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Fronteira com MS

Familiares do deputado morto pedem ao presidente que explique operação policial

O parlamentar, que teria suposta ligação com o narcotraficante Jarvis Gimenes Pavão, tinha imunidade parlamentar e, segundo o advogado de defesa, a operação policial realizada em Pedro Juan Caballero na manhã de hoje (19) foi ilegal.

19 AGO 2024 • POR João Gabriel Vilalba • 15h30
  Montagem/ ABC Color

Familiares do deputado Eulálio Gomes Batista, de 67 anos, morto em confronto policial na manhã de hoje (19), cobram explicações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, sobre a operação policial que resultou na morte do parlamentar.

Conhecido na fronteira como Lalo Gomes, o deputado foi morto durante uma troca de tiros com policiais que foram até sua residência para cumprir um mandado no âmbito da Operação Pavo Real II.

Durante uma troca de tiros, o deputado ficou ferido e precisou ser encaminhado ao hospital, onde faleceu.

O filho de Lalo Gomes, Alexandre Rodrigues Gomes, que também morava na residência, conseguiu fugir da abordagem policial, mas se entregou à Polícia Nacional no Departamento de Amambay.

Segundo o advogado de defesa, Oscar Tuma, a operação policial é irregular devido à imunidade do parlamentar.

"O mataram na cama. Os familiares me asseguram que estava na cama com sua senhora. Entraram, arrombaram a porta e o acertaram com três tiros", relatou ao ABC Color. 

Investigações 

Segundo informações do Ministério Público do Paraguai, o deputado Eulálio Gomes estava sendo investigado por lavagem de dinheiro e envolvimento com o tráfico de drogas. O mandato de busca e apreensão foi assinado pela Justiça do Paraguai na tarde de ontem (18). 

Conforme informações do Ministério Público paraguaio, o procedimento é questionado porque, independentemente do processo, o parlamentar tem imunidade devido o seu cargo na política. Ou seja, ele só poderia ser detido após um procedimento parlamentar e a retirada de seus privilégios. 

Em resposta à ação policial, o Ministério Público afirmou que, na realidade, procurou na casa de Lalo Gomes o seu filho, Alexandre Rodrigues Gomes, também investigado pelo mesmo crime e que não possui qualquer imunidade.

Ainda segundo a Justiça paraguaia, ao chegar no imóvel, os agentes foram recebidos a tiros.

Segundo a imprensa brasileira, já havia alertado a Justiça paraguaia sobre o envolvimento de Lalo Gomes com o narcotraficante Jarvis Chimenes Pavão.

"Ele queria ocupar o lugar que Rafaat ocupou na fronteira Paraguai-Brasil e preparava seu filho para ocupar o maior lugar político do Departamento de Amambay, especificamente para ser prefeito de Pedro Juan Caballero", revelou o investigador da Polícia Nacional, Juan Martens à imprensa paraguaia. 

Divulgação/ ABC Color 

Próximo Rei da Fronteira? 

Segundo investigações da Justiça paraguaia, o deputado Lalo Gomes é ex-colaborador de Jarvis Gimenes Pavão.

De acordo com a polícia paraguaia, Lalo prestou assistência econômica ao grupo do qual Jarvis Pavão faz parte, quando a estrutura da organização criminosa ficou fragilizada pelos processos enfrentados por seus membros. 

Por causa desse alinhamento, o deputado e seu filho adquiriram em 2020 a Fazenda Negla Poty, de propriedade de Jarvis Pavão, localizada em Bella Vista Norte, no Departamento de Amambay.

Pai e filho também foram utilizados da experiência no setor de pecuária e atividades conectadas para movimentar fundos do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas dentro do sistema financeiro.

Divulgação/ ABC Color 

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