchentes, preservação de parques, recursos para inclusão, educação, habitação e segurança.

O projeto segue agora para aprovação ou veto da prefeita Adriane Lopes.

Caso alguma emenda seja vetada, ela deve retornar para a Câmara, que pode manter o que foi vetado ou derrubar o veto e garantir que a emenda seja aprovada, com a promulgação. 

Para o vereador Otávio Trad (PSD), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento e relator da LOA, o documento contempla um número recorde de emendas. 

Das 736 emendas, 731 foram consideradas aptas para a discussão e votação, sendo 317 emendas impositivas, ou seja, indicadas pelos vereadores e que, obrigatoriamente, precisam ser executadas pela prefeitura. 

Cada vereador destinou R$ 830 mil na modalidade, sendo metade do recurso destinado exclusivamente para a área da saúde. 

“Nós andamos a cidade diariamente, sabemos das necessidades. A população vem nos cobrar infraestrutura, saúde pública e estamos refletindo essas cobranças na peça orçamentária, para que possa ser investida a arrecadação nos locais de maior necessidade”, ressaltou o vereador Otávio Trad. 

Apenas o vereador Marquinhos Trad (PDT) votou contrário ao Projeto de Lei. 

FOLHA DE PAGAMENTO

Câmara Municipal de Campo Grande

Como já adiantado pelo Correio do Estado, a Prefeitura de Campo Grande vai comprometer mais da metade do orçamento de 2026 com despesas de pessoal e encargos sociais. 

Dos R$ 6,97 bilhões, R$ 3,9 bilhões, o equivalente a 56% da Receita Corrente Líquida (RCL), serão destinados para pagamento da folha do funcionalismo, aposentadorias e encargos.

O porcentual é maior que o observado na LOA 2025, quando o gasto com pessoal representou cerca de 52% da RCL, segundo levantamento feito pelo Correio do Estado.

Apesar do crescimento, o índice permanece dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que estabelece teto de 54% para o Poder Executivo e até 60% para o conjunto dos Poderes.

A maior parte dos recursos para 2026 continua concentrada em despesas correntes (93,35%), enquanto apenas 6,55% estão reservados para investimentos e amortização da dívida. 
Neste ano, o porcentual de investimentos foi de aproximadamente 9%, o que indica retração da capacidade de obras e novos projetos no próximo ano. 

 

 

*Colaborou Súzan Benites

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