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CAMPO GRANDE Adriane Lopes fala em equilíbrio entre 'liberdade' e adesão à vacinação infantil Em busca de apoio de Jair Bolsonaro, que não se vacinou durante a pandemia e até mesmo fraudou cartão de vacina, prefeita da Capital diz que não pode obrigar vacinação em escolas "como era no nosso tempo" 24 ABR 2024 • POR Leo Ribeiro • 11h45
Nas manifestações bolsonaristas para mostrar "posicionamento", ela vê que não teria problema aparecer ao lado de Lula em foto de agenda oficial.   Reprodução

Pré-candidata pelo Partido Progressistas (PP), a atual prefeita por Campo Grande, Adriane Lopes - que busca cada vez mais se alinhar ao bolsonarismo - defendeu hoje (24), em entrevista pela rádio CBN (parceria com o Correio do Estado, em sabatina com pré-candidatos à Prefeitura da Capital), que busca um equilíbrio entre a liberdade pessoal [de não se vacinar] e a imunização infantil. 

Diante de duas viagens para atos convocados por Jair Bolsonaro entre seus apoiadores, Adriane Lopes - que não esteve presente na Capital quando o presidente Lula veio à Campo Grande - argumentou que não pode ser fria ou morna, pois os indecisos não têm lugar. 

"Estive, sim, em duas manifestações pacíficas pelo nosso país, em SP, no último domingo, no Rio, porque temos que ter lado e posicionamento", cita. 

Questionada que na própria pandemia da Covid-19 o então presidente, Jair Bolsonaro, de quem busca se aproximar, não se vacinou contra o vírus - e até mesmo fraudou cartão de vacina, como aponta o jornalista Eduardo Miranda -, ela afirma que não pode adotar uma estratégia do passado e "vacinar crianças na escola sem autorização". 

"Diante dessa situação que se criou no pós-pandêmico, a situação que buscamos é o consenso e equilíbrio. Hoje você não pode fazer como era no nosso tempo... diante dessa nova situação tivemos que ter uma atitude diferente, e é o que buscamos, solucionar ofertando as vacinas onde não se vacinava", expõe. 

Adriane pontua que, sob sua gestão, o município de Campo Grande não aderiu apenas às campanhas comuns, citando os pedidos de autorização dos pais, enviados em cadernetas das crianças da rede municipal, como uma medida diferenciada. 

"Abrimos polos em shopping, praça pública, estimulando e colocando à disposição da população, facilitando a vida de quem transita pela cidade, trazendo para mais próximo da população esse serviço que também é uma garantia da saúde para todas as pessoas", frisa a prefeita. 

Apoios e interesses

Recebendo em Campo Grande a visita da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, em 23 de fevereiro, e viajando para ato político de Jair na Avenida Paulista (SP) dois dias depois; além de viajar no último domingo para Copacabana (RJ) com a mesma finalidade, a prefeita da Capital não estava na cidade para recepcionar Lula durante sua visita. 

"Recebi a ex-primeira dama michelle em CG porque tenho nela uma referência de mulher e de posicionamento conservador. Estamos nos posicionando e dizendo no que acreditamos... a visita de Lula foi informada à minha equipe e demais autoridades na véspera", diz. 

Ela justifica que já tinha compromisso marcado com a senadora Tereza Cristina, em visita ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na capital paulista, considerando uma "agenda importante" que já tinha sido desmarcada em data anterior. 

"Fui a São Paulo e a vinda foi avisada de última hora não só para a prefeita mas também para outras entidades. Já tínhamos um compromisso com a Senadora Tereza Cristina, uma liderança que segura na nossa mão e nos ajuda a buscar recursos para Campo Grande, trazer novas possibilidades de investimento". 

Classificando Campo Grande e Mato Grosso do Sul como "conservaores", ela confirma que está em busca do apoio do Partido Liberal (PL) para fortalecer esse conservadorismo, porém, que sua visita ao ato mais recente convocado por Jair Bolsonaro não foi para "ganhar pontos".

"Foi para me aproximar do ex-presidente e dizer que estamos em busca do apoio do PL em Campo Grande. É uma construção, vamos costurando aliados. Nossa natureza é ir em busca do que acredita e pretende", complementou. 

No gancho de uma fala discursada pelo deputado federal, Nicolas Ferreira, em que o parlamentar afirma que o País não precisa de mais projetos de lei ou emendas, mas, sim, "de homens com testosterona", ela opina não encarar a declaração como reforço a um discurso machista e misógino. 

"Acredito que seja um posicionamento no sentido de que os homens tem que ter mais pulso, mas as mulheres também. Estamos com a oportunidade de estar como a primeira mulher como prefeita eleita a assumir esse cargo. O desafio é grandioso, preconceito enfrentamos diariamente, mas estamos nos posicionando para combater esse tipo de machismo", conclui.

Ainda que os jornalistas tenham pressionado de que a agenda com Tarcísio seja a única, na relação dos compromissos oficiais site do município, a não constar as informações sobre as atividades da prefeita, ela diz que deve ser uma falha da equipe e que não teria problema, por exemplo, aparecer ao lado de Lula em agenda oficial.

"Acredito que não, ele é um presidente da República, é uma relação institucional, respeito... mas tenho meu posicionamento e tenho lado. Talvez seja uma falha não colocar no site da prefeitura, mas já estava na agenda oficial", justificou. 

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