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CORUMBÁ Alvo da PF, secretário garante R$ 25 milhões a "Patrola" no dia da demissão Exoneração foi oficializada na segunda-feira (8), mas vale só a partir desta terça-feira. Com isso, ele conseguiu homologar contratos que superam os R$ 25 mihões 9 JUL 2024 • POR Neri Kaspary • 11h29
Na semana passada, agentes da PF fizeram uma devassa na secretaria de obras por suspeita um esquema de corrupção envolvendo o titular da pasta  

Horas antes de deixar o cargo por ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal por suposto esquema de corrupção na prefeitura de Corumbá, o secretário de obras da Cidade Branca, Ricardo Campos Ametlla, assinou três contratos que juntos somam R$ 25,34 milhões com o empreiteiro André Luiz dos Santos, o "André Patrola". Este, por sua vez, foi alvo de investigação do Gaeco em junho do ano passado por suposto esquema de corrupção em Campo Grande. 

A operação da PF em Corumbá aconteceu na quarta-feira da semana passada (3). No dia seguinte, Ricardo Ametlla assinou contrato no valor de R$ 4,423 milhões com André Patrola para manutenção de estradas sem asfalto nos assentamentos Jacadigo, São Gabriel e Taquaral. A publicação do extrato do contrato saiu no diário oficial do Governo do Estado desta terça-feira (9). O contrato, conforme a publicação, vale por 14 meses.

Por causa da investigação da Polícia Federal,  Ricardo Ametlla foi exonerado e a partir desta terça-feira (9) não ocupa mais o cargo. E o próprio texto do diário oficial deixou claro o motivo da demissão: "não se criar nenhum impedimento à investigação em andamento". 

Esta investigação apontou que ele é o real proprietário de empresas que firmaram contratos e faturaram  R$ 17 milhões em três anos com a própria secretaria de obras, da qual era o titular.

A exoneração foi publica na segunda-feira (8), mas com uma importante ressalva: “esta portaria entra em vigor com sua publicação, com efeitos a contar de 09 de julho de 2024”, diz o texto do diário oficial assinado pelo prefeito Marcelo Iunes (PSDB).

Com esta ressalva, o secretário teve tempo suficiente para homologar dois outros contratos multimilionários com André Patrola, que juntos chegam a quase R$ 21 milhões 

O primeiro destina R$ 15,783 milhões por ano para manutenção de vias não pavimentadas dos assentamentos rurais e do distrito de Albuquerque, lembrando que acesso a este distrito foi asfaltado recentemente. Por conta disso, ele fica livre da manutenção de cerca de seis quilômetros da principal estrada da região.

Na segunda homologação publicada horas antes de o secretário deixar oficialmente o cargo, o empreiteiro André Patrola garante o direito para faturar mais R$ 5,134 milhões por ano para aluguel de máquinas pesadas e equipamentos para a prefeitura de Corumbá. O resultado da licitação para esse contrato foi publicado no último dia 26 de junho, mas somente a assinatura do secretário e do empreiteiro efetivou o acordo. . 

CASCALHOS DE AREIA

Em junho do ano passado, André Luiz dos Santos foi o principal alvo da operação Cascalhos de Areia, coordenada pelo Ministério Público por suspeita de um megaesquema de corrupção da prefeitura de Campo Grande em contratos superiores a R$ 300 milhões. Todos são relativos a arrendamento de máquinas e manutenção de ruas sem asfalto. 

Conforme as denúncias que chegaram ao MPE à época, André Patrola utilizava laranjas para vencer licitações e recebia por serviços que jamais eram realizados. Até agora, porém, esta investigação não evoluiu e tanto ele quanto os outros envolvidos na investigação continuam vencendo licitações e firmando contratos com a prefeitura da Capital, o Governo do Estado e com prefeituras do interior, como é o caso de Corumbá. 

LARANJA

Conforme a investigação da semana passada, Ricardo Ametlla é o proprietário real da empresa Agility Serviços Integrados, criada há três anos em Ladário.  Ela foi aberta no município vizinho, mas desde o começo ela passou a ganhar licitações  em Corumbá. No papel, a Agility, tem como dono Carlos Cesar Paz Gomes.

O prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes tinha antecipado que demitiria o secretário caso as suspeitas da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União fossem confirmadas, mas a demissão acabou acontecendo antes do encerramento