O estudo do Insper, fundamenta-se em dados da Pesquisa Nacional por Amostra se Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a instituição, o resultado encontrado no Brasil é bem diferente do verificado em outros países.
“Pesquisas, nos Estados Unidos, por exemplo, mostram o contrário. Lá, as mulheres casadas são vistas como menos comprometidas com o trabalho, justamente porque a mentalidade é de que o estado civil faz com que elas se dediquem mais à família e, por isso, chegam a receber 34% menos que as solteiras”, explica a economista Carolina Flores Gomes.
Segundo ela, embora 76,9% do salário das mulheres se deva ao nível de escolaridade, o quesito que torna as casadas mais valorizadas no mercado de trabalho frente a uma solteira, por exemplo, é totalmente cultural.
De acordo com a economista, as mulheres casadas são consideradas pelas empresas como mais responsáveis, que se dedicam mais ao emprego porque precisam mantê-lo, uma vez que ele é importante para o sustento do lar.
“Já as solteiras são vistas como pouco comprometidas, pois, aparentemente, não têm vínculos, não têm pessoas que dependem delas e daquele trabalho. E, no caso das coabitantes, o fato da união não ser formal, dá impressão maior ainda de ‘descompromisso’, por não aparentar responsabilidades firmadas”, afirma a economista, ao explicar a discrepância de salários entre as mulheres sul-mato-grossenses de diferentes estados civis.
Brasil
O cenário não ocorre apenas em Mato Grosso do Sul. Em todo o País, as casadas têm remuneração superior a das solteiras e coabitantes. Segundo a professora do Insper, Regina Madalozzo, a pesquisa detectou diferença de até 15% no rendimento entre casadas e solteiras. E, entre casadas e coabitantes, a variação é de 3%.
“O casamento sinaliza para a sociedade alguma segurança. Os agentes de mercado vêem as casadas como mulheres que conduzem suas vidas de forma mais séria e menos dispostas a aventuras, o que reflete na remuneração oferecida”, comentou Regina, que há dez anos pesquisa a situação da mulher no mercado de trabalho brasileiro.


