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DIREITA x ESQUERDA

Equador terá 2º turno em disputa polarizada entre Noboa e pupila de Correa

Com 72% da apuração concluída, Noboa, o herdeiro do império das bananas, tinha 44,7% dos votos. Na sequência, aparece González, com 43,8%

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A maratona eleitoral do Equador ao longo dos últimos quatro anos não terá pausa neste domingo (9). O órgão eleitoral diz que haverá um polarizado segundo turno em abril entre o atual presidente, Daniel Noboa, e Luisa González, de esquerda.

Com 72% da apuração concluída, Noboa, o herdeiro do império das bananas (seu pai é um bilionário dono da empresa "Bonita Banana"), soma 44,7%. Na sequência, González, com 43,8%. A eleição contava com 16 candidatos, mas somente os dois eram expressivos. Os equatorianos também elegeram 151 legisladores.

Será uma disputa que sobrepõe esses nomes. O pleito mostrará qual percepção social ganha: o recente "anti-noboismo" ou o já tradicional "anti-correísmo". O primeiro refere-se à oposição a Noboa. Já o segundo, à oposição ao padrinho político de González, o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), um dos nomes mais polarizadores do país.

Será ainda um "revival" de 2023, quando a mesma dupla disputou o segundo turno em eleições atípicas, convocadas de maneira antecipada após o então presidente Guillermo Lasso, investigado por corrupção, colocar fim a seu governo por meio de uma figura jurídica inédita, a "morte cruzada", que também dissolveu o Parlamento. Noboa ganhou daquela vez e é favorito nesta.

A participação eleitoral foi de 83,4% no país onde o voto é obrigatório para cidadãos que tenham entre 18 e 65 anos e no qual a multa por não comparecer às urnas é de US$ 47 (cerca de R$ 270).

Em um discurso ainda enquanto corria a apuração, González voltou a acusar Noboa de cometer irregularidades eleitorais, devido ao fato de que o presidente se recusou a se afastar do governo para conduzir sua campanha à reeleição, como manda a lei.

Noboa também tentou apartar sua vice, Verónica Abad (que neste domingo votou com um colete a prova de balas), e tentou nomear uma aliada provisoriamente para o cargo, mas foi impedido pela Justiça.

Político da centro-direita, Noboa se deparou com desafios substanciais no curto mandato de um ano e meio no qual parecia estar a todo o tempo em clima de campanha a reeleição. Ele viu um canal de TV ser invadido ao vivo por homens armados, um dos maiores chefes criminosos fugir da cadeia e o sistema energético ruir com a seca.

Para combater a crise a galope da segurança pública, ele apostou na militarização do setor, o que é parte fundamental do "anti-noboísmo", sentimento social de que a linha-dura do presidente corroborou para que houvesse violações de direitos humanos cometidas pelas mãos de soldados nas ruas. Os casos do tipo se acumularam.

Por outro lado, Luisa González, advogada e ex-deputada, carrega a carga simbólica dos governos de Rafael Correa, período de bonança econômica pela época áurea do boom das commodities -que alavancou as exportações de petróleo, mas foi marcado por escândalos de corrupção.

O próprio Correa foi condenado por um desses casos, mas afirma se tratar de mais um exemplo de lawfare, termo que se popularizou na região para falar de uma possível perseguição judicial com objetivos políticos. Hoje, ele vive na Bélgica, país natal de sua esposa.

É possível interpretar que o próprio primeiro turno deste domingo já foi ditado, em grande medida, pela pergunta "quem você não quer que ganhe" do que a óbvia "quem você deseja eleger".

Isso porque até há poucos dias antes desse pleito, como mostrou a consultoria Cedatos em pesquisa de opinião, havia uma ampla indecisão dos equatorianos. Ao menos 34% deles diziam não saber em qual dos 16 candidatos votar, revelando que a fidelidade aos concorrentes não foi prioridade na eleição.

Durante seu curto mandato no Palácio de Carondelet, Noboa não teve grandes laços internacionais além de apoios expressivos de líderes que hoje não estão no cargo, como o ex-presidente da Colômbia Iván Duque. Mas, agora, mostrou que pode se aliar a Donald Trump.

Ele foi o único líder da América do Sul, além de Javier Milei (Argentina), a participar da cerimônia de posse de Trump em Washington. Noboa é bem relacionado especialmente do secretário de Saúde do republicano, o anti-vacina Robert Kennedy Jr., de cuja família é próximo.

Ainda assim, uma resposta sua à revista New Yorker em junho passado surpreendeu. Questionado sobre com qual líder da América Latina ele mais se sente alinhado, sua resposta foi o presidente Lula (PT), referência da esquerda. Por quê? Noboa disse que conheceu Lula há 15 anos, durante uma cúpula empresarial, e ficou impressionado com sua sabedoria política e sua habilidade de levar adiante suas prioridades.

Já González aumentaria o leque de políticos à esquerda na região -Claudia Sheinbaum (México), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (que tomará posse no mês que vem no Uruguai), Gabriel Boric (Chile) e mesmo Lula. Durante a campanha, ela se recusou a criticar a ditadura da Venezuela, enquanto, por outro lado, Noboa não só o fez como reconheceu o opositor Edmundo González como o verdadeiro eleito do pleito de 2024 e o recebeu na capital Quito.

(Informações da Folhapress)

NARCOTERRORISMO OU PETRÓLEO?

Trump diz que os EUA vão 'começar a agir em terra em breve' na Venezuela

Após apreensão do navio petroleiro, o Governo Maduro afirmou que "sempre se tratou do nosso petróleo, da nossa energia"

12/12/2025 07h37

Donald Trump não deu detalhes sobre uma possível operação terrestre no território venezuelano

Donald Trump não deu detalhes sobre uma possível operação terrestre no território venezuelano

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o governo americano intensificará os ataques contra narcotraficantes na Venezuela, revelando que ações terrestres no país ocorrerão "muito em breve", durante um evento no Salão Oval na noite desta quinta-feira, 11.

Ao ser questionado por repórteres na Casa Branca sobre a apreensão de um navio petroleiro perto da costa da Venezuela, Trump justificou a operação e acusou Caracas de ter enviado criminosos intencionalmente aos EUA como imigrantes.

"[A ação contra a Venezuela] é sobre muitas coisas, eles nos trataram de forma ruim, e agora nós não estamos tratando eles tão bem", disse Trump, que afirmou ter diminuído 92% a entrada de drogas pelo mar nos EUA desde que o país começou a abater embarcações no Caribe e no Pacífico. "E nós vamos começar [a agir] por terra também. Vai começar por terra muito em breve", acrescentou o presidente americano.

Na quarta-feira, 10, os Estados Unidos apreenderam um grande navio petroleiro na costa da Venezuela, em meio ao aumento das tensões entre Washington e Caracas. "Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande petroleiro, muito grande - o maior já apreendido, na verdade", disse Trump a jornalistas.

"E outras coisas estão acontecendo, vocês verão mais adiante", ele acrescentou, no início de uma mesa-redonda com empresários e altos funcionários. Trump não deu detalhes adicionais sobre a operação, mas dois oficiais americanos disseram, sob condição de anonimato, que a apreensão ocorreu após um "planejamento deliberado" e que não houve resistência da tripulação ou vítimas durante a operação.

O governo da Venezuela respondeu em um comunicado que a apreensão "constitui um roubo flagrante e um ato de pirataria internacional". "Nestas circunstâncias, as verdadeiras razões para a agressão prolongada contra a Venezuela foram finalmente reveladas. Sempre se tratou dos nossos recursos naturais, do nosso petróleo, da nossa energia, dos recursos que pertencem exclusivamente ao povo venezuelano", afirmou o comunicado.

Washington enviou em agosto uma flotilha de navios e aviões de combate ao Caribe com o argumento de lutar contra o narcotráfico em Caracas, no entanto, considera que essa mobilização busca, na realidade, derrubar o ditador Nicolás Maduro e se apropriar das reservas de petróleo do país. Trump conversou recentemente por telefone com Maduro, sobre um possível encontro.

O governo americano desenvolveu uma série de opções de ação militar no país, que vão desde atacar Maduro até assumir o controle dos campos de petróleo do país. Trump expressou repetidamente reservas sobre uma operação para derrubar Maduro, segundo assessores, em parte por medo de que ela possa fracassar

Contudo, desde setembro, os Estados Unidos têm atacado embarcações na região que, segundo o governo Trump, traficam drogas. As forças armadas lançaram 22 ataques conhecidos, matando mais de 80 pessoas.

Trump também ordenou um aumento das forças americanas na região, com mais de 15.000 soldados e uma dúzia de navios no Caribe. O presidente americano autorizou ações secretas contra a Venezuela e já havia alertado que os Estados Unidos poderiam "muito em breve" expandir seus ataques de barcos na costa venezuelana para alvos dentro do país. Mas até então, o destacamento militar americano não havia afetado a atividade de navios petroleiros.

O navio tomado na quarta-feira tinha sido utilizado durante anos pela Venezuela e pelo Irã para transportar petróleo apesar das sanções internacionais contra ambos, disse, após a apreensão, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi. Ela também publicou um vídeo nas redes sociais que mostra o momento em que integrantes da Guarda Costeira do país apreenderam o navio petroleiro na costa da Venezuela.

A operação de quarta-feira ocorreu no mesmo dia em que o Prêmio Nobel da Paz foi formalmente concedido à dissidente venezuelana María Corina Machado. Sua filha recebeu o prêmio em seu nome em Oslo. (Com informações da Associated Press)

narcotráfico ou petróleo?

Petros diz que corpos no mar podem ser de vítimas de bombardeio dos EUA

Dois corpos foram localizados no mar do lado colombiano e vários outros do lado da venezuela na semana passada

08/12/2025 07h10

Gustavo Petro, desafeto do Governo dos EUA, cobra investigação internacional para descobrir identidade e causa da morte das vítimas

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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu neste domingo, 7, a abertura de uma investigação sobre o achado de dois corpos na beira do mar em um povoado na fronteira com a Venezuela e sugeriu que as mortes podem ter sido causadas por um bombardeio americano no Caribe.

Na quinta-feira, 4, a rede pública de televisão RTVC informou sobre a descoberta de dois corpos nesse povoado e de vários outros no lado venezuelano, sem precisar o número.

"Peço ao Instituto de Medicina Legal que estabeleça as identidades (...). Podem ser mortos por bombardeio no mar", escreveu Petro na rede social X. Um porta-voz da polícia confirmou à AFP que os corpos foram encontrados em uma praia de pescadores no departamento de La Guajira (norte).

Em outubro, Petro já havia acusado Washington de violar a soberania colombiana e de matar um pescador durante operações militares americanas contra o narcotráfico no Mar do Caribe.

Segundo ele, o colombiano Alejandro Carranza morreu em um dos ataques realizados por forças dos Estados Unidos que, desde agosto, têm concentrado ações na Venezuela e em áreas próximas às águas territoriais da Colômbia.

À época, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a Colômbia não receberá mais subsídios americanos. Em publicação na rede social Truth Social ele justificou a medida dizendo que o presidente colombiano, Gustavo Petro, é um líder do tráfico de entorpecentes, "que incentiva fortemente a produção maciça de drogas". O chefe da Casa Branca, porém, não apresentou provas sobre suas acusações.

Na ocasião, o presidente colombiano negou qualquer vínculo com o narcotráfico e disse não compreender "a ganância" que, segundo ele, define o capitalismo.
 

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