A construção de uma das maiores fábricas de celulose do mundo já impacta a economia de Ribas do Rio Pardo. O município, distante 102 quilômetros de Campo Grande, mais que dobrou o estoque de empregos formais em dois anos.
Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), em 2020, o número de pessoas com carteira assinada na cidade era de 4.968 e, em 2022, saltou para 11.153 empregados no mercado formal – crescimento de 124,49%.
No ano passado, o município teve o segundo principal saldo de trabalhos formais de Mato Grosso do Sul.
A diferença entre contratações e demissões gerou saldo de 4.968 vagas, ultrapassando Ponta Porã, Corumbá, Três Lagoas e Dourados.
Ficando atrás apenas de Campo Grande, que registrou saldo de 12.861 postos de trabalho.
Na comparação proporcional com o número de habitantes das duas cidades, Ribas lidera.
Enquanto a Capital gerou 0,01 vaga por habitante, Ribas registrou 0,19 vaga por habitante.
Na comparação do estoque de empregos formais em relação ao número de habitantes, o município também se destaca. Campo Grande tem total de 224.454 pessoas com carteira assinada, ou 24,5% dos 916.001 moradores da Capital.
Já Ribas do Rio Pardo finalizou 2022 com 11.153 pessoas com carteira assinada, o que representa 44% do total de habitantes – que chega a 25.310, conforme a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo Danieze (PSOL), não esconde a satisfação de comemorar esses resultados históricos durante a sua gestão, mas deixa claro que é necessário resolver muitas demandas urgentes e elenca as áreas: saúde, educação, habitação e segurança púbica.
“Todos na cidade estão felizes com a chegada da indústria, e agora essa adaptação necessita de aceleração. Estamos ampliando o hospital, vamos ofertar de 300 a 500 vagas nas escolas, além de aumentar a capacidade das creches. São atividades urgentes e que não podem esperar”, diz.
Ainda de acordo com o gestor do município, a notícia da construção do empreendimento em Ribas do Rio Pardo chegou em 2014.
“Mas não houve uma preparação em termos de infraestrutura e agora estamos agilizando essa demanda”, destaca Danieze.
Suzano
A chegada da indústria de celulose da Suzano, cujo investimento total será de R$ 19,3 bilhões, está transformando a cidade rapidamente.
Desse montante, R$ 14,7 bilhões serão destinados à construção de uma fábrica de celulose e outros R$ 4,6 bilhões em atividades de silvicultura, com o aumento da área plantada de eucalipto.
A indústria começará a operar no segundo semestre de 2024 e agora a cidade vive o pico da construção da fábrica, com mais de 10 mil pessoas que trabalharão diretamente nas obras, gerando milhares de empregos indiretos.
Depois de concluída, a nova fábrica empregará cerca de 3 mil pessoas, entre colaboradores e terceirizados.
Outro dado que chama a atenção para o desempenho socioeconômico de Ribas do Rio Pardo vem da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), principalmente porque o município ficou na 9ª colocação no quesito abertura de empresas em 2022.
Segundo os dados da Jucems, foram abertas 182 empresas na cidade somente no ano passado. O balanço anual da Jucems revelou que, em 2020, foram abertas 55 empresas e o município estava na 21ª posição no Estado.
Em 2021, esse número aumentou para 162 e ano passado saltou para 182. Isso significa que, de 2020 para cá, foram 127 empresas a mais e hoje Ribas do Rio Pardo está na 9ª posição do Estado, com um crescimento de 230%.
O prefeito demonstrou preocupação com a especulação imobiliária na cidade.
Segundo ele, casas com dois quartos estão com aluguéis – dependendo do bairro – no valor de R$ 3 mil.
Danieze detalhou ainda que o município precisa de seis mil unidades habitacionais, das quais mil estão em construção, e a prefeitura já agilizou as licenças ambientais de novos loteamentos.
Na avaliação dele, o setor produtivo da cidade está em plena expansão, com destaque para as áreas de hotelaria, gastronomia, bares, combustíveis, construção, supermercados e comércio de roupas e sapatos.
“Há setores em que o faturamento aumentou em 300%. Estamos trabalhando muito para suprir todas as demandas”, completa.
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul fechou 2022 com saldo positivo recorde na geração de empregos, com 40.307 vagas.
O desempenho foi resultado de 360.630 admissões e 320.323 desligamentos no ano. Crescimento de quase 8% ante 2021, quando foram 37.372 empregos formais gerados nos 12 meses.
Os 79 municípios do Estado geraram um saldo positivo no ano passado.
Entre os segmentos econômicos, o setor de serviços ficou em primeiro lugar de empregabilidade com o acumulado de 15.982 vagas de trabalho. Sendo responsável por 39,65% do saldo de empregos gerados em 2022.
Na sequência está o comércio, com 8.103 vagas; agropecuária foi responsável por 6.472 empregos; construção, com 5.671 vagas; e a indústria, por sua vez, registrou no ano a criação de 4.079 novas oportunidades de trabalho.
Ainda conforme dados do Caged, o nível de empregos foi positivo em Mato Grosso do Sul em quase todos os meses do ano, com exceção de dezembro, que fechou com resultado negativo de 6.621 empregos formais.
“Embora o resultado do mês de dezembro tenha sido negativo, o que já era esperado, dada a sazonalidade característica do mês, Mato Grosso do Sul termina com recorde na geração de emprego desde 2020, início da série do Novo Caged”, explica o economista da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Renato Siqueira.
“O Estado mostra que segue sua trajetória de forte crescimento econômico, com saldos positivos em todos os grandes setores, indicando resiliência e diversidade econômica”, conclui Siqueira.
Três Lagoas
Três Lagoas aparece como a terceira cidade no ranking de geração de empregos estadual, com 4.179 pessoas contratadas, atrás apenas de Campo Grande e Ribas do Rio Pardo. A cidade também aparece no topo com o terceiro maior estoque de empregos formais (39.275).
A Eldorado Brasil Celulose contratou mais de mil pessoas ao longo de 2022 e é uma das principais empregadoras de Mato Grosso do Sul.
Com fábrica e florestas plantadas na região leste do Estado, a companhia é responsável por 23% das contratações feitas na cidade ao longo do ano passado. “A Eldorado Brasil completou 10 anos de operação em dezembro de 2022, em um ano histórico, repleto de resultados positivos e recordes”.
“A natureza do nosso negócio exige uma força de trabalho expressiva, principalmente no setor florestal, e a tendência é de que continuemos contratando ao longo de 2023”, ressalta Elcio Trajano Jr., diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado.
Atualmente, a Eldorado está com 160 vagas abertas, todas em Mato Grosso do Sul, com destaque para contratações de motoristas (carreteiros e tritrem) e ajudantes florestais.
Ainda de acordo com a empresa, além das vagas com carteira assinada, recentemente foram contratados 3 mil novos profissionais temporários externos para a parada geral, período de manutenção da fábrica, em Três Lagoas.
Os serviços acontecem desde o fim de janeiro deste ano e se encerram nesta primeira semana de fevereiro.