O turismo de negócios e eventos de Mato Grosso do Sul vai atrair, somente neste ano, mais de 21 mil pessoas – a maior parte para Campo Grande. Juntos, se permanecerem ao menos dois dias no Estado, esses visitantes podem movimentar mais de R$ 27,3 milhões na economia de MS. A estimativa é da Campo Grande Destination, associação sem fins lucrativos organizada por empresários da Capital que buscam captar eventos para o município. E, com todo esse fluxo de pessoas e expressiva movimentação financeira, os representantes do setor lamentam que um empreendimento com considerável potencial turístico como o Aquário do Pantanal ainda não tenha sido inaugurado. Sem o atrativo, grande parte dos visitantes logo deixa a Capital e segue para regiões do interior do Estado, como Bonito e o Pantanal.
“A gente tem uma perda gigantesca por essa obra ainda não ter sido finalizada. Uma perda gigantesca”, destaca a presidente do Campo Grande Destination, Melissa Tamaciro. “O Aquário, no nosso fluxo turístico, ajudaria a sensibilizar, isto é, atrair a atenção, de mais de 250 mil turistas, por ano”, define.
“Quando o Aquário estiver pronto, ele vai ser o principal produto turístico da Capital. Agregaria muito ao setor”, opina a superintendente da Secretaria de Cultura e Turismo da Capital (Sectur), Juliane Salvadori.
O potencial econômico do setor é tão grande que, segundo Tamaciro, apenas o turista de negócios gasta, em média, de R$ 450,00 a R$ 650,00 por dia. Já os eventos voltados a esse segmento, direcionados a Campo Grande, costumam atrair de 500 a 700 pessoas. “Nós catalogamos 30 eventos que já ocorreram ou ainda vão ocorrer este ano, mas sabemos que existem mais coisas acontecendo.
Então, os números podem ser ainda maiores”, pontua a presidente da associação turística, ressaltando que um empreendimento como o Aquário estimularia ainda mais um setor que já está em crescimento. “Os grandes eventos têm fugido dos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, e procurado lugares mais calmos, com mais segurança e trânsito mais fácil”, revela.
O diretor-presidente da Fundação de Turismo de MS, Bruno Wendling, também enxerga recuperação no setor turístico de eventos. “A tendência é de retomada do crescimento, uma vez que já temos um aumento no número de turistas que desembarcam no aeroporto. A expectativa é de aumento dos eventos captados”, aposta.
EXPECTATIVA
Apesar das projeções otimistas, alguns segmentos, como o de hotéis, ainda lutam para se recuperar financeiramente após a retração econômica dos últimos anos. Para eles, a expectativa é de que somente a criação de novos atrativos turísticos ajude a retomar o índice de ocupação dos estabelecimentos, já que o turismo de negócios e eventos, sozinho, não tem sido suficiente para compensar as perdas.
“Campo Grande tem sofrido bastante por conta da crise. Como o foco é o turismo de negócios, 95% das pessoas vêm para cá a trabalho, a crise afetou toda a malha hoteleira. O nosso índice de ocupação gira em torno de 53%, quando a média deveria estar entre 65% e 70%. Há três anos, por exemplo, que não se mexe em preços, trabalha-se com descontos para poder atrair o cliente”, comenta Ademar Oliveira Diniz, gerente do Hotel Vale Verde.
Ainda conforme Diniz, a cidade tem recebido grandes eventos, que resultam em boa ocupação por dois ou três dias, mas esse resultado se dilui com 30 a 40 dias de movimentação. “Neste ano, já tivemos dias com 90% de ocupação, mas outros com 15%”.
O gerente chama ainda a atenção para o desafio de apresentar alternativas ao turista que vem a Campo Grande. “Mato Grosso do Sul ‘vende’ Pantanal e Bonito, que é um turismo de aventura, e o turista que procura esses roteiros está saturado de cidade. Campo Grande é uma cidade bonita e moderna, mas as pessoas já vêm de grandes capitais, com cinemas, teatros, museus. Se o Aquário do Pantanal já estivesse funcionando, seria um importante diferencial”, completou.


