Economia

BENEFÍCIO SOCIAL

No Estado, 28,7% dos caminhoneiros conseguiram auxílio do governo federal

Dos 19 mil trabalhadores autônomos, apenas 5,4 mil recebem a ajuda; categoria indica burocracia como principal entrave

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O excesso de exigências, o desprezo por cadastro já existente e a burocracia do governo federal fizeram com que só 28,7% dos 19 mil motoristas autônomos de veículos de carga de Mato Grosso do Sul fossem beneficiados pelo Auxílio Caminhoneiro, de acordo com Osni Belinati, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros em Mato Grosso do Sul (Sindicam-MS). 

São 5.465 profissionais contemplados no Estado, que vão receber R$ 1 mil do quarto lote de pagamento do benefício no dia 18 deste mês. 

O balanço com o total de beneficiados foi divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência na semana passada, apontando que 341.506 caminhoneiros de todo o Brasil estão aptos a receber o auxílio, dos quais 5.465 são de Mato Grosso do Sul. 

A Região Sudeste concentra o maior número de caminhoneiros atendidos, com mais de 50% dos benefícios pagos, com destaques para São Paulo, com 100.258; Minas Gerais, com 46.514; e Paraná, na Região Sul, com 28.351 caminhoneiros beneficiados.

O total ficou bem abaixo do esperado pelo governo federal quando anunciou o benefício para atender os motoristas autônomos. Eram esperados cerca de 800 mil em todo o Brasil e 19 mil no Estado.

Porém, as exigências impostas pelo governo federal fizeram com que o dinheiro ficasse represado e não chegasse aos caminhoneiros, como ocorreu em Mato Grosso do Sul, de acordo com Osni Belinati.

DIFICULDADES

Ele ressaltou que foram muitas dificuldades. “Muitos companheiros não têm um celular com internet boa. Alguns não têm nem zap [WhatsApp]. Agora, o governo complicou para que aqueles que não têm como preencher o Caixa Tem [sistema eletrônico adotado pelo governo federal para efetuar os pagamentos] e nem a Carteira de Trabalho Digital”, disse, enfatizando que “complicaram demais, pois a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] possui nossos cadastros. Então não vejo motivos para complicarem.”
“Muita gente desistiu. Infelizmente, foi feito [cadastro] só para alguns. Paciência”, afirmou. 

Mesmo com um porcentual baixo de atendidos, o líder da categoria ainda se mostra esperançoso com o aumento na quantidade de beneficiários. “Vamos ver se agora vai, pois até aqui só pagaram quem tem caminhão grande. Os pequenos, não!”

Belinati refere-se ao próximo pagamento, o qual no fim de semana o governo federal anunciou que vai antecipar. O quarto lote de pagamento aos caminhoneiros será pago no dia 18. Estava previsto para o dia 22 de outubro. 

As parcelas de número cinco e seis também foram antecipadas para os dias 19 de novembro e 10 de dezembro, respectivamente. A expectativa é de que cerca de 341,5 mil caminhoneiros tenham acesso ao dinheiro. 

Porém, esta antecipação inviabiliza o cadastro de novos motoristas autônomos, já que o período de processamento das informações dos novos solicitantes pela Dataprev (empresa de processamento de dados da União) vai até o dia 18 de outubro, data do pagamento. 

BENEFÍCIO


O Benefício Emergencial aos Transportadores Autônomos de Carga, conhecido como BEm Caminhoneiro, começou a ser pago em agosto deste ano – R$ 2 mil, montante equivalente aos meses de julho e agosto. 

A previsão é de que seja pago em seis parcelas de R$ 1 mil, até dezembro de 2022, respeitando o limite global de recursos. O governo ainda estuda a possibilidade de pagar uma parcela extra, o equivalente a um décimo terceiro salário.

O chamado Auxílio Caminhoneiro foi criado junto de outros auxílios pela PEC dos Benefícios. Pela portaria, os pagamentos serão feitos até 31 de dezembro de 2022.

O ato, publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) do dia 2 de agosto, cita que o limite global para esses desembolsos será de R$ 5,4 bilhões. 

Podem receber o Auxílio Caminhoneiro transportadores de carga autônomos, devidamente cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTR-C). 

As informações de cadastro dos profissionais foram repassadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) do Ministério da Infraestrutura (Minfra) e foram processadas pelo pela Dataprev.

Uma das previsões do Ministério do Trabalho é de que os profissionais tenham Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e CPF válidos, com os benefícios pagos para cada transportador autônomo, independentemente da quantidade de veículos que possuírem.

 

DESENVOLVIMENTO

Fábrica de celulose da Arauco superará a da Suzano e será a maior do mundo

Capacidade produtiva da planta que será instalada em Inocência será de 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano

26/09/2024 08h45

Mato Grosso do Sul deve se tornar o maior produtor de celulose do mundo, e consequentemente aumentar em  florestas de eucalipto

Mato Grosso do Sul deve se tornar o maior produtor de celulose do mundo, e consequentemente aumentar em florestas de eucalipto Foto: Paulo Ribas

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Ainda em fase inicial de construção, a Arauco anunciou a expansão da capacidade de produção e deve se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.

Com o crescimento da produção, a unidade fabril vai superar a recém-inaugurada unidade de produção da Suzano, que entrou em operação no fim de julho, em Ribas do Rio Pardo, também em MS, com linha única de produção com capacidade para 2,55 milhões de toneladas.

O conselho de administração da Arauco aprovou o investimento global de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para a construção da unidade em Inocência, a primeira planta do grupo no País.

O principal fornecedor do Projeto Sucuriú será a finlandesa Valmet, responsável por cerca de 50% da proposta industrial. O escopo do contrato inclui áreas de processos regulares, uma unidade de gaseificação que gerará biocombustível para abastecer os fornos de cal da operação, uma caldeira de recuperação química – a maior do mundo em capacidade no setor – e uma caldeira de biomassa.

De acordo com o grupo chileno, a previsão do início das operações na fábrica é para  o fim de 2027, mas ressaltou que a data “pode estar sujeita a mudanças e eventuais adiamentos que possam ser necessários durante o desenvolvimento do projeto”, que já está em fase de terraplanagem.

Segundo o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a fábrica – que já está com as obras em andamento na cidade de Inocência – dependia dessa aprovação para seguir com o projeto.

“A fábrica já está licenciada e iniciou as obras de terraplenagem, mas dependia essencialmente da definição da tecnologia que utilizaria e de qual fornecedor de equipamentos faria toda a estruturação da obra em Inocência. O que foi aprovado agora no conselho de administração foi exatamente a ampliação dessa planta”, revelou.

“A grande notícia é que Mato Grosso do Sul, que já tinha uma planta em Ribas do Rio Pardo de 2,5 milhões de toneladas de celulose, considerada a maior fábrica de linha única do mundo, agora terá uma unidade com capacidade ampliada. Então, a Arauco anuncia uma fábrica de 3,5 milhões de toneladas, ou seja, entre o empreendimento anterior e o de agora, ganhamos uma unidade adicional de um milhão de toneladas”, comemorou Verruck.

INVESTIMENTO

Conforme destacou o secretário, o investimento previsto também foi elevado para US$ 4,6 milhões. “São notícias relevantes para o nosso Vale da Celulose, que tem se mostrado [detendor] de alta tecnologia, alta performance, e com uma expansão significativa da base de produção florestal. O Estado mais uma vez se consolida como referência mundial com toda essa estrutura do Vale da Celulose, [agora] com o anúncio da Arauco sobre a ampliação da sua capacidade produtiva para 3,5 milhões de toneladas”, comentou.

A Arauco financiará a fábrica de celulose emitindo dívida, realizando um aumento de capital de até US$ 1,2 bilhão de dólares e utilizando recursos próprios, afirmou a companhia em comunicado.

A unidade da Arauco será instalada a 50 km da cidade de Inocência, na margem esquerda do Rio Sucuriú, região onde a Arauco afirma operar desde 2009 com manejo florestal e comercialização de madeira.

Inocência está localizada  a cerca de 250 km de Ribas do Rio Pardo. A fábrica da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de eletricidade, dos quais cerca de 200 MW serão destinados ao consumo interno da unidade industrial e o restante será vendido ao sistema.

A energia excedente – que é suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional. Segundo a Arauco, o governo de MS conta com uma política industrial e florestal “bem estruturada para o setor” e o Estado tem um clima “muito favorável” ao cultivo de eucalipto.

A árvore demora cerca de sete anos para crescer e atingir o ponto ideal de corte no Estado. “É metade do tempo que essa árvore demora para crescer no Chile [12 anos]”, afirmou a companhia.

VALE DA CELULOSE

Atualmente, MS conta com uma capacidade instalada de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose, produzidas em três linhas operacionais no município de Três Lagoas, sendo duas da Suzano e uma da Eldorado.

A capacidade produtiva do Estado foi ampliada em mais 2,55 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, elevando para 7,4 milhões de toneladas anuais a capacidade instalada.

Conforme já publicado pelo Correio do Estado, estão planejadas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose em Três Lagoas (com uma capacidade prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano) e da Arauco em Inocência (2,5 milhões de toneladas anuais).

A reportagem também informou, na edição do dia 4 de maio, que os municípios de Figueirão e Alcinópolis são apontados como possíveis locais para a instalação de uma nova indústria de celulose em Mato Grosso do Sul.

Atraída pelos incentivos fiscais, pela localização estratégica e pelo ambiente favorável, a implementação de um novo megaempreendimento fortalecerá ainda mais o Vale da Celulose.

Embora ainda não tenha sido confirmada, a nova unidade seria resultado de negociações com a multinacional Portucel Moçambique, empresa controlada pela portuguesa The Navigator Company. Outra possível nova fábrica seria da Bracell, planejada para a região de Água Clara.
“O anúncio da Arauco está dentro do plano estratégico de desenvolvimento da indústria de base florestal em Mato Grosso do Sul.

Recentemente, inclusive, anunciamos o pedido de licenciamento da Bracell para o município de Água Clara. Tudo isso, agora, está dentro de uma estrutura muito bem planejada, com avaliação dos impactos sociais e medidas que o governo, a empresa e a prefeitura terão que tomar para viabilizar a implantação da indústria e, obviamente, garantir os benefícios necessários. 

Vamos promover prosperidade e desenvolvimento, além de inclusão para os municípios e as pessoas que vivem e trabalham em MS”, finalizou Verruck.

O economista Eduardo Matos avalia que a instalação de novas fábricas de celulose promove o desenvolvimento em todo o Estado.

“É importante citar que quando uma grande indústria se instala em um local, antes mesmo do início de suas operações, ela atrai uma série de outros empreendimentos, pois haverá um aumento no fluxo monetário. Isso cria oportunidades para diversas empresas, sejam fornecedoras diretas, sejam indiretas da fábrica, além daquelas que atendem os novos trabalhadores. Dessa forma, há o fortalecimento do fluxo circular da renda”, comenta.

2,5 milhões De hectares

A área de florestas plantadas tem crescido vertiginosamente em Mato Grosso do Sul. A expansão das fábricas de celulose explicam a ampliação dos campos destinados ao eucalipto, principalmente na região leste do Estado.

Atualmente, a área destinada ao eucalipto é de 1,480 milhão de hectares, número que deve chegar a 2,5 milhões nos próximos anos. Dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) apontam que Mato Grosso do Sul tem o segundo maior plantio de eucalipto do País.

ANÁLISE DE MERCADO

Mato Grosso do Sul passa de exportador a comprador de milho

A safra 2023/2024 apresentou quebra de 40,52% em relação ao ciclo anterior; foram 5,763 milhões de toneladas a menos

26/09/2024 08h30

Foto: Paulo Ribas

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Com a demanda crescente do mercado interno de Mato Grosso do Sul, a significativa quebra na safrinha deve elevar as compras de milho de outros estados. O Estado que costuma exportar sua produção agrícola passa a ter de adquirir o insumo de outras localidades.

Conforme divulgado na edição de ontem do Correio do Estado, dados divulgados pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) apontam  que a produção da 2ª safra de milho caiu 40,52% em relação ao ano anterior. 

O ciclo 2023/2024 chegou a 8,457 milhões de toneladas ante as 14,220 milhões de toneladas do cereal colhidas  na safra 2022/2023, resultando em uma produção de 5,763 milhões de toneladas a menos. 

Em entrevista ao Correio do Estado o analista da Granos Corretora, Carlos Ronaldo Dávalo, explica que com a redução na produção o cenário é  de cautela, mas também de oportunidades para os produtores. 

 “As indústrias de etanol já estão recorrendo ao milho de outros estados para suprir a necessidade local, o que torna a situação ainda mais desafiadora. A entrada de milho de fora já é uma realidade e deve continuar”, diz Dávalo.

Apesar da expectativa de alta nos preços do milho, o analista enfatiza que a tendência pode ser limitada pela concorrência com estados vizinhos, como Mato Grosso e Goiás, que estão com safras mais robustas.

“O milho tende a subir na balança comercial, mas com a redução acentuada da safra em Mato Grosso do Sul, muitos produtores podem buscar alternativas em outros estados”, alerta o analista.

 

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Ele frisa ainda que o momento para negociação é crucial, tendo em vista que o melhor momento para vender será nos próximos 60 dias. “O produtor precisa estar atento e aproveitar. A virada do ano também é importante, pois grandes demandadores de milho, como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, iniciarão a produção de milho de verão, aumentando ainda mais a pressão sobre o mercado”, explica o analista.

Em relação à quantidade de milho disponível, Dávalo pontua que o estoque de passagem, que muitos relatórios não consideram, é significativo.
“Se o mercado não considerar esses estoques, pode haver surpresas, mas a realidade é que a produção está bem abaixo do necessário para atender à demanda interna, que chegou a 7,7 milhões de toneladas este ano”, comenta.

Com a necessidade de se adaptar a essas condições de mercado, o produtor de milho deve estar atento a essas movimentações e se preparar para a próxima safra, que pode ser marcada por incertezas. 

“É fundamental que os produtores negociem suas safras ainda este ano, aproveitando as oportunidades antes que o cenário se torne mais restritivo”, avalia o analista.

Em resumo, o analista indica que apesar da expectativa de alta, a realidade do mercado de milho em Mato Grosso do Sul exige uma avaliação cuidadosa e uma ação proativa por parte dos produtores. 

“O futuro próximo será crucial para a definição de preços e estratégias comerciais”, conclui Dávalo.

PREJUÍZO

Na quarta-feira a saca de milho com 60 kg era comercializada pelo preço médio de R$ 51,19 ontem. Considerando que 5,763 milhões de toneladas são 96,050 milhões de sacas, o prejuízo estimado é de R$ 4,9 bilhões.

A área produzida de milho atingiu 2,102 milhões de hectares, queda de 10,7% ante os 2,355 milhões de hectares colhidos no ciclo anterior. A produtividade média no ciclo atual foi de 67,05 sacas por hectare, redução de 33,37% (33,59 sacas a menos) em relação ao ano anterior, quando foram colhidas 100,64 sc/ha.

“Mais de 50 cidades de MS produziram abaixo da média. A situação do produtor rural, que já não era das melhores com a primeira safra 2023/2024, agravou-se com a safra de milho. Muitos agricultores solicitaram renegociação das dívidas com os bancos para que pudessem ter fôlego para a primeira safra 2024/2025”, disse o presidente da Aprosoja-MS, Jorge Michelc.

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo complementa ressaltando que os anos de 2023 e 2024 foram muito ruins para a produção agrícola em Mato Grosso do Sul, pois foram anos de preços baixos para os grãos, que comprimiram muito as margens do produtor rural.

“Já em 2024, além da manutenção de preços baixos, tivemos também uma quebra muito forte da safra aqui no estado, algo que não ocorreu de forma uniforme com outros estados. Isso deixou o produtor rural do estado em uma situação difícil, pois além de não ter os grãos para venda, a recuperação de oferta em outros estados acabou mantendo reprimidos os preços do milho também neste ano”

Para este novo ciclo, o economista alerta que produtor precisará contar com um bom planejamento para mitigar riscos, pois vem de um histórico de prejuízos e, certamente, precisará ter bons resultados nas safras futuras para apenas recuperar o que se perdeu nas últimas duas safras.

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