O ouro voltou a ocupar papel central na economia global. De acordo com o Conselho Mundial do Ouro (GWC), os bancos centrais de diversos países estão acumulando reservas do metal a um ritmo sem precedentes.
Somente em 2022 e 2023, mais de duas mil toneladas foram adicionadas aos cofres dessas instituições, consolidando uma tendência que tem influenciado diretamente os preços internacionais e a estratégia financeira de várias nações.

O avanço das reservas e suas motivações
Atualmente, cerca de 20% de todo o ouro mundial está nas mãos dos bancos centrais, e a proporção continua crescendo. Somente no primeiro trimestre deste ano, aproximadamente um quinto da produção global foi adquirida por essas instituições, um volume que reforça a busca por segurança em meio a um cenário de instabilidade econômica e política.
O ouro, historicamente visto como um ativo de proteção contra crises e inflação, volta a ser priorizado diante de tensões geopolíticas e da volatilidade das moedas tradicionais. Segundo o analista Carsten Menke, da Julius Baer, esse movimento é motivado mais por razões políticas do que puramente econômicas.
As incertezas nas relações internacionais, os conflitos em andamento e a fragmentação do comércio global têm levado países a diversificar suas reservas, reduzindo a dependência de ativos considerados vulneráveis a sanções ou instabilidades externas.
O relatório do GWC mostra que 81% dos banqueiros centrais pretendem continuar ampliando suas reservas de ouro nos próximos 12 meses. Esse movimento deve manter a demanda alta e os preços elevados, enquanto a “desdolarização” ainda não é prioridade para a maioria dos países. Apenas 13% dos entrevistados declararam planos concretos de reduzir significativamente suas reservas em dólar nos próximos cinco anos.





