A presença crescente da tilápia-do-Nilo no litoral brasileiro, especialmente em regiões como Santos (SP), tem gerado apreensão entre pescadores e ambientalistas. Originária da África, essa espécie foi introduzida no país para fins de piscicultura, mas acabou escapando para ambientes naturais, onde vem se reproduzindo rapidamente.
Sua expansão descontrolada coloca em risco espécies nativas e altera o equilíbrio ecológico de ecossistemas costeiros. Pesquisas recentes indicam que a tilápia-do-Nilo possui alta capacidade de adaptação, sobrevivendo mesmo em águas poluídas e com baixos níveis de oxigênio.
Essa resistência genética permite que o peixe prospere em locais degradados, competindo com espécies locais por alimento e espaço. Em áreas como o Canal 4, em Santos, a densidade populacional dessa tilápia aumentou de forma preocupante, substituindo gradualmente os peixes nativos.

Competição alimentar e risco econômico para pescadores
O comportamento e a dieta da tilápia-do-Nilo também contribuem para o desequilíbrio ambiental. Com alimentação diversificada, que inclui detritos orgânicos, algas e larvas de peixes marinhos, ela interfere diretamente nas cadeias alimentares locais.
A ausência de predadores naturais nos canais e estuários brasileiros facilita ainda mais sua reprodução e permanência. Essa dinâmica reduz a disponibilidade de peixes nativos, afetando pescadores que dependem dessas espécies para subsistência e comercialização.
Além do impacto ambiental, há consequências econômicas diretas. A substituição de peixes tradicionais por tilápias pode desvalorizar a produção pesqueira local, uma vez que o mercado nem sempre absorve bem espécies exóticas fora do contexto de cultivo controlado. Pescadores relatam diminuição na quantidade de espécies como robalo e tainha, que têm importância comercial significativa.
Os pesquisadores defendem a adoção de políticas públicas voltadas ao monitoramento e controle da tilápia em ambientes naturais. Medidas preventivas, como barreiras físicas em canais e ações de manejo ambiental, podem reduzir a expansão da espécie.





