Mais Social movimentou R$ 251 milhões em 2024, enquanto o Bolsa Família disponibilizou R$ 1,7 bilhão
Os benefícios sociais destinados aos cidadãos de Mato Grosso do Sul injetaram quase R$ 2 bilhões na economia estadual em 2024. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), somente o programa Bolsa Família destinou R$ 1,723 bilhão de janeiro a dezembro.
Já o programa Mais Social, conforme os dados da Transparência do governo do Estado, inseriu R$ 230,3 milhões no período de janeiro a novembro do ano passado. Somados os dois benefícios de transferência de renda e considerando a média mensal de R$ 21 milhões do programa estadual (para dezembro), o valor total chega a R$ 1,974 bilhão movimentado na economia de MS em 2024.
Conforme os economistas ouvidos pelo Correio do Estado, os recursos dos benefícios sociais são importantes para movimentar e manter a economia aquecida, pois garantem que o dinheiro circule no mercado local.
De acordo o mestre em Economia Lucas Mikael, os recursos são importantes para estimular o consumo. “Os beneficiários geralmente direcionam esses recursos para necessidades básicas como alimentação, vestuário e saúde, impulsionando o comércio local”.
O economista Eduardo Matos explica que os benefícios sociais têm duas vertentes diferentes de atuação. “A frente social de inclusão econômica das famílias, mas também há o ponto de vista econômico, em que todos os recursos financeiros que são disponibilizados para famílias de baixa renda são convertidos em consumo”, avalia.
Ainda segundo o economista, a propensão de que todo o recurso seja usado para o consumo é de quase 100% no caso das famílias de baixa renda, enquanto a propensão a poupar, ou seja, o potencial para se poupar, é praticamente zero.
“Pelo ponto de vista econômico, a injeção de recurso financeiro para a classe mais baixa da economia significa consumo, e o consumo, por sua vez, movimenta o comércio, tanto o comércio de bens quanto de prestação de serviços, e isso movimenta a economia local”, ressalta Matos.
Mikael corrobora que o movimento econômico trazido pelos recursos transferidos não beneficia apenas o comércio. “O incremento no consumo pode elevar a arrecadação de impostos estaduais e municipais, possibilitando investimentos em serviços públicos essenciais. Assim, os benefícios sociais não apenas assistem diretamente os indivíduos, mas também desempenham um papel crucial na dinamização da economia de Mato Grosso do Sul”.
O doutor em Administração Leandro Tortosa destaca que os programas contribuem para “lubrificar as engrenagens que movimentam a cadeia econômica do País”, tendo em vista que, comprovadamente, os valores impactam diretamente diversos setores.
Com base em um amplo estudo do Banco Mundial – “Cash Transfers and Formal Labour Markets – Evidence from Brazil”, Tortosa aponta que, a cada US$ 1,00 investido pelo governo, o benefício social devolve aproximadamente US$ 2,16 para a comunidade local. “O estudo mostrou que, em média, 54% dos gastos dos beneficiários são em serviços, sendo dois terços gastos em lojas físicas”.
De acordo com o estudo, além de combater a pobreza, o programa tem efeitos multiplicadores, pelo estímulo que dá à demanda local e ao emprego, inclusive de não beneficiários.
PROGRAMAS
O Mais Social atende, em média, 50 mil pessoas, que recebem R$ 450 mensalmente. Conforme os dados da Transparência do governo do Estado, o benefício destina cerca de R$ 21 milhões mensais às famílias cadastradas.
Segundo os dados do MDS, o valor médio do Bolsa Família em Mato Grosso do Sul foi de R$ 685,50 em dezembro, totalizando um montante de R$ 140,18 milhões pagos a 204,9 mil famílias nos 79 municípios atendidos.
O programa Bolsa Família, relançado em março de 2023 pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem como objetivo apoiar as pessoas em situação de maior vulnerabilidade no Brasil. De acordo com o MDS, o benefício mensal mínimo é de R$ 600, podendo aumentar conforme a composição familiar.
Entre as novidades implementadas em dezembro, destaca-se o Benefício Primeira Infância, que acrescenta
R$ 150 por criança até seis anos. Além disso, o programa inclui o Variável Familiar, com um adicional de R$ 50 para gestantes e jovens entre 7 anos e 18 anos, e a Renda de Cidadania, que assegura R$ 142 por integrante da família, independentemente da idade. Outro destaque é o Variável Familiar Nutriz, que oferece R$ 50 para nutrizes de recém-nascidos com até 6 meses.
O Bolsa Família também incorpora uma regra de proteção: caso algum membro da família consiga emprego e eleve a renda familiar, o benefício pode ser mantido por até dois anos, desde que a renda per capita não ultrapasse meio salário mínimo. Segundo o MDS, essas medidas visam garantir maior estabilidade financeira, ao mesmo tempo em que incentivam o emprego e o empreendedorismo.
Já o programa Mais Social, uma iniciativa do governo do estado de Mato Grosso do Sul, busca atender famílias em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional, promovendo inclusão social e acesso a políticas públicas.
De acordo com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast), o auxílio oferecido é de R$ 450 mensais, creditados em um cartão específico. O valor deve ser utilizado exclusivamente para a compra de alimentos e produtos de higiene pessoal, sendo proibida a aquisição de itens como bebidas alcoólicas e produtos derivados do tabaco. O descumprimento dessas regras pode levar à exclusão do beneficiário do programa.
MUNICÍPIOS
Entre os valores adicionais previstos no Bolsa Família, Mato Grosso do Sul tem 120,8 mil crianças de zero a 6 anos que recebem o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 destinado a cada integrante dessa faixa etária na composição familiar. O investimento para assegurar o repasse a esse público é de R$ 16,5 milhões.
O Bolsa Família também prevê outros benefícios complementares, no valor adicional de R$ 50, que chegam a mais de 185,5 mil crianças e adolescentes sul-mato-grossenses de 7 anos a 18 anos, além de beneficiar 14.890 gestantes e 4.733 nutrizes. Para esses pagamentos, o investimento federal supera R$ 9 milhões.
Ainda considerando os repasses de dezembro, Campo Grande é a cidade com maior número de beneficiários do Bolsa Família, com 52.834 famílias contempladas.
Na sequência dos cinco municípios com maior número de famílias atendidas estão Dourados (13.993), Corumbá (10.173), Ponta Porã (9.803) e Três Lagoas (7.896).
Com 14.404 habitantes e 1.944 famílias atendidas em dezembro, Paranhos é o município sul-mato-grossense com maior valor médio do benefício, R$ 825,12. Em seguida, aparecem Ladário (R$ 734,79), Japorã (R$ 730,57), Corumbá (R$ 722,34) e Porto Murtinho (R$ 722,08).
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