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Mato Grosso do Sul Seca histórica: Queimadas no Pantanal superaram em 39% o pior índice registrado Mesmo fora de época, as queimadas neste ano superaram as de 2021; em cinco meses, 332 mil hectares foram devastados pelo fogo 11 JUN 2024 • POR Laura Brasil • 17h00
Os incêndios florestais aumentaram mais de 1000% em comparação ao mesmo período, em 2023   Divulgação

O Pantanal enfrenta uma das piores secas registradas no bioma, cenário favorável, para queimadas no bioma, que ultrapassou mais de 1000%. É o que diz a análise do SOS Pantanal. Enquanto o fogo tem terreno livre e corre a ritmo de maratona, o combate caminha a passos lentos. 

Segundo a nota técnica do SOS Pantanal, divulgada nesta terça-feira (11), os incêndios florestais aumentaram mais de 1000% em comparação ao mesmo período, em 2023. O estudo aponta que às chuvas abaixo do esperado, atingiram especificamente a região noroeste do Estado, especificamente, o Pantanal sul-mato-grossense, o mesmo cenário é observado no Mato Grosso (MT). 

Somente no primeiro trimestre de 2024, as queimadas do Pantanal ultrapassaram as médias registradas entre 2012 e 2022, apontam dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

E ainda não estamos no período em que costumeiramente costumam acontecer ocorrências de incêndios. O LASA, indicou que os primeiros meses de 2024, superaram em 39%, no mesmo período de 2020, considerado o pior da série histórica.

A seca reflete diretamente nos recursos hídricos, indicando grave escassez da região hidrográfica do Rio Paraguai, o que acaba colocando em situação risco para quem depende do uso da água.

Ou seja, pode atingir o abastecimento de água para consumo humano, a navegação, inclusive a geração hidrelétrica. Outro ponto diretamente afetados são as atividades econômicas da região como pesca e o turismo. 

No quesito econômico, a baixa hidrográfica, em 2023, afetou cerca de sete milhões de toneladas de minérios e soja que foram  despachados dos portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho.

Seca extrema

Conforme a medicação da régua de Ladário, que monitora as cheias do Rio Paraguai desde 1900, em maio deste ano, o Correio do Estado, acompanhou a "menor cheia" registrada na história, um indicativo que o rio pode atingir o nível mais baixo desde que iniciaram as análises

SOS Pantanal

"Os níveis dos rios atingiram ou estão próximos dos mínimos históricos, indicando a urgência de medidas adaptativas", diz a nota técnica.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a previsão para junho e agosto de 2024, apontam para precipitações abaixo da média na bacia hidrográfica do Rio Paraguai. 

Combustível natural

Um dos fatores que contribuíram para as queimadas de 2020, que foram superadas em 2024, justamente está na baixa precipitação de chuvas, o que acarreta altas taxas de evaporação, e contribui para aumentar a seca no solo, assim como a vegetação, tornando a área um verdadeiro "combustível".

"Em paralelo, a dessecação do solo também desempenhou um papel fundamental no aumento da concorrência de condições extremamente quentes por meio do estabelecimento de um regime limitado de água e um aumento no fluxo de calor sensível entre a superfície e a atmosfera, aumentando os limiares de inflamabilidade".

Recomendações 

Com isso, o SOS Pantanal traçou recomendações para órgãos públicos tanto de Mato Grosso (MT) como de Mato Grosso do Sul, em uma tentativa de mitigar o fogo.

Ao que tudo indica, o ano de 2024, pode ser o pior para o bioma devido a seca e falta de qualquer previsão de chuvas expressivas na região.

Imasul - MS

Ao IBAMA

Focos das queimadas

Focos de queimadas no Pantanal sul-mato-grossense

Efetivo

** Colaborou Neri Kaspary e Leo Ribeiro

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