As propostas elaboradas pelo doutor em Economia Michel Constantino durante o evento Campo Grande que Queremos, promovido pelo Correio do Estado em agosto, nortearam o plano de desenvolvimento econômico das duas candidatas que se enfrentaram ontem no segundo turno das eleições municipais.
Entre os temas discutidos um se destacou: o crescimento da Rota Bioceânica. Constantino identificou essa proposta como um dos eixos centrais, mas reiterou que as estratégias apresentadas estavam, em sua maioria, desprovidas de diretrizes claras.
Ele enfatizou que a ausência de detalhes nas propostas poderia comprometer a sua implementação e a sua eficácia.
Como ressaltado no caderno especial de aniversário de Campo Grande, publicado pelo Correio do Estado na edição de 26 de agosto, as propostas inicialmente elaboradas eram muito generalistas. Ou seja, não havia proposições que detalhassem algum plano de ação efetivamente.
“Cerca de 60% a 70% dos pontos abordados eram semelhantes, por exemplo fazer desenvolvimento econômico a partir de incentivos fiscais. Então, essa era a proposta que todos tinham, fazer desenvolvimento econômico, melhorar o capital humano”, citou.
“Outro ponto importante era fazer desenvolvimento econômico a partir do crescimento da Rota Bioceânica. Havia três grandes eixos que eram comuns entre as propostas, mas não tinham metas, não tinham que tipo de empresa, o que iam fazer realmente e como iam fazer”, ponderou.
Constantino, que também é professor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), salientou que, a partir da apresentação da análise, as então candidatas passaram a adotar alguns pontos debatidos durante o evento.
“Uma [dessas propostas] foi bem utilizada pela Adriane [Lopes], pela Rose [Modesto] também, mas a Adriane escreveu melhor essa proposta, até porque o secretário [municipal] me procurou e leu também os trabalhos, as publicações no Correio do Estado: a questão do centro logístico. Ela pegou a ideia do centro logístico, em que pega o porto seco, trabalha com a Infraero para poder desenvolver uma consultoria, ali junto à ferrovia que vai chegar até Campo Grande e escoar toda a produção, e aí monta-se realmente um centro logístico que atende todas as empresas que estão vindo para o Estado”, pontuou.
Com mais de R$ 75 bilhões em investimentos contratados até 2030, a maioria dos recursos alocada no setor de celulose e produção florestal, o Estado é o maior destino brasileiro de investimentos privados no momento. E é nesse contexto que a cidade pode se beneficiar, tornando-se um centro de distribuição logística em um futuro não muito distante.
“Realmente, ficaram muito mais criteriosas [as propostas] após as nossas publicações. Eu falo que não era ideia minha, e se não fosse vocês, a gente não ia conseguir alcançar. A gente escrever isso e colocar no Correio do Estado, de fato pautou a nova política pública”, considerou o economista.
FUTURO
Ao olhar para o futuro, o economista delineou quatro desafios principais que a nova administração de Adriane Lopes enfrentará.
O primeiro deles é a criação de uma secretaria responsável pela gestão das novas atividades econômicas, fundamental para coordenar os esforços e maximizar resultados. O segundo desafio envolve a necessidade de realizar uma pesquisa de campo para entender as demandas da sociedade em relação às propostas econômicas.
Já o terceiro ponto crítico mencionado por Constantino é o aumento da arrecadação. “E [para] aumentar a arrecadação precisa de uma reestruturação fiscal”, afirmou, indicando que uma revisão das políticas fiscais é essencial para garantir recursos e sustentabilidade financeira.
Por fim, o quarto desafio está relacionado ao acompanhamento e à avaliação contínua das políticas implementadas, garantindo que as metas sejam cumpridas e ajustadas conforme necessário.
“Esses desafios estão ligados a isso”, concluiu, reiterando a importância de um planejamento detalhado e de metas numéricas para o sucesso das políticas econômicas nos próximos anos.
A análise de Constantino destacou não apenas a fragilidade das propostas, mas também a necessidade de um diálogo contínuo entre os diversos atores sociais para construir um futuro econômico mais robusto e sustentável.