A Ford Motor restabeleceu seus dividendos pela primeira vez em cinco anos nesta quinta-feira, com um pagamento de US$ 0,05 por ação. A segunda maior montadora do mundo pretende manter o desembolso mesmo se houver algum declínio futuro da atividade comercial.
São chamadas de dividendos as parcelas do lucro que as companhias pagam aos acionistas periodicamente.
Os dividendos serão entregues aos donos de ações ordinárias e preferenciais classe B em março, e custarão à Ford cerca de US$ 190 milhões no primeiro trimestre.
Se for pago ao longo do ano, a Ford desembolsará US$ 760 milhões em dividendos. A companhia possuía cerca de 3,8 bilhões de ações em circulação.
A última vez que a companhia pagou dividendos trimestrais, também de US$ 0,05, foi em setembro de 2006, quando estava em crise.
Naquele mesmo mês, o presidente do Conselho de Administração, Bill Ford, levou Alan Mulally como presidente-executivo da Ford para liderar uma reviravolta na companhia e impedir uma concordata.
"Comparado ao passado, nós reestruturamos a companhia substancialmente", afirmou o diretor financeiro Lewis Booth durante uma teleconferência.
A retomada da Ford levanta questões sobre o que a concorrente norte-americana General Motors vai fazer com sua gigantesca pilha de dinheiro, disse em relatório o analista Itay Michaeli, do Citigroup.
A GM, que recebeu um plano de resgate federal e retornou ao mercado de capitais em novembro de 2010, encerrou o terceiro trimestre com US$ 33 bilhões em caixa.
A decisão da Ford em reativar os dividendos acontece em um momento em que a indústria automotiva europeia sofre desaceleração que prejudica as margens de lucros. No terceiro trimestre, a Ford perdeu 306 milhões de dólares na Europa e a GM também está sofrendo.
No entanto, a Ford acredita que é forte o suficiente para restaurar os dividendos.
"Nós fizemos testes de estresse, olhando para cenários diferentes na Europa e nos sentimos confortáveis em uma base mundial de que podemos recomeçar os dividendos", disse Booth a repórteres.


