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MAIOR ONDA DO MUNDO

Vinte anos depois, Indonésia relembra tsunami devastador

Estimativa é de que 167 mil pessoas tenham morrido vítimas do maremoto que atingiu o país asiático em 26 de dezembro de 2004

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Em abril passado, um alerta de tsunami assustou outra vez a Indonésia, levando centenas de pessoas a deixarem suas casas.
A previsão não se concretizou. Mas lembrou o quanto a população teme a devastação desde o maremoto que matou mais de 167 mil indonésios, segundo as autoridades do país, na manhã de 26 de dezembro de 2004, com ondas de 30 metros.

O governo realiza uma cerimônia para rememorar o ocorrido na província mais atingida, Aceh, nesta quinta-feira (26).

O tsunami foi causado por um sismo de magnitude 9.1 ocorrido num ponto do oceano Índico próximo a Aceh. Ele teria deixado 228 mil mortos no total, atingindo também Tailândia, Sri Lanka e até a costa da África, onde se calcula que tenham morrido 300 pessoas. É dado como o pior desastre natural deste século.

A Folha ouviu indonésios sobre o que houve há 20 anos e a marca que a catástrofe deixou.

Bustanul Arifin, 32, era um pré-adolescente em Aceh na época. "Vivi e testemunhei a tragédia, foi um dos momentos mais sombrios da minha vida", diz. "Vi os corpos ao meu redor. É o que eu nunca vou esquecer. Eu dormi na mesquita Baitur Rahman, e ao meu lado também havia muitos corpos. Você sentia o cheiro de coisa ruim."

Ele narra a volta à escola, semanas depois. Muitos dos colegas tinham perdido os pais. "Eles não tinham mais família. Muitos em Aceh cresceram sem pai, mãe, sem a irmã."
 

Arifin agora está na Universidade Curtin, na Austrália, buscando seu doutorado, e consegue ver algo positivo no episódio. "Aceh experimentou conflitos armados por três décadas, um dos maiores no Sudeste Asiático. O tsunami influenciou o governo e o grupo insurgente a conversar e solucionar os conflitos."

Ele também afirma que depois da catástrofe houve investimento em infraestrutura e na recuperação das cidades. "A atividade econômica se ampliou e é hoje muito, muito boa."
 

Ifdhal, 41, era estudante de jornalismo e afirma se recordar que, no distrito de Lhoknga, procurou durante dias por seus pais. Árvores bloqueavam as ruas. "Meus pais também foram mártires, muitos parentes se tornaram vítimas", conta.

Engajou-se numa organização de apoio às vítimas e, após um ano, editou um vídeo sobre o assunto. "Eu não podia ver, imediatamente começava a chorar, porque imaginava meus pais."

Os irmãos Fauzi, 38, e Fitria Julita, 37, estavam terminando o ensino médio quando o tsunami varreu Aceh. Também ficaram marcados pela lembrança dos colegas que perderam toda a família. Mais de mil escolas foram atingidas.
 

Fauzi morava a um quilômetro da praia e precisou correr das águas para se salvar.

Milhares de turistas estrangeiros também morreram ou desapareceram, o que afetou resorts de areias brancas e atraiu extensa cobertura da mídia ocidental para o incidente —e até filme hollywoodiano, "O Impossível" (2012), com Naomi Watts e Ewan McGregor, o maremoto inspirou.

De acordo com livros como "Tsunami: The World's Greatest Waves" (tsunami, as maiores ondas do mundo), publicado em 2021, esse foi não apenas o pior desastre natural deste século, mas "o maior na era moderna".

Deixou muitos prédios no chão, sobretudo aqueles na orla, em Aceh. A mesquita de Rahmatullah ficou de pé, no entanto, tornando-se assim símbolo da resistência da região.

(Informações da Folhapress)

paz

Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah entra em vigor no Líbano

A trégua foi iniciada às 4 horas da quarta (às 23 horas de terça-feira em Brasília), e deve encerrar um conflito que forçou o deslocamento de milhares de pessoas

27/11/2024 07h24

 O conflito teve início após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, em território israelense

O conflito teve início após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, em território israelense

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O cessar-fogo na guerra entre Israel e a milícia radical xiita Hezbollah entrou em vigor nesta quarta-feira, 27, no Líbano, após mais de um ano de confrontos. A trégua foi iniciada às 4 horas da quarta (às 23 horas de terça-feira em Brasília), e deve encerrar um conflito que forçou o deslocamento de milhares de pessoas.

Grandes áreas do Líbano foram devastadas pelos bombardeios israelenses, cujas forças realizaram incursões no território libanês para enfrentar os combatentes do Hezbollah. O conflito teve início após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, em território israelense. Em apoio, o Hezbollah lançou mísseis contra o Norte de Israel e forçou o deslocamento de milhares de israelenses.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que a trégua permitirá às forças israelenses se concentrarem nas tensões com o Irã e na guerra contra o Hamas em Gaza.

Netanyahu conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e agradeceu o envolvimento para que um acordo fosse alcançado, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense.

Para o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, a trégua representa um "passo fundamental" para a estabilidade regional.

Além da guerra no Líbano, Israel combate o Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, após o ataque do grupo terrorista no sul de seu território. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã.

O Irã celebrou o fim do que classificou como "agressão israelense" no Líbano. "O Irã saúda a notícia do fim da agressão do regime sionista contra o Líbano e apoia firmemente o governo, a nação e a resistência libanesa", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Esmail Baqai, em comunicado.

A duração do cessar-fogo, dependerá do que acontecer no Líbano, e Israel manterá, em acordo com os Estados Unidos, uma liberdade de ação no país.

Moradores retornam para o sul do país

Horas antes do cessar-fogo entrar em vigor, Israel lançou ataques aéreos no centro da capital libanesa, Beirute, e uma saraivada de foguetes do Hezbollah disparou sirenes de ataque aéreo em uma grande faixa do norte de Israel.

Apesar disso, depois que o acordo entrou em vigor, os ataques mútuos cessaram, e grupos de libaneses voltaram para casa na região sul.

O porta-voz militar árabe de Israel, Avichay Adraee, alertou os libaneses deslocados para não retornarem às suas aldeias no sul do Líbano.

Militares libaneses pediram aos deslocados que retornam ao sul do Líbano para evitarem aldeias e cidades da linha de frente perto da fronteira onde as tropas israelenses ainda estavam presentes.

Mesmo assim, alguns libaneses desafiaram esses apelos e retornaram para vilas no sul, perto da cidade costeira de Tiro.

Tropas israelenses ainda estavam presentes em partes do sul do Líbano depois que Israel lançou uma invasão terrestre em outubro (AGÊNCIA ESTADO COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

MUNDO

Para financiamento climático, COP29 aprova US$ 300 bilhões/ano

Acordo foi criticado por diversos países durante a plenária, especialmente pelas nações que estão em desenvolvimento, como Cuba, Índia, Peru e Chile, mas também pelo Canadá

24/11/2024 11h34

Texto final aponta que recursos poderão vir de diversas fontes, públicas e privadas, abrindo margem até para contabilizar bancos multilaterais.

Texto final aponta que recursos poderão vir de diversas fontes, públicas e privadas, abrindo margem até para contabilizar bancos multilaterais. Reprodução

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Após dificuldades de negociação e até descrença de que um acordo poderia ser obtido, a Cúpula do Clima (COP29) chegou na madrugada de hoje em Baku, no Azerbaijão, a um acordo a respeito da nova meta de financiamento climático mundial, a ser paga pelos países ricos a nações em desenvolvimento.

O montante deve ser de ao menos US$ 300 bilhões (R$1,74 trilhão) até 2035, embora estudos apontem que essas nações precisem de até US$ 1,3 trilhão (R$ 7,5 trilhões).

A decisão foi recebida com aplausos - assim como as críticas na sequência. O tema era o principal da conferência deste ano, chamada informalmente de "COP das Finanças".

O evento começou sob a sombra da eleição de Donald Trump, nos EUA, e em contexto geopolítico polarizado e de guerras. Também foi marcado pela ausência da maioria dos grandes líderes - que estiveram presentes na reunião do G20 no Brasil.

Embora aprovado pela cúpula, o acordo foi criticado por diversos países durante a plenária, especialmente as nações em desenvolvimento, como Cuba, Índia, Peru e Chile. Mas também houve queixas dos ricos, como o Canadá.

Diego Pacheco, representante da Bolívia, por exemplo, disse que a decisão "é um insulto aos países em desenvolvimento". "Financiamento climático não é caridade, é uma obrigação legal e um direito dos povos do sul global."

A decisão também foi criticada por diversas organizações ambientais, que chegaram a postular um boicote. Há o entendimento de que aumentará a pressão sobre a COP-30, no Brasil.

Para Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, a presidência da COP foi "desastrosa", "perdendo apenas para o texto". "O desfecho escancara que os países ricos fogem de qualquer responsabilidade."

Horas antes, os blocos de países mais vulneráveis e insulares, como Angola, Haiti e Jamaica, chegaram a deixar a negociação, apontando que consideravam um "insulto" a forma como suas reivindicações não estariam sendo ouvidas.

Já o comissário europeu de Ação Climática, Wopke Hoekstra, elogiou a decisão. "A COP29 será lembrada como o início de uma era de financiamento climático", afirmou.

Maior autoridade da Organização das Nações Unidas em Clima, Simon Stiell comparou o financiamento climático a um "seguro para a humanidade" e, como tal, somente funciona se for pago e no prazo. "Baku deixa uma montanha de trabalho por fazer."

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "esperava um resultado mais ambicioso", tanto em termos financeiros quanto de mitigação. "Esta foi uma negociação complexa em cenário geopolítico incerto e dividido."

Intervenção brasileira

Como contraproposta a uma versão anterior de US$ 250 bilhões, o Brasil havia defendido que o valor fosse de US$ 300 bilhões até 2030, atualizado para US$ 390 bilhões até 2035.

Nesse cenário, argumentava que o texto deveria deixar claro que seriam recursos públicos, enquanto outras fontes não poderiam ser somadas na meta mínima exigida.

O texto final aponta, contudo, que os recursos poderão vir de diversas fontes, públicas e privadas, abrindo margem até para contabilizar bancos multilaterais.

No documento, são reconhecidas as barreiras fiscais enfrentadas pelos países em desenvolvimento e, então, chama-se a todos os atores dos setores público e privado para "trabalharem juntos" para aumentar a contribuição gradualmente, para chegar a US$ 1,3 trilhão até 2035. Isto é, o valor poderia ser alcançado se fossem somados investimentos de origens diversas.

Com a sigla NCQG em inglês, o financiamento envolve recursos para adaptação e mitigação climática e transição energética, considerando a responsabilidade histórica que os países ricos reconheceram no Acordo de Paris, por serem os maiores emissores de gases do efeito estufa.

Passando o bastão

Horas antes das plenárias finais, na noite de ontem, foi feita a "passagem de bastão" oficial para o Brasil, sede da COP-30, com discurso da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a apresentação de um vídeo.

"É fundamental, sobretudo após a difícil experiência aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo", afirmou ela.

"É fundamental que, antes de chegar à COP30, possamos fazer um alinhamento interno - dentro de nossos países e entre nós."

 

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