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PRIME Irmãos traficantes queriam exportar cocaína de Motinha para a Europa Terceiro grupo investigado em operações da Polícia Federal trabalhava em meio a núcleo familiar e queria expandir negócios 22 MAI 2024 • POR Daiany Albuquerque • 09h30
Antônio Joaquim Mota, o Motinha, estava entre alvos da Operação Prime, mas segue foragido   Foto: Arquivo Pessoal

Os irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins, segundo a Polícia Federal, seriam os comandantes da terceira quadrilha envolvida com o tráfico de cocaína e que foram alvos de operações na semana passada.

Conforme a investigação, os dois teriam como fornecedor o traficante Antônio Joaquim Mota, conhecido como “Motinha”, e tinham a pretenção de expandir os negócios, com envio da droga para a Europa.

Segundo apurado pela PF, o grupo exportava cocaína da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e o  municípios do Rio Grande do Sul, porém, o objetivo já era de ampliar esses mercados.

A quadrilha foi alvo da Operação Prime, que foi deflagrama em conjunto com a Sordidum, na semana passada, porque uma dependia da outra, já que havia relações entre os líderes dos grupos criminosos.

“Os principais investigados da Operação Prime são dois irmãos, um deles, o irmão mais velho, tem empresa na cidade de Dourados, e desde que ele obteve liberdade em outra operação começou a lavar o dinheiro que estava oculto em nome de outras pessoas. E o irmão mais novo dele assumiu essa função de responsável pela logística do tráfego”, contou o delegado Lucas Vilela, coordenador das operações realizadas na semana passada.

O irmão mais novo seria Valter Ulisses Martins, que segundo aponta a Polícia Federal, era quem tinha contato com fornecedores de cocaína peruanos, bolivianos e com Motinha.

“O principal investidor da Operação Prime tinha uma chácara, uma propriedade de luxo na região de Pedro Juan Caballero, e ele vendeu a chácara para esse traficante [Motinha]. E o pagamento foi num edifício situado em Jandira (SP). Então, por conta dessa negociação, eles precisaram formalizar um contrato em que havia a menção do nome das partes. Por conta desses contratos a gente acabou confirmando a identidade dos envolvidos”, explicou o delegado.

Entre os negócios que supostamente eram usados pelos irmãos para lavar o dinheiro do tráfico está  a loja Primeira Linha Acabamentos, que foi um dos locais alvos da operação na semana passada.

Conforme apuração da PF, por meio dessas empresas, o irmão mais velho fazia a junção entre o dinheiro lícito recebido pelos empreendimentos que eles tinham, com o do tráfico de drogas.

“O terceiro grupo havia essa divisão de tarefas, o irmão mais velho ocupava a função de empresário, responsável pela lavagem, e aí ele fazia uma mescla de capitais lícitos. Ele têm empresas que funcionavam de fato, e aí ele, no ato de funcionamento dessas delas, ele inseria na contabilidade esses valores de origem ilícita, e ele utilizava esse valores para aquisição de bens”, detalhou Vilela.

A PF estima que, apenas com os dados que haviam sido apurados na investigação antes da operação, o patrimônio da quadrilha seja superior a R$ 50 milhões no Brasil e no Paraguai.

Além das empresas de fachada, o grupo, assim como os outros dois, usavam doleiros paraguaios

EUROPA

Apesar de ter uma operação para grandes regiões no Brasil, a Polícia Federal identificou que um dos próximos passos do grupo seria levar a cocaína, entre elas a fornecida por Motinha, para países europeus.

“A gente encontrou conversas do irmão mais novo, do terceiro grupo, em que ele buscava expandir o negócio. Ele falava de procurar ações de importes e fazer essa distribuição para o mercado europeu, que em tese é o que realmente dá dinheiro. Mas aparentemente essas conversas estavam em uma fase embrionária ainda”, relatou o delegado.

Entre as conversas, o delegado relata que o irmão falava em encontrar “canais de escoamento” para a droga, para que ela pudesse chegar até a Europa.

OPERAÇÃO ENIGMA

Os irmãos já haviam sido investigados em outra oportunidade, mas pela Polícia Federal do Paraná. Em 2017 eles foram alvos da Operação Enigma, que mirou organização criminosa suspeita de enviar cerca de 200 quilos de crack e cocaína do Paraguai para Curitiba (PR) mensalmente. 

Por conta desta ação, Marcel chegou a ficar preso e foi condenado a 8 anos e 7 meses de reclusão por lavagem de dinheiro e 15 anos, 11 meses e 10 dias pelo crime de tráfico internacional de intorpecentes.

Ao longo das investigações que motivaram a operação de 2017, foram aprendidos cerca de 400 quilos de droga. Ao todo, 28 pessoas foram presas pela ação da PF do Paraná.

Além de Mato Grosso do Sul e cidades doe Paraná, foram cumpridos mandados em Santa Catarina e São Paulo. 

Foi após essa prisão que Marcel teria tomado a postura de empresário, e deixado a logística do tráfico de drogas para o irmão.

A operação da semana pasada, Marcel foi novamente preso, entretanto, Valter Ulisses não foi encontrado, segundo a PF ele estava em Pedro Juan Caballero e teria conseguido fugir.

MOTINHA

Em junho do ano passado, Antônio Joaquim Mota, conhecido como Motinha, foi alvo da Operação Magnus Dominus (Todo Poderoso, em latim), referência a outro apelido do líder do grupo criminoso, que se autointitula “Dom”, uma referência a Dom Corleone, do filme “O Poderoso Chefão”.

Motinha deveria ter sido preso naquela oportunidade, porém, a Polícia Federal, que realizou a ação em parceria com a polícia paraguaia, acredita que houve vazamento de informações sobre a ação e o megatraficante fugiu de helicóptero de sua fazenda no lado paraguaio.

A organização que já atuou no contrabando de cigarros, aparelhos eletrônicos e agora se especializou no tráfico internacional de drogas. A PF constatou que o grupo possui grande poder bélico, com coletes balísticos, drones, óculos de visão noturna, granadas e armamento de grosso calibre.

Na operação desta semana, Motinha estava entre os alvos, porém, o mandado não foi cumprido porque não se sabe a localização do traficante.

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