A Petrobras anunciou um novo aumento nos preços dos combustíveis fósseis. A partir de hoje, a gasolina sobe 7,04%, e o diesel, 9,15%. No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% e a gasolina de 73,4% nas refinarias.
Em decorrência dos reajustes, alguns sul-mato-grossenses se deslocam para os países vizinhos, Bolívia e Paraguai, para abastecer seus veículos. Do lado boliviano, a gasolina é 40,56% mais barata e no Paraguai 20,76%.
Conforme pesquisa da reportagem, em Pedro Juan Caballero (Paraguai), a gasolina varia entre R$ 4,80 e R$ 5,50 (média de R$ 5,15), cidade que faz fronteira com Mato Grosso do Sul.
Enquanto na cidade irmã, Ponta Porã, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro é comercializado pelo preço médio de R$ 6,50 – variando entre R$ 6,48 e R$ 6,53.
“As pessoas estão atravessando para comprar gasolina do lado de cá”, informa o presidente da Câmara de Indústria, Comércio, Turismo e Serviço de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto.
O empresário Alejandro Aranha explica que, para aqueles que abastecem com diesel, “cruzar a fronteira não está compensando, o diesel comum custa mais ou menos R$ 5,30 e a gasolina comum R$ 5,15”, enquanto em Ponta Porã, o diesel vai de R$ 4,99 a R$ 5,17 o litro.
Um estudante que mora na cidade brasileira, e preferiu não se identificar, afirmou ao Correio do Estado que com as altas consecutivas no preço da gasolina no Brasil tem abastecido sempre no Paraguai.
“A última vez paguei R$ 5,20 no litro, ou seja, paguei R$ 249,60 para encher meu tanque que tem 48 litros”, caso o estudante abastecesse em Ponta Porã, onde a média é de R$ 6,50, gastaria R$ 312.
CLANDESTINIDADE
Em Puerto Quijarro (Bolívia), na fronteira com Corumbá, a gasolina tem um preço ainda menor. Conforme apurado pela reportagem, o preço é padronizado a R$ 4. Há um único tipo de gasolina no país, com a octanagem maior que a da brasileira e sem a mistura de etanol.
O governo boliviano subsidia o preço, por isso ele é mais barato. Em contrapartida, não é autorizado abastecer veículo estrangeiro. Segundo fonte que preferiu não se identificar, as pessoas acabam comprando clandestinamente.
“O abastecimento na fronteira ocorre, mas não de forma legal. Tem horários para abastecer. Geralmente, quem abastece, coloca uns 20% a 30% de etanol aqui [em Corumbá] ou gasolina comum para compensar a regulação do carro. Porém, a gasolina boliviana tem pureza maior e exige mais dos sistemas do carro”, explicou.
A Agência Nacional de Hidrocarburos (ANH) aponta que a Bolívia “tem os preços dos combustíveis congelados há mais de uma década, o que lhe permite permanecer por vários anos como o terceiro país com a gasolina mais barata do mercado, superado apenas pelo Equador e pela Venezuela”.
A ANP deixou de fornecer dados com os preços da gasolina em Corumbá, mas conforme pesquisa local o litro é comercializado pelo preço médio de R$ 6,73.
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PREÇOS
Na prática, a gasolina aumentou 36,02% em 2021, ou R$ 1,65 por litro em Mato Grosso do Sul.
Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na primeira semana de janeiro, o combustível era comercializado pelo preço médio de R$ 4,58, indo do mínimo de R$ 4,46 ao máximo de R$ 4,77, enquanto nos preços aferidos na semana passada, o litro foi a R$ 6,23, variando entre R$ 5,99 e R$ 6,66.
Já o diesel comum saiu do preço médio de R$ 3,64 (de R$ 3,48 a R$ 3,83) em janeiro para o preço médio de R$ 4,90 – entre R$ 4,59 e R$ 5,34. Aumento de 34,61% nos postos de combustíveis do Estado.
Para encher o tanque de um carro movido a gasolina com capacidade para 50 litros, por exemplo, o sul-mato-grossense gastou R$ 229, já na semana passada, antes do novo reajuste, para abastecer o mesmo veículo foi preciso desembolsar R$ 311,50 – diferença de R$ 82,50.
Em Campo Grande, de acordo com a ANP, na semana passada a gasolina variava entre R$ 5,99 e R$ 6,39 – média de R$ 6,19. No entanto, a reportagem flagrou na tarde de ontem fila em posto de combustível que comercializa o combustível a R$ 6,62.
A estatal já reajustou mais de 10 vezes o preço dos combustíveis em 2021, é o segundo aumento somente no mês de outubro.
Em nota, a Petrobras justifica que os reajustes são “para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.
Segundo o doutor em economia Michel Constatino, o aumento dos combustíveis acaba refletindo em outros índices, como a inflação.
“Com o aumento dos combustíveis aumenta o custo de logística, principalmente do frete, e acaba aumentando os preços finais de diversos produtos e consequentemente a inflação”. (Colaborou Rodolfo César)




