Economia

EXPECTATIVA

Vitória de Trump é boa notícia para produtor de soja

A "guerra comercial" dos EUA com a China no governo passado fez disparar o chamado "prêmio da exportação", o que elevou o preço da saca em até R$ 32,00 por aqui

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Além das chuvas mais intensas e regulares que no ano passado, a vitória de Donald Tramp para a presidência dos Estados Unidos é outra boa notícia para os produtores de soja, que em Mato Grosso do Sul já haviam plantado, no dia primeiro de novembro, 72% dos 4,5 milhões de hectares previstos para este ano. Isso significa dez pontos percentuais acima daquilo que havia sido semeado no ano passado na mesma data.

Segundo Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, a tendência é de que o futuro presidente dos Estados Unidos, que é mais protecionista que o atual presidente, restrinja os negócios com a China e isso fará com que os asiáticos venham a importar mais soja do Brasil. 

Esta restrição, explica ele, deve até provocar alguma queda nas cotações da soja na bolsa de Chicago, referência mundial para a precificação do grão. Porém, a tendência é de que o chamado “prêmio de exportação” aumente, assim como ocorreu no primeiro mandato de Trump.

Em outubro de 2018, no auge da “guerra comercial” entre os EUA e a China,  esse prêmio no porto de Paranaguá chegou a 2,8 dólares por bushel. Se fosse pela cotação do dólar de hoje, isso significa em torno de R$ 32,00 a mais por saca de soja.

Desta vez, porém, não existe probabilidade para que aquele pico do prêmio ocorra, uma vez que os estoques na China estão melhores do que naquele período, lembra o consultor do Itaú. Para março do próximo ano, em Paranaguá, o prêmio está cotado a 40 centavos por dólar. E, se houver nova "guerra" entre os dois gigantes, a tendência é de que este valor aumente. 

DÓLAR ALTO

Além deste prêmio, a cotação do dólar é outro fator fundamental para a definição do preço da soja, que é principal produto da economia de Mato Grosso do Sul. Se a safra chegar às 14 milhões de toneladas previstas, ela renderá em torno de R$ 32,5 bilhões, levando em consideração a cotação atual da saca. 

E, de acordo com Francisco Queiroz, a tendência é de que a moeda norte-americana, que atualmente está na casa dos R$ 5,70, siga em alta ao longo de todo o mandato de Trump. 

Atualmente, o preço da soja está na casa dos R$ 140,00 em Mato Grosso do Sul, o que é 14% acima daquilo que estava no mesmo período do ano passado e 40% acima da pior cotação do ano, em fevereiro, quando chegou a R$ 98,00. 

Então, mesmo que ocorra alguma queda nos valores em Chicago, acredita Francisco Queiroz, a provável melhora do chamado prêmio e valorização do dólar vão compensar esta queda e a tendência é de que o preço venha a melhorar. 

E este aumento só não será maior, segundo ele, porque a oferta de soja está alta no mundo inteiro. A produção brasileira, estima ele, pode chegar a 170 milhões de toneladas, caso as condições climáticas sigam favoráveis. Esse volume, caso seja atingido, recorde no país. 

Na Argentina e no Paraguai a tendência é a mesma, explica ele. Além disso, a colheita que está em andamento nos EUA também está dentro do projetado.

Até o começo desta semana, segundo  a Aprosoja, em torno de 29% da produção da soja que será colhida no Estado já foi comercializada. E, embora o preço atual esteja satisfatório, a vitória de Trump tende a colocar os produtores em compasso de espera, de olho em melhoras ao longo dos próximos meses, acredita o analista do Itaú BBA. 

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CONJECTURA

Eleição de Trump vai impactar a economia de Mato Grosso do Sul

Adoção de medidas protecionistas afetarão as exportações; os EUA são o segundo maior comprador da produção de MS

07/11/2024 08h30

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos Foto: Divulgação

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A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos definida ontem vai impactar a economia de Mato Grosso do Sul. Conforme especialistas consultados pelo Correio do Estado, a nova oportunidade conferida ao mandatário para comandar a potência econômica mundial deve refletir em todo o mundo e impactar tanto positiva quanto negativamente o Estado. 

O principal ponto destacado pelos analistas econômicos é o plano de Trump para adotar medidas protecionistas no país norte-americano, que deve afetar de formas distintas os preços e as negociações das commodities. Entre os analistas, existe uma leitura de que as políticas propostas pelo republicano devem deixar o dólar e os juros mais altos.

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos

Para o doutor em Administração Leandro Tortosa, é preciso atenção às estratégias que serão implementadas, porque Trump tem inclinação por fazer a América “great again” (grande de novo) como fez em sua primeira passagem. 

“Aumentar medidas protecionistas e sobretudo daqueles produtos que ele entende que ameaçam a economia dos Estados Unidos. Ele já sinalizou isso para os carros elétricos, principalmente os carros chineses, mas nada impede que ele faça a mesma coisa com produtos que incomodam por serem mais competitivos, como a laranja brasileira, a soja, a carne e o aço brasileiros, por exemplo, commodities que nós [Mato Grosso do Sul] somos grandes produtores e podem sofrer uma barreira de entrada nos Estados Unidos”, diz. 

O mestre em Economia Lucas Mikael corrobora com a análise e complementa que ao aumentar as tarifas de importação, com sobretaxas de até 20%, o Brasil pode perder a competitividade das exportações.

“Incluindo as de MS, que dependem de produtos como soja, carne bovina e milho. O aumento das tarifas pode reduzir a demanda dos Estados Unidos por esses produtos, impactando diretamente os produtores do Estado, além de gerar um efeito inflacionário que fortalece o dólar, tornando os produtos brasileiros mais caros e diminuindo a competitividade”, ressalta.

A possível desaceleração econômica nos EUA, como resultado das tarifas e da política de deportação de imigrantes, pode reduzir a demanda global por commodities, afetando os preços no mercado. 

“Para MS, que é um grande exportador de soja e carne, essa redução de preços pode prejudicar os ganhos dos produtores locais. A queda na demanda por commodities pode ser ainda mais acentuada se a guerra comercial entre os EUA e a China diminuir a procura por produtos como a soja, o que reduziria a receita de exportação do Estado”, completa Mikael.

Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior comprador da produção de Mato Grosso do Sul, atrás apenas da China. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), de janeiro a outubro, os envios de MS aos EUA resultaram em US$ 524,930 milhões negociados, alta de 26,30% ante os US$ 415,605 milhões negociados no mesmo período do ano passado.

Por outro lado, o mestre em Economia Eugênio Pavão ressalta que na primeira passagem do republicano, a relação econômica com MS não sofreu descontinuidade. 

“Porém, como esse mandato não tem um padrão definido, a expectativa seja de manutenção dos negócios, mas caso ocorra algo fora do padrão, estaremos dependente da geopolítica para equilibrar. Por exemplo, alta exagerada do dólar, provocada por altas dos juros, dificultando as importações, fuga de dólares e aumento da inflação. Em suma, Trump 2 poderá ser um governo voltado para dentro, muito mais do que foi o Trump 1, essa é a incógnita”, analisa.

POSITIVA

Ainda no caso do protecionismo de Trump, é possível que tanto Mato Grosso do Sul quanto o Brasil como um todo sejam beneficiados. A guerra comercial com a China, por exemplo, pode abrir espaço para o Brasil aumentar suas exportações de soja para o mercado chinês. 

“A China pode reduzir as compras de soja dos EUA, por conta das tarifas. Esse deslocamento de demanda pode beneficiar produtores de MS, 
mas é importante ressaltar que a redução dos preços das commodities em nível global pode atenuar os ganhos”, enfatiza Mikael.
O doutor em Economia Michel Constantino avalia que há uma boa expectativa com a eleição americana. 

“Com isso, a tendência é melhorar o mercado para o agronegócio brasileiro, na venda de commodities, energia e aço, pois ele deve taxar cada vez mais os chineses, fazendo que nossos produtos tenham maior valorização para a Ásia. Mas é preciso esperar a forma e o como ele vai agir nos negócios internacionais”.

Tortosa ainda corrobora que a alta do dólar impacta de forma contraditória a economia de Mato Grosso do Sul. Em um primeiro momento, fica mais interessante para o exportador. 

“Com o dólar mais caro, ele recebe mais reais para cada dólar exportado. Por outro lado, com o dólar mais caro, a gente precisa importar maquinário e vai importar mais caro. O Brasil tem um problema na produção de maquinário, a gente não é muito intensivo em tecnologia. Mas não somente máquinas, todos os outros insumos que a gente vai importar. Então, combustível, por exemplo, e outros produtos que têm cotação no mercado internacional, como a soja, o milho, a carne bovina, todos eles podem sofrer um impacto, por conta de um dólar futuramente mais caro”, detalha. 

Os economistas ainda frisam que é importante ressaltar que as análises são feitas baseadas naquilo que já foi visto, na primeira passagem de Trump pela Casa Branca e nas propostas de governo atuais dele. 

“Então, a gente não sabe, tem que esperar pra ver o que pode acontecer. Mas eu não consigo ver um benefício a longo prazo se ele implementar plenamente o governo dele ou a proposta de governo dele”, conclui Tortosa. 

Ao Estadão, o pesquisador do FGV/Ibre Armando Castelar reforçou que o cenário externo pressiona ainda mais o governo federal a colocar de pé a agenda de corte de gastos para melhorar a saúde das contas públicas.

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Economia

Brasil desce para 3º lugar no ranking de juros reais, mesmo com aumento da Selic

País foi ultrapassado pela Rússia, que promoveu alta de dois pontos percentuais; os dois países foram os únicos da lista a elevar taxas

06/11/2024 22h00

Copom eleva juros básicos da economia para 11,25% ao ano

Copom eleva juros básicos da economia para 11,25% ao ano Agência Brasil

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O Brasil caiu da segunda para a terceira posição no ranking mundial de juros reais, após o aumento da taxa básica para 11,25% ao ano na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quarta-feira (6).

O país foi ultrapassado pela Rússia, que promoveu uma alta de dois pontos percentuais no final de outubro.

O juro real no Brasil está em 8,08% ao ano, valor inferior apenas ao da Turquia (15,18%) e da Rússia (12,19%), segundo ranking elaborado pelo Portal MoneYou. A posição seria a mesma caso o juro tivesse sido elevado em 0,25 ou 0,75 ponto percentual, segundo a mesma simulação.

O levantamento mostra que a maioria dos países cortou juros recentemente e que os bancos centrais brasileiro e russo foram os únicos a promover aperto monetário entre as 40 economias do ranking.
Os dois países também seguem distantes da taxa média entre as economias selecionadas, que é de 1,10% ao ano.

A taxa real é uma combinação da inflação projetada para os próximos 12 meses, de 4,30% considerando dados do relatório Focus do BC, e dos juros de mercado de 12 meses à frente -utilizando o contrato de Depósito Interbancário.
Houve aumento tanto dos juros como da inflação projetados em relação à última reunião do Copom.

Entre as economias mais relevantes, oito países possuem juro real negativo, entre eles, Japão (-1,64%) e Argentina (-33,66%).
Em termos nominais, o Brasil se manteve na quarta colocação. Fica abaixo de Turquia (50%), Argentina (35%) e Rússia (21%), considerando as 40 economias mais representativas. A média geral é de 6,81% ao ano.

GLOSSÁRIO

**Taxa básica de juros**

A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)

**Taxa real de juros**
Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação

**Taxa real ex-ante**
Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo

**Taxa real ex-post**
Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e na inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado

**Copom (Comitê de Política Monetária)**
Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic

**IPCA**
Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou da Economia e de outros membros da equipe econômica. 

 

*Informações da Folhapress 
 

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