Algumas cobras desenvolveram um comportamento curioso e altamente eficaz para escapar de predadores: fingem estar mortas. O fenômeno, conhecido como “morte aparente” ou imobilidade tônica, é uma estratégia defensiva observada em diversas espécies, mas entre as cobras ela assume um nível de realismo impressionante.
Um estudo publicado na revista Biology Letters revelou que algumas espécies, como a cobra-d’água Natrix tessellata, não apenas se imobilizam, mas também simulam ferimentos e liberam substâncias desagradáveis para reforçar a ilusão.

Estratégias de defesa que confundem o inimigo
A pesquisa, conduzida por zoologistas da Universidade de Belgrado, analisou 263 cobras na ilha de Golem Grad, na Macedônia. Os cientistas observaram que cerca de metade delas defecou quando manipulada, enquanto 28 sangraram pela boca, um comportamento chamado de auto-hemorragia.
Curiosamente, apenas as que fingiram estar mortas exibiram esse sangramento, tornando a encenação ainda mais convincente. O objetivo é claro: enganar o predador e reduzir as chances de ataque.
Essas cobras não são venenosas e vivem em regiões que vão da Europa Ocidental até o oeste da China. Por serem presas frequentes de aves e mamíferos, desenvolveram um repertório defensivo complexo. Além de sangrar e se imobilizar, podem liberar um muco com odor desagradável e até defecar, tornando o contato ainda menos atrativo para o agressor.
Os pesquisadores notaram que as cobras que combinam diferentes comportamentos defensivos, como sangrar e fingir a morte, escapam mais rapidamente do perigo. Essa “atuação” reduz o tempo de exposição e aumenta as chances de sobrevivência. O comportamento, embora teatral, representa uma resposta evolutiva refinada, na qual cada detalhe contribui para confundir o predador.





