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Operação Tekoha 4

Governo Federal envia agentes da Força Nacional para proteger povos indígenas de MS

O Ministério dos Povos Indígenas solicitou a presença dos agentes depois de conflitos no final de semana, durante retomada, em que indígenas foram espancados e feridos a bala

16 JUL 2024 • POR Laura Brasil • 17h15
Indígenas gravaram vídeos dos disparos de arma de fogo; dois ficaram feridos   Divulgação Redes Sociais

Após ataques em territórios reivindicados por povos originários em dois municípios de Mato Grosso do Sul, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), entrou em cena para tentar diminuir a tensão dos conflitos fundiários, tendo sido solicitado apoio da Força Nacional. 

Desde o início de julho a ministra Sonia Guajajara solicitou por meio de ofício junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a publicação de portaria que autorizasse o empenho de militares da Força Nacional de Segurança Pública na região em que aconteceu o ataque. 

Com o nome de "Operação Tekoha 4" equipes serão enviadas para  mediar e resguardar a integridade física do povo Guarani Kaiowá.

Com relação aos indígenas que precisaram de atendimento hospitalar a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), por meio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Mato Grosso do Sul, colocou uma equipe para realizar o acompanhamento e monitoramento de perto da situação. 

Além do Estado os ataques ocorreram quase que simultâneamente no Paraná e no Rio Grande do Sul.

Conforme noticiado no Correio do Estado, em solo sul-mato-grossense pelo menos cinco territórios (tekoha) dos povos Guarani Kaiowá,  foram alvos, segundo denúncia da Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, Aty Guasu sendo eles:

Guyra Kambiy,  Potero,  Arroio Cora,  Laranjeira e  Kunumi. Tensão

Em um dos "cercos" um indígena da etnia Guarani Kaiowá terminou baleado, o ataque ocorreu na  Lagoa Rica/Panambi, localizada no município de Douradina. 

O MPI, juntamente com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) estão trabalhando em estratégias para diminuir a tensão e enviaram equipes para Mato Grosso do Sul e no Paraná - para o povo Avá Guarani. 

Cabe ressaltar que os locais em que ocorreram ações de reivindicação passaram por estudos antropológicos que concluíram tratar-se de territórios dos povos originários, entretanto, a Funai está analisando se a tese do marco temporal pode ser aplicada. 

O "cerco" ocorreu na tarde do último sábado (13), assim que um grupo de 10 indígenas do povo Guarani Kaiowá, iniciou a retomada do território na Lagoa Rica/Panambi. O levantamento feito pelo Ministério dos Povos Originários indicou que o grupo ficou sitiado por cerca de 50 homens armados. 

Dado momento um fazendeiro acompanhado por outro homem, abaixou o vidro da janela da caminhonete em que estava e efetuou diversos disparos. No domingo (14), em outra retomada indígenas foram atacados a tiros em Caarapó. 

Informações preliminares levantadas pelo Ministério dos Povos Indígenas, indicam que duas pessoas ficaram feridas, sendo um deles, o cacique, de 52 anos.

Além disso, uma liderança religiosa sofreu agressões e teve braços e pernas feridos, outros indígenas também se feriram no episódio. 

Terra indígena

Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), desde 2211, a Terra Indígena (TI) Panambi-Lagoa Rica, em Douradina, consta como delimitada. No entanto, três ações judiciais não deixam que a demarcação avance.

Com relação ao TI  de Amambaipegua I, em Caarapó, a delimitação ocorreu em 2016, mas o órgão segue debruçado em contestações que "travam" o andamento do processo de demarcação.

** Colaborou Judson Marinho e  Leo Ribeiro

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