Economia

INFRAESTRUTURA

Melhorar a logística de MS requer investimento de R$ 49,42 bilhões

Levantamento aponta que, até 2035, Mato Grosso do Sul deve aumentar em 70% a malha ferroviária

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Mudar a característica do transporte de mercadorias e produtos em Mato Grosso do Sul deve demandar R$ 49,42 bilhões em investimentos até 2035. É o que diz o relatório logístico elaborado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL) em colaboração com o governo do Estado.  

A entrega do relatório final a diversos setores da cadeia transportadora e produtora de MS ocorreu na semana passada, no auditório do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).  

Segundo a EPL, o estudo cria uma base de dados e é um legado para os próximos anos de gestão, esse valor seria principalmente gasto na ampliação da malha ferroviária e na otimização da malha rodoviária, além de duplicação de alguns trechos. Também estão previstos investimentos em hidrovias e aeroportos.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, a produção de milho, soja, carne e celulose em MS tem crescido ano a ano e, consequentemente, o tráfego de veículos tem acompanhado e o efeito disso se nota na elevação de custos da produção.  

“Os caminhões estão percorrendo longas distâncias. Quer dizer, quando a gente fala em gargalo, em logística, o produto sai de alguma forma, mesmo com custo elevado. Então o estudo foi feito com toda a base de produtos do Estado e todo o produto que transita em Mato Grosso do Sul”.

Conforme Cícero Filho, economista da EPL, o relatório demorou 13 meses para ser concluído, e no período que os técnicos percorreram MS o principal desafio foi acessar dados.  

“O Estado tem uma vocação para o agro muito forte, e o problema maior encontrado foi o acesso a dados, no entanto, a receptividade e a disposição dos municípios foram fundamentais”, comenta.  

DIVERSIFICAÇÃO

Segundo Lilian Campos Soares, coordenadora do Observatório Nacional de Transporte e Logística, o problema maior encontrado é a concentração do fluxo de produtos.

“O escoamento da produção pelas estradas representa quase 80%, e isso encarece os produtos e tira competitividade”.  

Jaime Verruck declara que os 1.500 km de ferrovia tidos como objetivo é uma proposta para médio e longo prazo. “Assim conseguimos mudar o perfil, sair de 80% do volume transportado em rodovia para 50% e os outros 50% em ferrovias”.  

Cícero Filho conta que com a diversificação da malha do Estado a pressão sobre os preços deve cair. “A gente tem uma estimativa de redução de 26% do custo de transporte, já considerando o valor do tempo da carga e o valor do frete”, pontua.

Para o economista, essas novas rotas de escoamento dariam às commodities produzidas em MS diferentes canais de transporte.  

“O fluxo de minério de ferro de Corumbá provavelmente focaria na ferrovia. A carga agrícola teria o perfil de descer pela Ferroeste para os portos do sul, principalmente soja e milho. A celulose teria um potencial de usar a BR-262, por exemplo, além do Corredor Bioceânico, com cargas gerais e outros tipos de produtos”, finaliza.  

De acordo com o relatório, o modal com menor capacidade de expansão são as hidrovias, por causa do fluxo. Segundo Jaime Verruck, de Porto Esperança até o terminal e Porto Murtinho o espaço é dividido com a Bolívia. Já de Porto Murtinho até Corumbá existem três pontos críticos que necessitam de dragagem para a melhora do fluxo e para permitir que as embarcações façam manobras.  

“Mesmo em funcionamento normal, as barcaças têm de ser desconectadas para que se façam curvas. Então, você imagina um setor de barcaça e o tempo que ele leva para desconectar, passa a barcaça e aí retorna”.

Ele segue dizendo que já há um estudo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e um pedido de licenciamento ao Ibama para essa autorização de dragagem.  

Segundo Verruck, o governador Reinaldo Azambuja já se disponibilizou a alocar R$ 15 milhões em recursos para executar a obra. “Isso melhoraria o fluxo, inclusive quando se tem a redução do calado do rio. Esses são os pontos críticos que travam”.  

INVESTIMENTO

O relatório final da EPL traz expectativa de geração de 127 mil empregos no período de 12 anos com a diversificação da infraestrutura em Mato Grosso do Sul.  

Esse volume de trabalhadores seria fundamental para realização de 5.800 km de obras em rodovias, no valor estimado de R$ 18,10 bilhões; mais de 1.500 km em obras em ferrovias, com R$ 30,47 bilhões em investimentos; mais de 1.100 km em obras em hidrovias, com R$ 765 milhões estimados; e obras de adequação e ampliação em seis aeroportos, com investimento de R$ 82 milhões.  

Conforme a peça, atualmente, MS dispõe de aproximadamente 100 km duplicados de rodovia e precisaria de 2.275 km em obras de duplicação, o que totalizará mais de 2.375 km em rodovias duplicadas. Neste montante consta a duplicação urgente da BR-163, que corta MS da divisa com o Paraná até a divisa com Mato Grosso. Esse projeto está estimado em R$ 3 bilhões e integra as regiões Norte e Sul do País.  

Na porção leste do Estado, duas rotas carecem de duplicação, a mais urgente seria a duplicação da BR-262 ligando Campo Grande a Três Lagoas, passando por Água Clara e Ribas do Rio Pardo. Principalmente para atender os megainvestimentos em celulose, da Arauco e da Suzano, e o grande volume de mercadorias escoado pela rodovia.

A segunda ligará Nova Alvorada do Sul à divisa com o estado de São Paulo. O custo de duplicação ficaria em R$ 2 bilhões no primeiro caso e R$ 918 milhões no segundo.  

Além dessa duplicação, seria ampliada a malha rodoviária pavimentada. Com 14.793,66 de quilômetros totais, Mato Grosso do Sul possui apenas 30,95%, ou 4.579,36 km pavimentados.  

Também será necessária a ampliação da malha ferroviária dos 890 km atuais para 1.500 km projetados, uma expansão de 70% no total. Entre os principais projetos, a remodelagem da Malha Oeste, que sai de Corumbá e vai até o Rio de Janeiro, passando por São Paulo, custaria R$14,8 bilhões.  

A construção da Ferroeste de Dourados a Cascavel, no Paraná, está estimada em R$ 10 bilhões, e entre Dourados e Maracaju, R$ 2,850 bilhões.  

O investimento mais caro feito em trecho dentro do Estado deve ser a construção da ferrovia Pantanal, estimada em R$ 13,8 bilhões, que ligaria Maracaju a Porto Murtinho, garantindo intermodalidade ao novo Corredor Bioceânico.  

Os investimentos em terminais de grãos em Maracaju, Dourados, porto para o recebimento de mercadorias em Bataguassu, terminais ferroviários e dragagem da hidrovia do Rio Paraguai, de Cáceres a Porto Murtinho e depois do Rio Apa até Santa Fé, fora de MS, além da construção de pontes e pontos de integração entre os diferentes modais, resumem as sugestões e planos do relatório logístico.  

Ao todo, foram sugeridos 123 empreendimentos, sendo 6 aeroportuários, 6 ferroviários, 8 hidroviários e 103 rodoviários.

BRASIL

Inflação de alimentos deve voltar ao positivo, com estiagem e queimadas

Cenário contrasta com os últimos dois anos, quando a inflação de alimentos consumidos em casa fechou setembro com deflação

15/09/2024 20h00

 última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%)

última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%) Marcelo Victor/Correio do Estado

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Clima seco e queimadas em boa parte do País devem prejudicar a produção de itens como carne bovina, cana-de-açúcar e frutas; e levar a inflação da alimentação no domicílio, medida pelo IPCA, para o terreno positivo já no mês de setembro, após quedas em julho e agosto, projetam economistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Esse cenário contrasta com os últimos dois anos, quando a inflação de alimentos consumidos em casa fechou setembro com deflação (de 1,02% em 2023 e de 0,86% em 2022).

Cabe apontar que a última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%), mas em um contexto de disparada dos preços como reflexo da pandemia.

A pressão na oferta de alguns alimentos devido ao clima seco se soma aos impactos da mudança de bandeira tarifária na energia elétrica, que já levou o mercado a revisar para cima as projeções para a inflação do mês.

Economista da LCA Consultores e especialista em inflação, Fabio Romão projeta alta de 0,17% para a alimentação no domicílio no IPCA de setembro.

Ainda que modesta, Romão destaca que essa variação contrasta com o recuo de 1,10% esperado para a abertura no IPCA de agosto, que será divulgado nesta terça-feira, e também com o padrão sazonal da alimentação no domicílio para os meses de setembro.

"A mediana da variação da alimentação no domicílio nos meses de setembro dos últimos dez anos [de 2014 a 2023] é de queda de 0,33%. A taxa esperada para setembro agora não é alta, mas é muito diferente da mediana", acrescenta Romão, que atrela o cenário aos impactos do clima seco e a falta de chuvas das últimas semanas.

Entre os principais vetores de pressão para esta leitura, o economista enumera as frutas, derivados do leite, café, bebidas não alcoólicas e feijão.

A produção da cana-de-açúcar, acrescenta Romão, também tende a ser prejudicada com o clima seco e as queimadas, especialmente no Estado de São Paulo, mas o impacto no IPCA deve ficar mais para frente. "Pensando no timing da safra, deve ter impacto no começo de 2025", estima.

Romão espera que a alimentação no domicílio encerre o ano de 2024 com alta de 5,6%, após um recuo de 0,52% no acumulado de 2023.

A projeção chegou a rodar na casa de 4,5% e foi sendo ajustada, à medida que os impactos do clima seco deste ano eram incorporados ao cenário, observa o economista.

A pressão nos alimentos, acrescenta, também contribuiu para a revisão altista na projeção da LCA para o IPCA como um todo deste ano, que era de 4,2% há dois meses e hoje está em 4,4%.

Seca

A Warren Investimentos também tem em seu cenário-base o retorno da alimentação no domicílio para o nível positivo na passagem do IPCA de agosto para o de setembro (-0,95% para 0,05%).

A estrategista de inflação da casa, Andréa Ângelo, cita que o clima seco tende a prejudicar a oferta de alguns itens in natura, mas, para ela, o principal problema causado pela falta de chuvas deve aparecer no preço da carne bovina.

"Tivemos um primeiro semestre com um 'super abate' de bovinos e, agora, por causa da seca, as pastagens estão muito ruins. O boi demora mais para engordar, então a oferta de animais para abate diminui", detalha a economista.

Em relação aos problemas com a cana-de-açúcar, Ângelo aponta que as queimadas em algumas regiões produtoras fizeram com que a produção tivesse de ser direcionada mais para o etanol do que para o açúcar, interferindo na quantidade ofertada de cada item.

"Então deve haver um repique [no preço] do açúcar, mas queda no preço do etanol. No curto prazo, para o IPCA como um todo, isso não é ruim", salienta Ângelo.

Na balança

Assim, dada a pressão adicional sobre o preço da carne bovina e a manutenção da variação de alguns itens in natura ainda em nível elevado por conta da estiagem, a Warren adicionou, por ora, um impacto altista de 0,07 ponto porcentual à estimativa da casa para o IPCA de 2024, que hoje é de 4,5%, no teto da meta para este ano. Para a alimentação no domicílio, a projeção é de alta de 5,94% em 2024.

Já o economista da Quantitas João Fernandes avalia que o efeito das queimadas e da atual estiagem sobre a inflação de alimentos ainda é incerto.

Por ora, pontua, itens como café e açúcar já sentem impactos mais expressivos nos preços, mas, assim como Ângelo, Fernandes chama a atenção para os efeitos sobre a cotação do boi gordo com vencimento em outubro de 2024, que já subiu cerca de 6% desde o início de agosto.

"A cotação [do boi gordo] tem andado também, mas é um pouco difícil isolar o quanto é efeito das queimadas e o quanto é efeito do ciclo de abate de fêmeas", analisa Fernandes. "Ali reside um risco importante a se monitorar", diz.

Para ele, caso o risco se concretize, a maior parte do impacto no IPCA de setembro deve ser absorvida pela carne bovina. "Tem um peso muito grande", afirma.

O economista prevê que a alimentação no domicílio deverá avançar a 0,44% em setembro, após queda de 1,51% em julho e perspectiva de recuo também para agosto. A projeção da Quantitas é de alta de 5% para a inflação da alimentação no domicílio neste ano.

Para o IPCA como um todo, Fernandes estima alta de 4,2% em 2024. Apesar da recente pressão nos alimentos já incorporada ao cenário, ele cita que há perspectiva de um impacto baixista vindo do etanol, justamente pelo aumento da moagem da cana, devido às secas.

Há, porém, um risco de alta para esse item a partir do primeiro trimestre de 2025, ressalta.

 

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REPASSE DE ROYALTIES

Arrecadação com mineração em MS cresce 95% em 8 meses

Extração de ferro e manganês no interior do Estado foram responsáveis por "engordar" a Cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) embolsada pelo Estado na divisão de recursos

15/09/2024 15h34

Mesmo com produção constante, exportação de mineração caiu em MS mas empresas seguem em busca de mão de obra.

Mesmo com produção constante, exportação de mineração caiu em MS mas empresas seguem em busca de mão de obra. Reprodução/LHG

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Valores referentes à chamada cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) de MS - ou seja, quanto o Estado arrecada com a mineração - mostram um crescimento de 95% do quanto Mato Grosso do Sul embolsou com a atividade em oito meses.

Em números absolutos, em janeiro de 2024 - diante da distribuição nacional referente a dezembro, dos R$ 487.785.640,59 aos estados e municípios produtores minerais -, a cota de mato Grosso do Sul foi pouco mais de meio milhão (R$ 514.183,01). 

Já os números divulgados na última semana, pela Agência Nacional de Mineração (ANM), mostram que a exploração mineral rendeu R$ 1.007.079,70 em royalties  à Mato Grosso do Sul no mês de agosto, valor a ser embolsado agora em setembro. 

Porém, apesar do desempenho, o ranking da distribuição da CFEM por Estados permanece intacto, onde Mato Grosso do Sul segue ocupando a sétima colocação, atrás de: 

  • Minas Gerais
  • Pará
  • Goiás
  • Bahia
  • Mato Grosso
  • São Paulo

Diferenças

Quanto à arrecadação, em agosto, a exploração mineral rendeu R$ 43.126.678,74 à Minas Gerais, que ocupa a primeira colocação do ranking, com a diferença de R$ 1.922.650,74 para o Pará, que vem logo na segunda colocação. 

Da segunda para terceira colocação já há um "abismo" de diferença entre os valores de mais de R$ 41 milhões em royalties recebidos pelo Pará e os R$ 2.527.878,52 de cota-parte de Goiás, valores mais próximos da realidade sul-mato-grossense. 

Raio-x da mineração

Ainda na virada para 2024, o Governo do Estado já via com bons olhos e a sétima colocação do CFEM no Brasil, graças principalmente ao desempenho crescente da extração de ferro e manganês. 

Desde janeiro, inclusive, a empresa do Grupo J&F (LHG Mining) - antiga MCR (Mineração Corumbaense Reunida), que possui duas minas em operação no interior do Estado -, aparece com bom desempenho, sendo a primeira em arrecadação à época, frisa o Governo do Estado de MS. 

O setor apresenta franco crescimento e inclusive busca mão de obra, já que a empresa até mesmo abriu 100 vagas no início da semana, para interessados em morar e trabalhar em Corumbá, das quais restavam apenas 20 passado o intervalo de quatro dias. 

Em Mato Grosso do Sul, principalmente a Cidade Branca é quem puxa os bons resultados do Estado, sendo o primeiro sul-mato-grossense a aparecer no ranking detalhado dos valores distribuídos. 

Enquanto as dezoito primeiras colocações nessa listagem ficam por conta de municípios dos dois principais Estados exploradores da atividade (Pará e Minas Gerais), Corumbá - segundo a cota-parte de agosto/setembro - embolsando R$ 3.266.984,13 em royalties. 

Entretanto, como bem abordou recentemente o Correio do Estado, a exportação de minério caiu mesmo com a produção constante, segundo dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo, elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

Isso porque, enquanto  4,5 milhões de toneladas de minério de ferro foram enviadas ao mercado externo no ano passado, os dados de 2024 apontam para 3,008 milhões de toneladas (US$ 204 milhões) de janeiro a agosto. 

 

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