O preço dos materiais de construção transformaram a construção em uma tarefa extremamente cara. Alguns produtos dobraram de preço nos últimos meses. As indústrias alegam que a inflação decorre da redução nas linhas de produção em razão da pandemia, mas o setor que lida diretamente com as obras discorda que a medida tenha sido necessária, já que na maioria dos estados a paralisação durou cerca de 15 dias. A pergunta que fica no ar de quem está erguendo uma casa ou prédio comercial: quando os preços vão baixar?
Amarildo Miranda Melo, presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção Civil em Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS) acredita que ainda levará de quatro a seis meses para que a situação volte ao normal e os preços se estabilizem.
“Nós já levamos a questão ao conhecimento do ministro da Economia, Paulo Guedes, via Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Já tivemos contato pessoalmente com as indústrias cimenteiras, de PVC e aço. Enquanto a inflação do setor não cede, o Índice Geral de Preços continuam subindo”, disse em entrevista ao Correio do Estado.
As fábricas alegam que as plantas ainda não conseguiram produzir em quantidade suficiente para gerar estoques, o que se acontecesse levaria a uma redução de valores praticados no mercado. O problema é que, para Amarildo, a alegação não passa de uma desculpa para segurar os preços no alto, já que o tempo de interrupção nas atividades foi pouco.
“Nesse pequeno período, identificamos algumas posturas inoportunas de algumas industrias, especial de cimento, que não tinham motivos para subir, tanto aço como PVC. Tivemos aumentos agressivos”, afirmou à equipe de reportagem.
Segundo ele, o sindicato e a câmara lidam com esses três seguimentos em específico por serem os maiores e por abrangerem mais itens da lista das obras.
“Isso é prejudicial para a economia. Têm coisas que estavam represadas e subiram aos poucos, o que é normal, mas o PVC dobrou de preço. Aço subiu em torno de 75%, isso se já não tiver passado de 80%. Cimento aumentou em 50%. O aço temos praticamente um duopólio. As cimenteiras são praticamente três e de PVC praticamente tem uma só e eles aproveitam”, pontua.
Está sendo debatida a nível nacional, segundo ele, a possibilidade de o Governo Federal baixar as alíquotas para importação desses produtos, o que ajudaria especialmente os consumidores com itens mais baratos trazidos de fora, fazendo concorrência à indústria nacional. Por enquanto, não há uma decisão a respeito.
“O governo tem que estar atento. A CBIC tem mostrado que isso é prejudicial, e mostrado com números reais. O governo já esta alerta e estamos monitorando. Antes era a desculpa que fecharam fornos, reduziram a produção, o que é uma desculpa esfarrapada de alguns setores. Em Mato Grosso do Sul mesmo parou praticamente uma semana. A nível nacional, pouquíssimos casos de paralisações mais prolongadas, graças ao bom senso da parte pública, já que a construção civil é grande geradora de empregos e engrenagem importante na máquina da economia”, completou Amarildo ao Correio do Estado.


