A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) informou ontem que os bovinos supostamente clandestinos da Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia, não representam risco sanitário ao status de área livre de febre aftosa sem vacinação, conquistado por Mato Grosso do Sul e já reconhecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Conforme a Iagro, os técnicos da agência estiveram na Fazenda Clarão da Lua, que tem 3 mil hectares de área, juntamente com um oficial de Justiça. Na ocasião, vistoriaram o local e confirmaram a existência dos bovinos. “Todos em bom estado sanitário e sem sintomas de doenças infectocontagiosas”, afirmou a Iagro em nota.
Apesar da declaração da Iagro, os animais não constam como gado da fazenda, objeto de uma disputa judicial envolvendo três pessoas: o ex-proprietário, Marcos Garcia Azuaga; um proprietário que comprou a fazenda e a revendeu quatro dias depois da compra (Rodrigo Ricardo Ceni); e um terceiro que comprou a fazenda, mas que arrendava o local havia mais de 10 anos: Amerco Rezende de Oliveira.
Quando Ceni tomou posse da fazenda, há 20 dias, o gado já estava lá. Um dos capatazes disse que havia 800 cabeças, e outro, 1,6 mil.
Agora que a fazenda terá de ser devolvida a Amerco Rezende de Oliveira, arrendatário da terra há mais de 10 anos, a exigência é de que o gado seja minimamente contado e que exista documentação. No sistema de controle da Iagro, não consta documento algum.
A justificativa da Iagro de que o gado não representa risco sanitário seria uma “pulada de cerca”.
“Durante a inspeção, realizada a partir de notificação judicial, foram identificadas marcas compatíveis com o cadastro de uma propriedade vizinha, registrada em nome de uma das partes envolvidas no litígio. Houve movimentação dos animais entre as áreas sem a devida comunicação ao órgão, o que configura infração administrativa e será devidamente apurada. O proprietário responsável será autuado conforme prevê a legislação sanitária vigente”, informa a nota da Iagro enviada ao Correio do Estado via governo.
“Ainda no dia 2 de abril, enquanto era realizada a inspeção, ficou agendada a contagem oficial dos animais para 14 de abril. A definição da data foi feita em consenso com o oficial de Justiça. A partir desse procedimento, será possível concluir o levantamento formal e seguir com os trâmites administrativos necessários”, completa a nota.
Sem vacinação
A exposição do gado sem qualquer registro na fazenda veio dias antes da viagem das autoridades de Mato Grosso do Sul a Paris, na França, onde o Estado receberá da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o status de área livre da febre aftosa sem vacinação. É uma conquista que Mato Grosso do Sul almeja há décadas, quase desde sua fundação.
Na semana passada, durante abertura da da Expogrande, autoridades falaram em fazer um churrasco na capital francesa para comemorar o status.


