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MATO GROSSO DO SUL "Perseguidor de médicas" é preso após deixar bilhete ameaçador De acordo com informações da Polícia Civil, o homem não identificado tinha comportamento violento e agressivo com as profissionais do hospital há um mês 25 OUT 2024 • POR Felipe Machado • 11h30
Homem foi preso na manhã desta sexta-feira (25) e já deixou bilhete inusitado para médica   Foto: Divulgação/PC

Um jovem de 20 anos, com nome não divulgado, foi preso na manhã desta sexta-feira (25) pela Polícia Civil, através da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), por perseguir e ameaçar médicas do Hospital Sociedade Integrada de Assistência Social (SIAS), em Fátima do Sul.

Segundo a investigação, o homem costumava persegui-las há um mês, acompanhado de um comportamento agressivo e violento. Em uma de suas ações recentes, o rapaz invadiu o hospital, exigindo uma receita médica de qualquer remédio, pegou uma profissional da saúde e a trancou em uma das salas de atendimento, mas o caso só não piorou pois testemunhas viram e começaram a bater na porta. 

Felizmente, a moça conseguiu sair da situação de risco, mas saiu abalada e impactada com o caso, também influenciada por ataques recentes do rapaz no hospital. Ainda nesta semana, uma outra médica começou a ser perseguida pelo suspeito.

Ele chegava na recepção e demonstrava insistência em encontrar-se com a mulher, mas sem justificativa específica. Em outro dia, ele chegou a danificar o laboratório vizinho do hospital por achar que a médica estaria lá.

Ao não conseguir encontrá-la, o rapaz deixou um bilhete "assustador" para médica, com um desenho de fantasma e também um fluxograma (uma ilustração que explica um processo por meio visuais), com o número da médica no Conselho Regional de Medicina (CRM) e nome dela (foto na capa).

Diante disso, a equipe da DAM Fátima do Sul, em parceria com o 14º Batalhão de Polícia Militar, realizou a prisão preventiva do autor, justamente pelo perigo causado às vítimas diante de sua liberdade. A investigação continua para apuração dos fatos e, caso haja, identificação de outras vítimas. O jovem segue preso e à disposição da Justiça.

Médicos violentados em MS

Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que a cada três horas, um médico é vítima de violência no Brasil. A pesquisa mostra ainda que Mato Grosso do Sul está entre os 10 estados com maior índice de violência contra médicos.

Para o levantamento, foi utilizado como base a quantidade de boletins de ocorrência (BOs) registrados entre os anos de 2013 e 2024 nas delegacias de Polícia Civil dos 26 estados e do Distrito Federal.

Nos últimos 12 anos, foram contabilizados 38 mil B.O.s em que médicos foram vítimas de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação, entre outros crimes, dentro de unidades de saúde, hospitais, consultórios, clínicas, prontos-socorros, laboratórios e outros espaços semelhantes. Cerca de 47% dos registros foram contra mulheres. 

Em Mato Grosso do Sul, foram registrados 995 boletins de ocorrência no período, e o estado ocupa 9ª posição do ranking. Vale analisar que o ranking é baseado no número bruto de casos, e não na quantidade de casos por número de habitantes.

Segundo o CFM, a distribuição de ocorrências entre capital (sem considerar região metropolitana) e interior mostra que 66% dos casos ocorreram no interior. De acordo com os dados levantados pelo CFM, os autores dos atos violentos são, em grande parte, pacientes, familiares dos atendidos e desconhecidos. Há ainda casos minoritários de ameaça, injúria e até lesão corporal cometidos por colegas de trabalho, incluindo enfermeiros, técnicos, servidores e outros profissionais da saúde.

Os dados revelam ainda que a situação fica cada vez mais fora de controle, uma vez que o volume de queixas vem aumentando ano após ano. O recorde foi batido em 2023, mas o CFM ressalta que os dados completos de 2024 só serão totalmente conhecidos ano que vem.

Pena

Segundo o artigo 147-A ao Decreto-Lei n° 2.848 do Código Penal, é crime "perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade", sob reclusão de seis meses a dois anos, além de multa.

A pena é aumentada nos caso de:

*Colaborou Alanis Netto

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