Logo Correio do Estado

FOCOS DE CALOR Pantanal continua queimando e fumaça encobre Corumbá Bombeiros afirmam que há vários focos, mas nenhum incêndio de grande proporção 21 JUL 2020 • POR Glaucea Vaccari • 11h04

Nas últimas 48 horas, Corumbá registrou 126 novos focos de calor e a cidade amanheceu hoje encoberta por fumaça de queimadas no Pantanal.

A fumaça dos incêndios chegou até a área urbana, em situação que é não é considerada atípica devido a geografia local e ao grande número de focos de incêndio no bioma, segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Fernando Carminati.

O município sul-mato-grossense é que o mais tem focos de calor entre as cidades do Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No ano, são 3.381 focos de calor na região.

Apesar de incêndios serem comuns no Pantanal no período, neste ano houve aumento dos focos em comparação com anos anteriores.

De janeiro a julho do ano passado, foram registrados 2.319 focos, o que aponta que em 2020 já são 1.062 focos a mais, conforme dados do Inpe.

Há cerca de duas semanas, um incêndio de grandes proporções destruiu dezenas de hectares na região do Paraguai-Mirim, próximo a escola rural do Jatobazinho, mas as chamas foram controladas.  

Tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Fernande Carminati, disse ao Correio do Estado que há ainda vários focos de incêndio espalhados pelo Pantanal e que a situação deve continuar até meados de outubro ou novembro. A corporação está monitorando locais com possível incêndio de grandes proporções, mas que ficam em áreas de difícil acesso. 

“Nessa época do ano tem queimada todo dia. Equipe dos bombeiros sempre está atendendo, tem vários focos. Corpo de Bombeiros nessa época do ano está com plano que ficam guarnições extras para qualquer necessidade”, disse o tenente-coronel, afirmando que isso indica que as chamas estão em áreas menores, mas que também preocupam por estarem espalhadas e poderem se alastrar.  

A equipe solicitou reforço e oito bombeiros devem chegar na região amanhã para ajudar nos trabalhos de controle dos incêndios.

Carminati também comentou que a situação deste ano é diferente dos anos anteriores, não só pelo aumento de focos, mas pelo período em que começaram as queimadas. 

Segundo ele, indicadores da sala de situação apontam que os períodos mais críticos são entre maio e novembro, mas neste ano foi antecipado, com recorde de incêndios em março.

Em março, uma força-tarefa foi montada para combater grandes incêndios na região da Serra do Amolar, envolvendo mais de 70 homens, com o apoio aéreo de dois aviões Air Tractor. Fogo foi controlado após uma semana de uma operação.

Com a antecipação da ocorrência de focos, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), criou uma rede permanente de combate às queimadas e manteve ativa a Sala de Situação, onde as condições climáticas são monitoradas para embasar ações estratégicas e preventivas.

Ação humana

Incêndio no Pantanal é preocupante porque, além de destruir o bioma, há dificuldade no trabalho de combate, devido a alguns dos focos estarem em locais distantes e de difícil acesso, sendo necessária utilização de barco e parte do trajeto a pé

O tempo extremamente seco e o período de estiagem, típicos de inverno no Brasil, contribuem para os incêndios, mas a maioria são causados pela ação humana, segundo o tenente-coronel.

“A grade maioria é pela ação humana e pela imprudência. As vezes colocam foco para queimar pastagem e perde o controle, pelo clima seco. Ribeirinhos também culturalmente usam o fogo para ter acesso a isca em grandes alagados ou para fazer fogueira, e por negligência acaba queimando fora de controle”, explicou.

Historicamente, a maior incidência de queimadas ocorre entre os meses de agosto e outubro, mas previsão climática do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) aponta período de forte estiagem para os meses de julho, agosto e setembro, o que levou o governo federal a suspender, na última quarta-feira (15), o emprego de fogo em áreas rurais por um período de 120 dias, em todo o Brasil.

Em nota, aecretaria-Geral da Presidência da República cita dados recentes do Inpe, que apontam grande quantidade de focos de queimadas no primeiro semestre deste ano no Pantanal, como uma das justificativas para a proibição.

*Matéria alterada às 16h35 para acréscimo de informação.