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INDICIADA Ex-mulher de suspeito arquitetou plano para matar dono de lava jato Para furtar dinheiro que vítima recebeu de venda de casa, ela inventou para o ex que estaria sendo agredida e o instigou ao crime 10 JUL 2022 • POR Glaucea Vaccari • 16h01

Nayara Aparecida Garcia da Silva, ex-mulher de Joe Magnun, acusado de matar a tiros o dono de um lava jato e um trabalhador que passava pelo local, na Avenida das Bandeiras, também foi indiciada pelos crimes de homicídio qualificado.

De acordo com relatório do inquérito, encaminhado pela Polícia Civil à Justiça, a mulher instigou o ex a cometer o crime, dizendo que estaria sendo ameaçada por Luiz Alberto da Conceição, dono do lava jato, com quem ela mantinha um relacionamento.

Enquanto Joe planejou o crime motivado por ciúmes, o objetivo de Natália, segundo a polícia, era furtar R$ 60 mil que a vítima havia recebido da venda de uma casa.

O crime aconteceu no dia 27 de maio. O suspeito foi até o local, efetuou disparos contra Luiz Alberto, que tentou fugir correndo para a rua, mas foi perseguido por Joe, que continuou atirando.

Uma bala perdida atingiu o motociclista Adriano Medeiros Pereira, 33 anos, que passava pelo local a caminho do trabalho.

Após o crime, o assassino fugiu e, num primeiro momento, Nayara disse à polícia que não conhecia o suspeito.

No entanto, investigações apontaram que o atirador era o ex-marido dela, com quem teve um relacionamento por 9 anos.

Chamada novamente para depor, ela afirmou que não teria reconhecido o rapaz e não sabia as motivações do crime.

No curso do inquérito, a polícia descobriu que ele havia dormido na casa dela um dia antes do crime, o que levantou suspeitas que o crime teria sido planejado pelos dois.

Ainda segundo o relatório, Luiz Alberto havia recebido os R$ 60 mil da venda de uma casa e tinha mais dinheiro, devido a movimentações por ser agiota.

A mãe da vítima foi quem levou essa informação à polícia, contando que ele havia recebido e que o montante desapareceu após o homicídio.

Em depoimentos, funcionários do lava jato disseram ter visto Nayara com uma grande quantidade de dinheiro logo após o crime, além de contarem que o filho dela retirou a arma da vítima do local.

Conforme a polícia, investigações apontaram que a mulher sabia que o ex era ciumento e não aceitava o fim do relacionamento, tampouco o novo relacionamento dela com Luiz, e o procurou, com objetivo de que ele cometesse o crime, mas sob falsas alegações.

"Nayara da Silva instigou Joe Magnun a praticar o crime, alegando que estaria sendo ameaçada e agredida por Luiz Tirre, sem que aquele autor, contudo, tomasse conhecimento de que ela, ao fim e ao cabo, visava tomar para si o dinheiro pertencente à vítima", diz o relatório do inquérito.

Ela contou sobre o dinheiro para o filho, de outro relacionamento, que também decidiu ajudar no plano para ficar com parte do valor. O rapaz ficou encarregado de esconder o suspeito e retirar uma arma do local do crime.

Conforme a polícia, dias antes do crime, Nayara começou a espalhar que receberia uma herança, já antevendo uma justificativa para o dinheiro que iria furtar da vítima. 

Para dar mais veracidade a história, ela inventou um WhatsApp e passou a trocar conversas com uma pessoa que supostamente seria a mãe adotiva de seu ex-marido.

A polícia tentou contato pelo número dessa suposta mãe adotiva, sem sucesso, e em perícia, constatou que a foto utilizada no WhatsApp foi retirada da internet, comprovando que a conversa foi toda inventada por Nayara como forma de plantar um álibi e justificar o montante recebido de uma hora para outra.

Mesmo diante das evidências, a mulher manteve a versão de que não teve participação no crime.

Já o suspeito, Joe Magnun, foi preso no dia 28 de junho, escondido em uma chácara de familiares da ex-mulher.

Acreditando ter sido denunciado por ela, ele confessou o crime, mas afirmou não ter sido premeditado e alegou que o cometeu porque estaria sendo ameaçado pela vítima.

Conforme a polícia, no entanto, a versão não procede e, na própria delegacia, ele demonstrou "nutrir ciúme doentio" da ex, inclusive ao tentar agredir, mesmo algemado, um rapaz que seria amigo dela.

"Desse modo, as investigações levadas a efeito convergem, em suma, que Nayara arquitetou a subtração de valores que estariam em poder da vítima, sendo que para dar cabo a este intento instigou Joe Magnun, que já nutria desavença com essa vítima, a praticar o homicídio", concluiu o delegado.

Com relação a Adriano, que foi morto ao passar pelo local, o delegado afirma que Nayara e Joe assumiram o risco em ceifar a vida de outras pessoas, o que de fato ocorreu.

Eles foram indiciados homicídio qualificado mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte a defesa da vítima, roubo, porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com a lei e corrupção de menor de 18 anos.

O inquérito foi encaminhado ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.