Perto dos 50 anos, Mato Grosso do Sul diversifica suas exportações e vislumbra áreas antes não exploradas. Não só com grãos e carnes, a carteira de exportação do estado do agro se torna economicamente criativa.
Com participação na exportação de minérios, MS vem ganhando espaço em mercados internacionais com a Bella Pedra Cristal, empresa de mineração com sede em Campo Grande reconhecida pela competência nas fases do ciclo de exploração mineral, da prospecção até à utilização responsável dos recursos.
Os minerais extraídos em solo sul-mato-grossense, tem a empresa comandada por Júnior Franco Roza, que conta a singularidade de cada pedra, além da fascinação que sente por conta da história que carrega e do processo de cada uma.
"Cada pedra tem sua própria história e particularidade, por isso gosto de todas. É fascinante imaginar como essas formações naturais se originam. Por exemplo, a ametista. É incrível pensar que algo assim levou milhões de anos para se formar. Dentro dela, há uma beleza que a natureza guardou. Outra pedra interessante é o jaspe São Gabriel, que vem da nossa região. Ele apresenta várias tonalidades, não só o vermelho tradicional. Pode ter tons verdes, marrons e até rosados", comenta Roza.
Ele ainda explica que além dessas, na própria mina deles localizada em Bodoquena, veio a calcita. Única no mundo, ela possui manchas geométricas devido a contaminação natural por ferro, alumínio e ouro. O empresário conta que deram o nome de Calcita Millennium, justamente pela sua exclusividade.
Além da exclusividade, a pedra calcita é especial pela sua multifuncionalidade, desde agir como insumo para ração animal à indústria de remédios, tintas, cimentos e outros produtos.
No ramo há 25 anos, Júnior Roza destaca o potencial de mineração de Mato Grosso do Sul e, o quanto essa riqueza é pouco explorada, seja na geração de empregos, ou no fortalecimento da economia.
"É cálcio puro [calcita]. Nosso estado é muito rico em minerais, mas a maioria ainda é explorada por empresas de fora. Conhecemos menos de 2% do nosso subsolo. Minas Gerais, que é referência nacional no setor de mineração, já tem mais de 70% do seu território mapeado", afirma.
Quartzo, Jaspe e Calcita são pedras conhecidas que ganham o destaque merecido ao ajudarem na exportação e inovação no mercado de MS. Mas não só elas, o artesanato e a moda vivem em Mato Grosso do Sul e renovam o leque do comércio estadual, amarrado ao que antes se baseava apenas em grãos e carnes.
MS INOVADOR
Artesanato
De acordo com a consulta realizada pelo Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), o estado pantaneiro tem hoje 6.690 artesãos ativos. A expressividade do número mostra esse potencial em unir tradição, criatividade e inovação na conquista de novos mercados.
Luciana Azambuja Roca, superintendente de Economia Criativa da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), destacou o papel estratégico que o setor criativo vem desempenhando no desenvolvimento socioeconômico do estado.
Segundo a supervisora da Setesc, muitas famílias utilizam a economia criativa como fonte de renda, em que esses comércios possuem potencial para exportar cultura e produtos locais, como artesanato, moda, música, literatura e audiovisual.
Ainda segundo Luciana, o Governo de MS articula parceria com territórios paraguaios, argentinos e chilenos, para ampliar as oportunidades que o setor gera ao longo do Corredor Bioceânico.
"Acreditamos que a economia criativa pode movimentar a Rota para além das questões alfandegárias e logísticas, criando novos negócios que valorizem nossa cultura regional e fortaleçam o intercâmbio cultural", analisa.
Algumas das ações em andamento, estão previstas a implementação de uma política estadual de economia criativa, voltada para qualificação profissional, fomento ao turismo e apoio aos pequenos negócios, como feiras criativas. O formato democratiza o acesso à cultura, promove lazer em espaços públicos, gera renda e amplia a inclusão social.
Em breve, a supervisora disse que será apresentado o Panorama da Economia Criativa, um levantamento iniciado no começo deste ano para mapear os profissionais e empreendimentos do setor, com dados e indicadores que irão embasar novas políticas públicas.
Moda
Com peças de luxo feitas de couro bovino, ferragens banhadas a ouro e acabamento artesanal, Zanir Furtado se inspira no Pantanal para criar bolsas e acessórios que hoje estão presentes em passarelas internacionais.
No propósito de transformar vidas e valorizar o potencial do município de Rio Negro, a empresária capacita moradores locais para produzir as peças, que são desenhadas e pensadas por ela.
Marca Zanir Furtado na Semana de Moda de Paris 2025 (Foto: divulgação)Ideia de 2019, o projeto amadureceu em 2020, na pandemia, ano em que a marca Zanir Furtado nasceu. Primeira no mundo inspirada e produzida no bioma, a empresa fabrica bolsas, cintos e acessórios que seguem padrões de qualidade internacional.
Disponíveis em breve em loja física em Campo Grande, na Rua Euclides da Cunha, a empresária lembra que foi estudar fora para entender os diferenciais do ‘luxo’ para aplicar dentro do que planejava. "Sabíamos que, para uma indústria do luxo se sustentar em Mato Grosso do Sul, especialmente no interior, precisaríamos mirar o mundo", diz.
Fomentando a internacionalização da moda sul-mato-grossense, a marca tem pontos específicos e representantes no exterior. "Esse é o momento da expansão. Trabalhamos a base, o padrão de qualidade, e agora estamos preparados para dar o salto de volume com segurança", afirma.
A empresária ainda destaca a presença da marca do estado no acervo real japonês, quando a princesa Kako, do Japão esteve aqui em visita oficial e recebeu de presente uma bolsa da Zanir Furtado.
Além desse destaque, a marca já esteve em veículos como Forbes, que exemplifica a atuação de outros tipos de economia criativa do estado no comércio internacional.


