Logo Correio do Estado

"QUÍMICA DO MAL"

Estagiária em enfermagem, golpista é especialista em 'boa noite Cinderela'

Grupo criminoso que vitimou, pelo menos, três homens em Campo Grande, fechava quadrilha de crimes com oficina para lavagem de dinheiro; mulheres estão foragidas

12 JUL 2024 • POR Leo Ribeiro • 12h34
Derf destaca que a "mãe" inclusive está em liberdade condicional e quadrilha pode pegar 18 anos de detenção.    Marcelo Victor/Correio do Estado/e Reprodução/PCMS

Informações repassadas pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf/MS), mostram que o grupo criminoso que age através do chamado "boa noite, Cinderela" tem perícia para a prática já que - além de fecharem a cadeia de crimes com uma oficina para lavagem de dinheiro -, uma das foragidas cursa e fez estágio na área de técnica de enfermagem. 

Durante coletiva na delegacia na manhã desta sexta-feira (12), o delegado Jackson Vale confirmou que, ainda que a atuação na área não esteja comprovada, a jovem de cerca de 26 anos cursa e fez estágio como técnica de enfermagem.

Conforme o delegado, através dessa área de atuação há a possibilidade do acesso facilitado a essa "medicações que trariam uma hipnose às vítimas". 

Até então, a polícia aponta o envolvimento de quatro pessoas, sendo que todos devem responder por três roubos majorados; associação criminosa e a lavagem de dinheiro. 

Cabe apontar que para o "boa noite, Cinderela", há substâncias que juntamente com álcool formam uma droga de potencial hipnótico e, ainda que não há comprovação toxicológica, já que todas as vítimas até então apontam para essa "amnésia" sobre os ocorridos, é que se levanta hipótese dessa prática de crime. 

Relembre

Sendo filha e mãe, Edilene Cristine e Eliane Ajala foram identificadas por três vítimas até então, abordadas pelas criminosas por meados de abril no intervalo de cerca de 10 dias, sendo os locais dos crimes em regiões distintas da Capital: 

Saída de show da ExpoGrande Um baile Saída de um bar 

Conforme o delegado, a acusada mais velha abordava a vítima e dizia que a filha estava interessada, sendo que ambas foram flagradas por circuito de vigilância enquanto compravam roupas no pix com dinheiro de vítimas. 

A associação criminosa prevê até três anos de prisão; o roubo majorado estipula entre quatro a 10 anos de encarceramento, uma vez que o concurso de pessoas e lavagem de dinheiro também são considerados majorante ao crime, e sendo que a incapacitação por droga, sem previsão legal, é considerada violência. 

Com isso, se tratando especificamente de penas máximas, as punições previstas para os quatro envolvidos identificados na quadrilha, até então, podem chegar a 18 anos de detenção. 

Crimes em família

Como bem abordado pela polícia, com o crime investigado desde abril, quando inclusive um dos envolvidos no esquema chegou a ser preso, as mulheres são consideradas foragidas, pois a Delegacia aponta que é notável o desinteresse das acusadas de se entregarem às autoridades. 

"Porque já recebemos a visita inclusive de advogados delas e, em breve, acreditamos que vamos conseguir prendê-las", afirma Jackson Vale. 

No caminho do dinheiro foi constatada que a quadrilha era especializada, de fato, já que as ações criminosas aconteciam com o mesmo modus operandi, e o mesmo grupo abrange todas as etapas do crime, desde a persuasão, roubo até a lavagem dos valores subtraídos.  

Durante a coletiva foi apontado que a mulher mais jovem é filha da outra acusada, que tem cerca de 50 anos, sendo que ambas foram identificadas por todas as três vítimas até então. 

A Derf destaca que a "mãe" inclusive está em liberdade condicional, sendo que acumula passagem por roubo, enquanto a filha assina crimes contra o patrimônio. 

Porém, os interrogatórios feitos após a prisão dos indivíduos mostram que os laços não param por aí e que a ligação entre os quatro não é apenas criminosa, já que um dos presos confirmou que era namorado da mulher mais velha. 

Também, esses indivíduos acusados estão ligados também por crimes anteriores, com ambos presos por roubo na cidade de Terenos no começo desse ano. 

Inclusive, o delegado Jackson Vale destaca que há ocorrências em que as vítimas, muitas das vezes homens de meia-idade casados, buscam "mascarar" os ocorridos, porém, cita que o "boa noite, Cinderela" não se trata de um golpe comum em Mato Grosso do Sul.
**(Colaborou Laura Brasil)

Assine o Correio do Estado