Economia

ANÁLISE

MS fez "lição de casa" e está preparado para a reforma tributária, diz economista

Para Zeina Latif, Mato Grosso do Sul tem vantagens competitivas e já não depende de incentivos para atrair investimentos

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Tema recorrente de inúmeros debates, a reforma tributária traz ainda muitas dúvidas para a sociedade civil. Entre as grandes discussões travadas por setores da economia e gestores dos entes federados está a mudança no modelo de cobrança de impostos e o fim dos incentivos fiscais oferecidos pelos estados para atrair empresas.

Para a renomada economista Zeina Latif, Mato Grosso do Sul não deverá sofrer grandes impactos com o novo modelo de tributação, já que fez a “lição de casa”. 

A reforma tributária trouxe a extinção dos benefícios fiscais concedidos pelos estados, exceto para os casos previstos na Constituição, visando uniformizar a tributação e reduzir a competição desleal entre as unidades federativas, ou seja, acabar com a chamada “guerra fiscal”. 

Questionada sobre a possibilidade de Mato Grosso do Sul perder com o fim dos incentivos, a doutora em Economia frisa que quem fez um bom trabalho não sofrerá com o processo de desindustrialização, como é o caso de MS. 

“A guerra fiscal dos estados, em um primeiro momento, ajudou desconcentrar, mas foi ficando muito claro para os governadores que o nível de renúncia fiscal estava ficando absurdo. Porque realmente ela parou de cumprir seu papel, vamos dizer assim, e estava gerando uma renúncia tributária muito forte. Sem contar que o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] foi se tornando um imposto obsoleto. Para aqueles estados que conseguiram mudar de patamar, que utilizaram o ganho que tiveram de arrecadação com a atração dessas empresas e sofisticaram os seus setores, eu não vejo por que ter desindustrialização”, explica a economista. 

“Por exemplo, aqui, eu não vejo por que [isso ocorreria], já que você tem uma empresa que tem todo o seu capital organizacional [no Estado]. Eu acho que as mudanças, elas vão ser para aqueles estados que não conseguiram trazer nada. E essa deve ser a principal concorrência. Olha, eu estou indo para um estado em que eu vou ter mão de obra qualificada, infraestrutura, marcos regulatórios mais previsíveis, baixa insegurança jurídica. Essa é a principal concorrência, não pode ser por causa do tributo. Então, eu acho que quem fez a lição de casa, não vai sofrer”, completa Zeina. 

A “guerra fiscal” ocorre porque, hoje, o modelo tributário permite que um estado institua, regulamente e cobre o ICMS, podendo conceder, nos termos da Lei Complementar nº 160/2017, incentivos fiscais para o pagamento do imposto pela iniciativa privada.

Os benefícios fiscais concedidos pelos estados, normalmente, buscam fomentar determinadas atividades. 

Com a chegada do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), os estados não poderão mais conceder incentivos fiscais, já que a Constituição trouxe os regimes favorecidos de tributação, com a possibilidade de redução a zero de alíquotas ou com a concessão de incentivos fiscais específicos regulamentados por lei complementar.  

Vale ressaltar que os incentivos fiscais do ICMS ainda permanecerão vigentes até 2032.

A redução dos benefícios ocorrerá de forma gradual durante o período de transição, e essa diminuição começará em 2029 e os benefícios serão extintos completamente em 2033. 

“Do ponto de vista dos motores de crescimento do País, tem excelentes notícias, mesmo que a gente não colha esses frutos rapidamente. No caso, vai ter ainda a transição até 2032, mas eu não acho que, assim, virou a chave e vai ser o fim do mundo. Cada estado tem suas particularidades. O benefício lá na frente é para todo mundo”, reforça a economista ao Correio do Estado.

INDÚSTRIA

Zeina Latif ainda avalia que, para que a economia deslanche de vez, é necessário que haja um maior investimento na indústria e na comercialização dos produtos industrializados. 

A economista avalia que houve uma queda grande nos investimentos em industrialização nos últimos anos e é necessário que haja essa expansão para que o País cresça. 

“No caso da indústria, caiu muito a taxa de investimento, e isso é um problema. A reforma tributária do IVA [Imposto sobre Valor Agregado], traz um alívio para a indústria, não de forma unificada, a gente sabe. Depende do estado, do que produz, enfim. Mas o efeito multiplicador na economia é forte, porque a indústria tem um peso muito importante. O efeito multiplicador da indústria é muito grande. Então, por exemplo, parte do setor de serviços vem atrás, porque é justamente de provedores de serviços para a indústria”, reitera. 

A economista não minimiza a importância do agronegócio para o desenvolvimento econômico, mas aponta que os setores estando interligados, como no caso da agroindústria, corroboram para um crescimento mais assertivo. 

“O agro, apesar de ter sido crucial para o Brasil superar aquele problema que a gente chama de vulnerabilidade externa, não é exatamente um puxador de crescimento sozinho. A gente realmente precisa da indústria. Você ter a commodity processada, com um ambiente de negócios mais razoável e um sistema tributário mais racional, acho que é um salto que a gente pode ter. Eu realmente acho que a gente pode ter bons efeitos”, ressalta Zeina Latif. 

Ainda segundo ela, a reforma tributária caminha a passos lentos, mas, ainda assim, traz uma mudança necessária para o sistema tributário da economia brasileira. 

“São engrenagens que vão aos poucos se azeitando, por isso que eu não tenho uma leitura negativa, só me preocupo com esse azeitamento ser muito lento, com muitos retrocessos, a gente vê velhos hábitos voltando, me preocupa a lentidão”.

A China é o principal destino das exportações nacionais. Conforme o Correio do Estado já noticiou, o país asiático consome atualmente 48,36% da produção de Mato Grosso do Sul. A economista reforça que a diversificação de mercados é um passo importante para o crescimento econômico.

“Olhando para o futuro, eu realmente acho que seria importante o Brasil diversificar, não ficar dependente só da China. Na pandemia foi bom, mas é importante sair o acordo com a União Europeia. Obviamente, sou muito cética, não vai sair no atual governo, mas a gente produz, a gente é competitivo e pode ser mais”, finaliza Zeina Latif, em entrevista ao Correio do Estado

Saiba

Zeina Abdel Latif esteve em Campo Grande, na manhã desta terça-feira, para a edição especial Correio do Estado do Café com Negócios, na sede do Sebrae-MS. Zeina é consultora econômica com mestrado e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP).

Teve passagem por várias instituições financeiras, foi economista-chefe da XP e, antes disso, trabalhou no Royal Bank of Scotland, ING, ABN-Amro Real e HSBC. Foi conselheira do Conselho para o Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República no governo de Michel Temer.

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LOTERIA

Resultado da Quina de ontem, concurso 6588, sexta-feira (22/11): veja o rateio

A Quina realiza seis sorteios semanais, de segunda-feira a sábado, sempre às 20h; veja quais os números sorteados no último concurso

23/11/2024 09h05

Confira o resultado da Quina

Confira o resultado da Quina Foto: Arquivo

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A Caixa Econômica Federal realizou o sorteio do concurso 6588 da Quina na noite desta sexta-feira, 22 de novembro de 2024, a partir das 20h (de Brasília). A extração dos números ocorreu no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 11 milhões. Nenhuma aposta acertou os cinco números sorteados e o prêmio acumulou em R$ 12,6 milhões.

  • 5 acertos - Não houve ganhadores;
  • 4 acertos - 100 apostas ganhadoras (R$ 5.489,05 cada);
  • 3 acertos - 6.316 apostas ganhadoras (R$ 82,76 cada);
  • 2 acertos - 147.894 apostas ganhadoras (R$ 3,53 cada);

Uma aposta de Campo Grande acertou 4 dos 5 números e embolsou R$ 5.489,05.

Confira o resultado da Quina de ontem!

Os números da Quina 6588 são:

  • 44 - 15 - 37 - 78 - 03

O sorteio da Quina é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal oficial da Caixa no Youtube.

Como a Quina seis sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre no sábado, 23, de novembro, a partir das 20 horas, pelo concurso 6588. O valor da premiação vai depender se no sorteio atual o prêmio será acumulado ou não.

Para participar dos sorteios da Quina é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

A aposta mínima custa R$ 2,50 para um jogo simples, em que o apostador pode escolher 5 dentre as 80 dezenas disponíveis no volante, e fatura prêmio se acertar 2, 3, 4 ou 5 números.

Como apostar na Quina

A Quina tem seis sorteios semanais: de segunda-feira a sábado, às 19h (horário de MS).

O apostador deve marcar de 5 a 15 números dentre os 80 disponíveis no volante e torcer. Caso prefira o sistema pode escolher os números para você através da Surpresinha ou ainda pode concorrer com a mesma aposta por 3, 6, 12, 18 ou 24 concursos consecutivos com a Teimosinha.

Ganham prêmios os acertadores de 11, 12, 13, 14 ou 15 números.

O preço da aposta com 5 números é de R$ 2,50.

É possível marcar mais números. No entanto, quanto mais números marcar, maior o preço da aposta.

Probabilidades

A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.

Para a aposta simples, com apenas cinco dezenas, que custa R$ 2,50, a probabilidade de ganhar o prêmio milionário é de 1 em 24.040.016, segundo a Caixa.

Já para uma aposta com 15 dezenas (limite máximo), com o preço de R$ 7.507,50 a probabilidade de acertar o prêmio é de 1 em 8.005, ainda segundo a Caixa.

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REDUÇÃO

Fila de espera por benefícios do INSS diminui em 18,6% no Estado em 1 ano

Segundo boletim do Ministério da Previdência Social, em setembro deste ano, 18.925 pessoas aguardavam pela análise de processos e, no mesmo período do ano passado, o número era de 23.272

23/11/2024 08h30

A maior parte dos pedidos na fila são requerimentos do BPC

A maior parte dos pedidos na fila são requerimentos do BPC Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O número de pessoas na fila de espera por benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Mato Grosso do Sul teve queda de 18,68% em um ano, conforme aponta o boletim estatístico do Ministério da Previdência Social (MPS).

Em setembro do ano passado, 23.272 pessoas aguardavam atendimento, número que caiu para 18.925 em setembro deste ano, representando uma redução de 4.346 processos ao longo dos últimos 12 meses no Estado.

O boletim estratégico traz informações detalhadas referentes aos requerimentos que tramitam no sistema previdenciário do País e é divulgado desde julho de 2023.

Em análise sobre a redução da fila por benefícios, que chegavam a demorar até um ano para serem analisados, o advogado previdenciário Kleber Coelho avalia a mudança como positiva. 

“Agora a entrada é dada de forma exclusivamente on-line no sistema Meu INSS e precisa ter a senha do gov.br, o que vem dando celeridade [ao processo]”, justifica.

Coelho enfatiza que a redução dos atendimentos presenciais e o investimento em sistemas de informação têm contribuído para aumentar a rapidez na análise dos processos administrativos.

Para a advogada previdenciária Juliane Penteado Santana, a agilidade ocorre principalmente nos agendamentos de perícia, na resposta a alguns requisitos e nas concessões ou nos indeferimentos de benefícios. No entanto, ela destaca que a diminuição da fila não necessariamente implica mais concessões e deferimentos.

“O que pode ter acontecido é que este ano foi marcado por vários ajustes da Previdência Social para concessão mais rápida e automática de benefícios. Considerando que o benefício mais procurado no INSS é o de incapacidade, hoje temos uma otimização por meio do teste médio, por exemplo, que permite concessões mais rápidas, sem perícia”, explica Juliane.

A advogada ressalta a importância de avaliar o cenário sob a ótica socioeconômica. 

“Possivelmente, a busca por menos benefícios também pode refletir a maior empregabilidade e as melhores condições de trabalho das pessoas. Melhores condições de acesso à saúde também são um fator que deve ser analisado”, afirma Juliane, pontuando que ainda é difícil confirmar essa hipótese, pois seria necessário uma base de dados maior.

A advogada reitera que houve uma otimização para a concessão de benefícios por incapacidade. No entanto, até o fim do ano, há possibilidade de aumento de ações judiciais, já que a celeridade não significa que todos os benefícios estão sendo concedidos. 

“Ainda temos problemas com algumas automatizações no âmbito administrativo, uma vez que o INSS tem sido rigoroso com a documentação, o que pode resultar em indeferimentos”, avalia.

PANORAMA

Considerando os dados divulgados em setembro do ano passado, quando havia 23.355 processos, 4.346 processos foram analisados pelos técnicos do INSS em Mato Grosso do Sul até o mês de setembro. No País, foram concedidos 625.299 benefícios.

Ainda de acordo com o levantamento, entre os 18.925 requerimentos deste ano no Estado, a maior parte dos pedidos pendentes corresponde ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) para deficientes, totalizando 4.645 pessoas, das quais 2.311 aguardam há 1 mês e meio e 2.334 aguardam há mais de 45 dias.

O segundo maior volume é a fila de benefício por incapacidade, o antigo auxílio-doença, com 4.458 requerimentos em espera. Destes, 3.470 aguardam até 45 dias e 988 aguardam há mais de 45 dias.

Na fila de aposentadoria por idade (2.836), 1.388 estão esperando há pelo menos 45 dias, enquanto 1.448 aguardam há mais de 45 dias. A aposentadoria por tempo de contribuição soma 752 processos, sendo 284 com até 45 dias de espera e 468 que aguardam há mais de 1 mês e meio em Mato Grosso do Sul.

O restante dos processos é formar por 1.547 pedidos de salário-maternidade, 1.424 pedidos de pensão por morte, 260 pedidos de auxílio-reclusão e 204 pedidos de outros benefícios. Há ainda 2.799 requerimentos diversos, quando o segurado solicita um benefício, mas precisa levar algum documento, o que é chamado de exigência.

Conforme dados do MPS, atualmente, há 1.086.125 brasileiros aguardando a aprovação de benefícios previdenciários. São 392.930 benefícios assistenciais e 319.831 requerimentos com exigência de documentação por parte do segurado em todo o País.

JUDICIALIZAÇÕES

Como já noticiado pelo Correio do Estado no mês passado, em período de processo de pente-fino nos benefícios sociais em andamento no País, Mato Grosso do Sul registrou queda no número de processos na Justiça para ter direito a benefícios assistenciais e aposentadorias.

Dados do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) revelam que, no acumulado do ano até agosto, o Estado registrou 1.829 pedidos judiciais, contra 1.937 no mesmo período de 2023.

Na comparação entre os oito primeiros meses do ano passado e deste ano, a redução foi de 6,14% ou 119 processos a menos registrados em Mato Grosso do Sul. No País, o movimento é contrário e houve aumento nos pedidos judiciais. As ações variam entre pedidos por aposentadoria, BPC, auxílio-doença e Bolsa Família.

Coelho destacou que há diversos fatores que influenciam a queda dos números.

“O aumento na concessão administrativa de benefícios reduz a necessidade de judicialização, assim como a realização de mutirões sazonais da Justiça Federal com o objetivo de diminuir o acervo de processos e alcançar as metas do CNJ [Conselho Nacional de Justiça]”, elenca.

O advogado também pontua que possíveis melhorias nos serviços de atendimento e análise do INSS diminuem as falhas que antes levavam os cidadãos a recorrer ao Judiciário. 

“Esses fatores, entre outros, podem ter contribuído para esse cenário específico em Mato Grosso do Sul, mesmo com o aumento observado em nível nacional”, argumenta Kleber Coelho.

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